Hernani Victor Guedes: 97 anos de paixão musical – Por Fernando Canto

Por Fernando Canto

Hoje uma das maiores personalidades musicais do Amapá completa 97 anos de existência. O ilustre cidadão Hernani Victor Guedes carrega no peso da idade avançada o leve fardo de um legado musical que se espalhou pelos quatro cantos desta imensa plateia que é o Amapá, terra que escolheu para viver desde o início do Território Federal.

Há quatro anos, a convite falei sobre sua vida musical e outros aspectos biográficos na sua casa. Foi algo terno e verdadeiro, que contou com a presença de outros depoentes como seu irmão Luiz Guedes, o cunhado Adamor Oliveira e músicos que fizeram parte de do conjunto Os Mocambos, que ele criou e liderou por muitos anos, nos quais diversos músicos o integraram, como o Joãozinho Batera, o Paulo Bezerra e eu.

Espero que o filme-documentário fique logo pronto para que possamos nos deleitar com as histórias contadas por todos, inclusive por seus filhos, meus amigos de longa data, pois a minha grande lembrança do seu Hernani é vê-lo tocando seu violino e comandando os músicos no prefixo musical “Sinfonia Nº 40 em Sol Menor de Mozart”, com arranjos super-contemporâneos que fazia ao misturar música erudita com ritmos brasileiros.

*Texto do ano passado adaptado e republicado.

Nota de Pesar da Secult/AP

Ivo Cannuty – Foto: arquivo Secult

Foi com muita tristeza e pesar que nós, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), recebemos nesta segunda-feira (12), a notícia do falecimento do cantor, compositor, jornalista, radialista, produtor artístico e bacharel em Direito, Ivo Cannuty de Souza Xavier, aos 53 anos. Ele foi vítima de Covid-19 e lutava pela vida desde 24 de março, quando foi hospitalizado.

Ivo Cannuty iniciou sua carreira como cantor em 1986; foi crooner das bandas: Santana (Sitio do Abdon – Santana), The Tramp’s, Banda Hum, Banda Impactu’s, Banda Placa, Banda KN9 (Kzan Nery); participou de vários festivais de musica popular amapaense e estudantis. Em 1999 foi sagrado campeão da III edição do Festival de Musica Amapaense com a canção “Vento Norte”.

Foto: arquivo Secult

Em 1993 lançou seu primeiro LP solo, denominado Swing Brasileiro: em 1996 gravou seus 03 sambas de enredo de sua autoria no CD da Liga das escolas de Samba do Amapá – LIESA, onde por 08 vezes sagrou-se campeão do Festival de Samba de Enredo representando o G.R.A.C.S Escola de Samba Unidos do Buritizal que defendeu como interprete durante 20 anos, também nos anos 90 foi compositor e interprete de escolas como : Embaixada de Samba Cidade de Macapá, Piratas da Batucada e Piratas Estilizados; foi produtor artístico dos CD’s da LIESA por 07 edições além dos DVD’s “Mesa de Bar” e “30 Anos de Carreira”.

Foto: Diário do Amapá.

Ele também comandou, por muitos anos, o programa “Ensaio Geral”, na rádio Diário 90,9FM. A contribuição de Ivo Cannuty para a cultura do Amapá é incalculável. Ele é uma das maiores referências da música no Estado e sua história que se confunde com a própria história cultural amapaense. Seremos sempre gratos a este artista e amigo.

Nesse momento de tristeza, nos solidarizamos com amigos e familiares de Ivo Cannuty . Agradecemos por sua contribuição à sociedade amapaense. Que ele siga em paz.

Evandro Milhomen
Secretário de Estado da Cultura

Rasga: curta-metragem amapaense concorre no 5º Festival Petit Pavé

Equipe do Curta. Foto: divulgação.

Por Leno Serra Callins

Neste ano de 2021, o Festival de Cinema Independente de Curitiba “Petit Pavé” retornou com a sua quinta edição, em caráter inteiramente online, e, entre os filmes das “Mostras Paralelas”, há um curta-metragem de um grupo amapaense – o qual também está concorrendo ao Prêmio de Melhor Filme do Júri Popular: “Rasga”.

SOBRE O FESTIVAL

De acordo com as informações contidas no próprio site do festival:

“O Petit Pavé nasceu em 2015 como uma pequena mostra de filmes de curta-metragem independentes produzidos em Curitiba. O nome “Petit Pavé” vem do apelido dado às pedras portuguesas utilizadas na pavimentação de calçados nos anos 30 e 40, na região central de Curitiba, que comumente retratavam o pinhão, a semente de Araucária, árvore nativa do Estado do Paraná.

A partir da 2ª edição do Festival Petit Pavé, adotou-se um modelo de abertura de inscrições para receber filmes de curta-metragem produzidos por todo o Brasil, o que garantiu obras com pluralidade de ideias e linguagens, marca tão presente no cinema brasileiro. O Festival entende que sua programação deve sempre instigar e ao mesmo tempo dialogar com os espectadores, visto que a acessibilidade ao cinema, sobretudo o cinema de curta-metragem, deve transcender o público composto pelos realizadores e entusiastas do cinema independente.

Em 2021, o festival retorna com sua 5ª edição, que ocorrerá online por conta da pandemia de Covid-19. O 5º Petit Pavé ocorrerá entre 05 e 11 de abril de 2021.”

No caso, no momento da publicação deste artigo, o festival está em andamento e conta com uma “programação de Mostra Competitiva” e 11 (onze) “Mostras Paralelas”, dentre as quais, a “Mostra Experimental”, que conta com 25 (vinte e cinco) filmes de curta-metragem, incluindo o amapaense “Rasga”.

RASGA

O curta-metragem “Rasga” mostra Madison, que viajou para a fazenda de seu avô, sendo saudado pela materialização dos seus traumas. Com uma duração de 16 minutos e 35 segundos, o filme foi escrito e dirigido por Elielson Junior. Quem é ele?

Elielson Junior é produtor, diretor, roteirista, escritor e um dos criadores do Beco Teatral. Estudante de Cinema e Audiovisual pela Universidade Veiga de Almeida no Rio de Janeiro, publicou seu primeiro livro, “A anfitriã”, em 2014, aos 18 anos e, no mesmo ano, participou da Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Além disso, já integrou a antologia de contos “Círculo do Medo”, com o texto “Os Medos de Christian” e publicou o seu segundo livro, “Aquele que te vigia ao anoitecer” em 2018.

Em 2016, Elielson ajudou a criar o “Beco Teatral”, companhia em que atua como produtor, diretor e roteirista, além de trabalhar na iluminação e sonorização dos espetáculos e ser o responsável pelas suas artes gráficas.

Quanto à companhia “Beco Teatral”, como dito anteriormente, ela surgiu em 2016, possuindo o Elielson como um dos seus fundadores e a finalidade de levar espetáculos de temática jovem e de cultura pop para o público amapaense, bem como fomentar a cultura no Estado. O seu primeiro espetáculo foi uma versão parodiada com regionalismos da peça “Harry Potter e a criança amaldiçoada”. Desde então, o grupo já trabalhou versões de “Percy Jackson” e prepara um musical e uma peça original inspirada no livro amapaense “A anfitriã”.

E o “Beco Teatral” é a companhia que apresenta o filme, com atuações de Henrique Reis, Lorrana Brito, Eva Gemaque e Iuri Laudrup. A preparação de elenco ficou por conta de Daniela Aires e Iuri Laudrup, este último também cuidando da Direção de Arte e sendo produtor juntamente com Elielson Junior. A fotografia ficou a cargo de Lorrana Brito e Elielson Junior, este último também sendo o produtor executivo.

O curta-metragem “Rasga” está disponível no site do festival, que você pode acessar no link a seguir:

Assistir ao filme “RASGA”

Além disso, como já informado, o filme concorre ao Prêmio de Melhor Filme do Júri Popular. Para votar, basta em ir na aba “Votação Júri Popular”.

Fonte: Éramos Gatos Astronautas.

Festival Imagem-Movimento: Inscrições para “Mostra Despintada” encerram dia 11 de abril

Objetivo da mostra é incentivar a produção audiovisual entre alunos da rede pública de ensino.

Estudantes do ensino médio da rede pública do estado que desejam inscrever seus filmes na XVII edição do Festival Imagem-Movimento têm até o dia 11 de abril, domingo, para efetuar a inscrição.

A coordenação do festival informa que não é preciso pagar taxa de inscrição e que os filmes podem ser de qualquer gênero, ficção, documentário, videoclipe, o importante é participar.

Para inscrever o filme, os/as realizadores/as devem preencher o formulário online , conforme as instruções do Regulamento.

Estudantes menores de idade precisam enviar também a autorização de pais ou responsáveis, para que possam concorrer na mostra estudantil.

Ressaltando que a Mostra Despintada é uma mostra competitiva e que o melhor filme desta edição ganha R$ 1.500 (mil e quinhentos) em incentivo financeiro.

O objetivo da mostra voltada a realizadores estudantis é de incentivar a produção audiovisual independente por parte dos alunos.

Serviço:

XVII Festival Imagem-Movimento
Período de Inscrições
Mostra Despintada: até 11 de abril
Inscrições: festivalfim.blogspot.com
Ver Regulamento
Ver Formulário online
Mais informações:  festivalfim.blogspot.com e redes sociais do FIM.

Lívia Almeida – Jornalista e assessora de comunicação do FIM.

RAP NACIONAL: DJ Cia lança single “NÃO ESPERE PERFEIÇÃO”, com participação de Cynthia Luz e NP Vocal, na sexta-feira (9)

A estreia é uma produção do selo Beatloko, que já liberou a pre-save para os fãs nas principais plataformas.

A avalanche de assinaturas de internautas nos canais de streaming, desde o início da semana, revela o tamanho do entusiasmo de quem terá de aguardar até as 16h desta sexta-feira (9) para conhecer a mais recente produção do Dj Cia, com participação de Cynthia Luz e NP Vocal. O trabalho marca uma nova fase da carreira do artista, que assina a produção musical, mixagem e masterização da obra, um verdadeiro desafio em meio à pandemia.

O Dj, que já produziu grandes artistas no cenário nacional, como Racionais Mcs, Caetano Veloso, Negra li, Charlie Brown Jr, Elza Soares, RZO, Sabotage, Seu Jorge, Ana Carolina, entre outros, aposta num som intuitivo e lança olhar aos novos nome da cena do rap e hip hop nacional e internacional. A temática do single explora diferenças entre um casal, com mensagem sobre projeções, expectativas e realidade na relação de afeto. A narrativa rendeu um videoclipe de produção primorosa, cuja ficha técnica é assinada pela direção de Pretto Nascimento, e fotografia de Caio Nigro e Padu Palmério.

Spoiler: o clipe tem a participação especial da atriz Eduarda Benevides, que interpreta a parceira do DJ Cia, além de MC IG, DJ Puff e Malcolm VL.

PARA ACOMPANHAR O LANÇAMENTO, FAÇA O PRE-SAVE DE “NÃO ESPERE A PERFEIÇÃO” NO LINK: https://backl.ink/145688568

Ascom Crível
96 98112-2088
[email protected]

Exposição on-line leva visitante a ‘passeio’ por diferentes tipos de arquiteturas em Macapá

A exposição pode ser acessada pela internet até 10 de abril – Foto: Divulgação

Por Victor Vidigal

Misturando fotografias e áudios, a exposição on-line “Arquiteturas de Macapá: entre o monumento e o cotidiano” faz um passeio por entre prédios, casas e construções históricas do Amapá, revelando diferentes tipos de arquiteturas presentes pelas ruas da capital.

O projeto foi apoiado pela Lei Aldir Blanc. A exposição pode ser acessada pela internet até 10 de abril e traz um mapa virtual indicando as localizações de arquiteturas neocoloniais, neoclássicas, art decó e modernistas.

O estilo neocolonial pode ser visto, por exemplo, no Mercado Central. Já o estádio Glicério Marques tem na fachada características da art decó. E as formas modernistas estão presentes numa das construções mais antigas de Macapá, o Colégio Amapaense.

Curadora da exposição, Luana Rocha disse que a intenção foi mostrar tanto a arquitetural monumental, em lugares como a Fortaleza de São José, quanto a cotidiana, que é de menor poder, não projetada por arquiteto e muitas vezes desconhecida pela população.

Nós quisemos mostrar que ambas as arquiteturas possuem sua relevância histórica e cultural para a cidade de Macapá. Além disso, mostrar a apropriação cotidiana desses locais a partir das vivência, das fotos e dos relatos que estão no mapa“, explicou a mestre em arquitetura e urbanismo.

As fotos são do estudante de arquitetura, Luan Colares, de 21 anos, que explicou a escolha pela mescla de imagem e áudio como uma saída para o isolamento social provocado pela pandemia.

Foi uma tentativa de fazer a pessoa se sentir naquele lugar, principalmente considerando um período de isolamento social em que vivemos, criar essa sensação de “passear” pela cidade e provocar sensações diferentes de apenas observar as imagens na tela do computador“, disse.

O site da exposição também foi aberto para o envio de relatos de cidadãos sobre os locais. Além de Colares e Luana, participou do projeto o web design Danilo Pantoja.

Fonte: Portal Amazônia.

Poema de agora: Sol com Sétima – Luiz Jorge Ferreira

Sol com Sétima

Amo os Beatles.
Falta John…Falta George.
Abro a capa do Lp.
A tosse sai em direção às Gaivotas.

Encontro com eles em uma rua de Londres.
Um beco em Carapicuíba…um Gueto negro em Macapá.
O silêncio entre nós foge com o meu estalar de dedos.
E escondo o olhar de meus olhos dentro de um bueiro.
Estão quase nus…azuis…restos de Blues.
Mastigam alguns Sustenidos e Bemóis.

Além do Sol o sorriso de Paul.
A seriedade com que Ringo empina pipas com as cordas das guitarras, achando que saudade é coisa de Americanos do Sul.
Escondo na areia os vocais, sobre as manhãs eu derramo Ketchup e Mel.

Nascem as rugas sobre barbas por fazer.
Devoro o tempo com enormes goles de Whisky, e Café.
Escuto o farfalhar dos anos, e o tropel das décadas.
Desfolho os cílios, enquanto os jeans desbotam.
E envelheço em meio aos Outonos que estão uns trapos.

Luiz Jorge Ferreira

*Osasco. 08.04.2021.São Paulo. BRASIL.

Poema de agora: EXÍLIO – Patrícia Andrade

EXÍLIO

era por causa do poeta
que havia orvalho nas folhas
e por causa dele o mar se agitava
por causa dele o outono vinha
e o vento segredava mistérios

o poeta existia
para que as flores
se abrissem
e a madrugada derrubasse estrelas
para que o sol
invadisse as casas
e secasse lágrimas
de um abandono

o poeta existia
para que nas noites de insônia
viessem os vagalumes
e para que as auroras trouxessem sorrisos

o poeta existia
para que o amor
pudesse transbordar sua fúria
e depois descansar
em alvas camas
e para que a ternura
brotasse em mãos calosas

o poeta existia
para que os homens pudessem
beijar à distância
para que desejos
fossem saciados
para que a saudade
pudesse apenas ser
e para que toda a música
fizesse dançar a tarde

mas era tão duro o mundo
e tão cegas e surdas as pessoas
que um dia o poeta se foi

e ninguém percebeu

Patrícia Andrade

Shopping Popular ganha murais pintados pelo artista amapaense Jeriel

O novo Shopping Popular contará com dois murais dedicados à valorização da cultura amapaense que estão sendo pintados pelo artista plástico Jeriel Luz. Os temas escolhidos foram o modo de vida do ribeirinho e o encanto das rodas de marabaixo.

A primeira pintura foi denominada “Marabaixo, Ritmo e Força” e já está em fase de finalização. O painel terá 12 metros de largura e faz parte da área da praça de alimentação. O outro mural “Labor Tucuju- Vida Ribeirinho”, tem 50 metros de largura e está localizado na área externa do shopping.

“A minha inspiração foi a nossa própria cultura, eu acredito que o ribeirinho tem uma força muito grande, é aquele que vende os produtos, que faz a farinha, que colhe o açaí, que pesca o camarão. E o marabaixo vem do aspecto cultural do ritmo, da dança, então tudo isso me encanta e encoraja a fazer uma pintura que vai ser marco desse prédio”, disse Jeriel.

“Eu não fui ribeirinho, mas a minha mãe foi. Então absorvi tudo que ela narrava e coloco dentro das minhas obras. Tanto no estilo mais atual, no meu estilo Pop Art Tucuju, como nas obras mais antigas e tradicionais”, completou o artista.

Os painéis têm o objetivo de destacar um espaço para que os visitantes e clientes possam conhecer momentos da nossa cultura, além de embelezar o novo shopping popular. Para Jeriel , pintar um local que vai ficar para a posteridade, é uma grande felicidade.

“É uma honra muito grande e uma luta também, mas eu acredito que quando esses momentos são possíveis, de representar o nosso estado, as nossas raízes, eu tenho muito orgulho em participar. Eu quero mostrar o que é nosso, essa é a minha proposta”, finalizou o artista.

Artista

Jeriel tem mais de 25 anos de carreira, é professor de artes, mas hoje se dedica inteiramente às artes plásticas. Em 2009, criou um estilo próprio chamado Pop art Tucuju que tem por definição as referências multiculturais do povo tucuju. As pinturas são feitas com a combinação única de cores vibrantes e formas.

Na sua trajetória o artista já pintou vários prédios públicos. Além disso, realizou inúmeras exposições coletivas e individuais em todo Estado do Amapá. Também teve seu trabalho exposto no Rio de Janeiro e em duas coletivas internacionais nas cidades de Paris e Lisboa, em 2018.

Obra

A obra do Shopping Popular está em fase de acabamentos e tem mais de 90% dos serviços concluídos. O local será ocupado pelos trabalhadores da Feira do Caranguejo e do Feirão Popular na Avenida Antônio Coelho de Carvalho, no centro da cidade.

O prédio é dividido em dois andares, terá 114 unidades comerciais internas, 20 unidades externas, 2 quiosques institucionais, 2 áreas de serviço e plataforma de acessibilidade. No andar superior estão 7 unidades comerciais, praça de alimentação, 8 banheiros masculinos, 7 femininos e 1 para portadores de necessidades especiais.

A obra foi executada pela Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Semob) e custou R $3.982.125,27. O recurso foi destinado através de emenda parlamentar do senador Davi Alcolumbre (DEM/AP).

Narah Pollyne
Secretaria Municipal de Obras

Encontro virtual “O VALOR DA CIÊNCIA”

Promovido pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), em parceria com a Nobel Prize Outreach (braço de comunicação da Fundação Nobel), e com apoio da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC), o seminário Diálogo Nobel no Brasil tem o propósito de reunir representantes da comunidade científica brasileira e estudantes de ensino superior em uma sessão virtual para explanar sobre o tema “O Valor da Ciência”.

O evento será dividido em duas etapas e contará com a participação dos laureados May-Britt Moser (Medicina, 2014) e Serge Haroche (Física, 2012) na primeira etapa. Já na segunda etapa serão realizadas duas mesas-redondas com a participação de 40 estudantes de graduação e pós-graduação que terão a oportunidade de interagir com os referidos ganhadores do Prêmio Nobel.

O evento online ocorrerá no próximo dia 8 de abril (quinta-feira), de 10h às 13h30 (horário de Brasília) com transmissão gratuita pelo canal do Prêmio Nobel no YouTube https://www.youtube.com/watch?v=ffmcJedP6Yg (em português) e https://www.youtube.com/watch?v=h7Q2gcgHZWI (em inglês).

Ascom Unifap

Resenha do livro “Torto Arado”, de Itamar Vieira Júnior – (Por Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena)

Por Lorena Queiroz

Torto Arado é uma obra recente e publicada pela primeira vez em Portugal. O livro também foi o ganhador do prêmio LeYa em 2018, vindo posteriormente a ser publicado no Brasil. Esta obra de Itamar Vieira Júnior já tem cheiro e jeito de clássico.

O enredo trata das vidas de uma família composta por pessoas fortes. Pretos, mulheres e homens que carregam ainda o orgulho e o fardo de sua ancestralidade. O pai desta família é Zeca chapéu grande, marido da guerreira Salu e, curandeiro que emprestava seu corpo como cavalo nas noites de Jarê, religião de matriz africana, mais especificamente um candomblé de caboclo, exclusivo da Chapada Diamantina. Zeca é filho de Donana, mulher forte que sobreviveu a três maridos e que, transmitia aos seus a força que era evocada nas horas difíceis. Zeca, Salu e Donana são, respectivamente, pai, mãe e avó de Bibiana e Belonísia, personagens que, sob sua ótica, a trama irá se desenrolar. O livro ainda conta com uma terceira personagem narrando, mas disso evitarei falar, pois seria um spoiler bem desagradável.

As irmãs Bibiana e Belonísia cresciam em uma fazenda no interior do sertão brasileiro. Certo dia, as irmãs ainda crianças, mexem em uma mala velha onde sua vó Donana guardava alguns pertences. Lá encontram uma faca que, não era guardada por Donana como um mero souvenir, aquele objeto guardava uma importância e simbologia para aquelas pessoas, mesmo que elas ainda não soubessem disso. A curiosidade das irmãs, mediante ao metal brilhante encontrado na mala, causa um acidente, deixando muda uma das irmãs. Assim, as meninas selam um pacto silencioso, onde uma seria a voz da outra.

O mais interessante neste livro é que ele não precisa em que época a trama se passa. Em algum momento você faz um cálculo, pois, Zeca chapéu nasceu apenas trinta anos após a abolição da escravatura. O mais estarrecedor é que, independente de você se localizar ou não no tempo histórico, você se depara com uma realidade que ainda perdura nos tempos atuais. A família de Zeca chapéu grande morava em uma fazenda chamada Água Negra. As pessoas dessa comunidade viviam em situação análoga à escravidão, não recebiam salário ou alguma folga. Os fazendeiros “cediam” parte da terra para que, quem lá quisesse viver, construísse sua casa e cultivasse seu sustento. Ocorre que, o cobrado em troca era trabalho duro no cultivo das terras do fazendeiro. Moravam em casas de barro, proibidos de construir casas de tijolo, pois assim não se fixariam no local.

Então, de tempos em tempos, tinham que erguer outra casa, pois as enchentes e a ação do tempo, deterioravam as casas de barro. Estas pessoas quase não tinham tempo de cultivar na terra o seu sustento, a vida difícil que consumia a saúde e antecipada a velhice. Passavam por longos períodos secas e enchentes, que se alteravam como uma dança de má sorte. Sorte essa que era pedida que se afastasse através das súplicas aos encantados. E quando conseguiam fazer brotar da terra o que comer, os fazendeiros, através de seus empregados, efetuavam saques nas casas destas pessoas. Em determinado momento, quando há um questionamento sobre a posse da terra, fica muito claro no trecho as injustiças que ainda estão incrustadas em nossa sociedade: “Que chegou um branco colonizador e recebeu dádivas do reino. Chegou outro homem branco e foram dividindo tudo entre eles. Os índios foram sendo afastados, mortos, ou obrigados a trabalhar para esses donos da terra. Depois chegaram os negros de muito longe, para trabalhar no lugar dos índios. Nosso povo que não sabia o caminho de volta para sua terra, foi ficando”. Dentro deste panorama é impossível não lembrar Rosseau quando disse que, “o verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro homem que, tendo cercado um terreno, disse: isso é meu. E encontrou pessoas suficientemente ingênuas para respeita-lo. Quantos crimes, guerras e assassinatos, misérias e horrores teria evitado à humanidade aquele que, arrancando as estacas desta cerca tivesse gritado: não escutem este impostor, pois os frutos são de todos e a terra é de ninguém. “

Somos convidados não só a refletir sobre como se deu de forma injusta a posse de terras, como também perceber essa população que nunca teve permissão da sociedade para sair da escravidão. Índios expulsos de suas terras que se unem aos pretos sequestrados para trabalhar e servir aos ladrões das citadas terras roubadas. Outro trecho que esclarece com muita precisão essa condição : ” Os donos já não podiam ter mais escravos, por causa da Lei, mas precisavam deles. Então, foi assim que passaram a chamar os escravos de trabalhadores e moradores. Não podiam arriscar, fingindo que nada mudou…Passaram a lembrar para seus trabalhadores como eram bons, porque davam abrigo aos pretos sem casa”.

Este livro mostra uma parte esquecida do país que, apesar de fazer parte de suas entranhas, é veementemente desconhecida ou ignorada por uma boa parcela da população. Sei que é incômodo à algumas pessoas, lembrar que, talvez a casa onde mora, o terreno que habitamos, foi roubo em sua origem. Lá no começo, quando o sujeito achou de cercar tudo e acabou por fazer raiva a Rosseau. Ou talvez seja mais incômodo ainda, pensar que boa parte da população preta e indígena se encontram entre os mais pobres por questões que vigoram desde nossa colonização. Mas esse é um povo forte, acostumados ao sofrimento que seus ancestrais e descendentes carregam, tais como bambus que vergam mas não se quebram, carregando através dos tempos sua religião, suas crenças e seus costumes. Teimando em não deixar suas raízes morrerem como vítimas do preconceito.

Não, caro leitor, minha intenção não é deixá-lo deprimido ou culpado, ao contrário, quero que você sinta o que eu senti lendo esta obra, quero ainda, apenas parafrasear Belchior : ” Eu quero é que este canto torto,feito faca, corte a carne de vocês. “

* Lorena Queiroz é advogada, amante de literatura, devoradora compulsiva de livros e crítica literária oficial deste site.

Poema de agora: Retrovisor – Ori Fonseca

Homem Velho com a Cabeça em Suas Mãos, de Vincent van Gogh (1882).

RETROVISOR

Agora que estás só, alquebrantado e exangue,
Que a vida se te vira a face transtornada,
Responde ao precipício que te espera ao Nada:
Que solo de batalha devorou teu sangue?

Tua cara apavorada em rugas de desgosto
Escondes entre as mãos ossudas e sem tato,
E tentas encontrar no mofo do retrato
Se lembras a cor da água que banhou teu rosto.

Mas tua imagem de vigor ficou perdida
Na sopa densa a amalgamar tempos e espaços,
Na esmola de teus dias que te são escassos,

No tempo que te espera à porta de saída,
No ocaso, olhando o Sol, retrovisor da vida…
Que areia eternizou tua vil lembrança em passos?

Ori Fonseca

Ciclo do Marabaixo terá pelo 2º ano consecutivo ladainhas e rodas transmitidas pela web

Associação Cultural Herdeiros da Tradição durante apresentação da live do Ciclo do Marabaixo em 2020, no Amapá — Foto: Ciclo do Marabaixo/Divulgação

Por Núbia Pacheco

O Ciclo do Marabaixo, uma das festividades mais tradicionais do Amapá, terá pelo 2º ano consecutivo as apresentações transmitidas pela internet. Em 2020, no período da celebração, o estado aprovou medidas mais restritivas em atenção ao crescimento dos casos do novo coronavírus e, neste ano, a cena se repete.

As apresentações começam ontem, no sábado (3) de ‘aleluia’, respeitando os protocolos de segurança e o distanciamento social.

A festa é realizada tradicionalmente por famílias e grupos dos bairros Santa Rita e Laguinho, entretanto, mas nos últimos anos o movimento tem ganhado adeptos de todo o Amapá. Atualmente, o Marabaixo é considerado patrimônio cultural imaterial do Brasil.

Missas em devoção à Santíssima Trindade e ao Divino Espírito Santo, além de rodas de conversa e de Marabaixo farão parte da programação, que apesar de não poder ser feita presencialmente, busca manter o brilho da tradição cultural e religiosa.

“Não será permitida a presença de outras pessoas. No sábado, por exemplo, nós vamos iniciar a nossa programação com uma atividade religiosa. Será apenas a pessoa que vai rezar a ladainha e um representante de cada instituição, tendo no máximo, seis ou sete pessoas, contando com os operadores dos equipamentos da live e mais ninguém”, informou a organizadora Valdinete Costa.

A programação é promovida pelos grupos: Berço do Marabaixo, Raízes da Favela, Campina Grande, Marabaixo Raimundo Ladislau e Marabaixo do Pavão. As atividades serão transmitidas pelas redes sociais das cinco instituições.

Confira a programação:

3 de abril (sábado)

Evento: Live de abertura oficial do Ciclo do Marabaixo da Favela
Hora: 17h às 20h
Entidades: Berço do Marabaixo, Raízes da Favela e Campina Grande

4 de abril (domingo)

Evento: Live de abertura oficial do ciclo do marabaixo do Laguinho
Hora: 18h às 20h
Entidades: Marabaixo do Pavão e Marabaixo Raimundo Ladislau

20 de abril (terça-feira)

Evento: Webnário Roda de Conversa – As Potencialidades Empreendedoras do Marabaixo
Hora: 16h às 18h
Entidade: Coordenadoria do Ciclo do Marabaixo

1º de maio (sábado)

Evento: Marabaixo em Homenagem ao Trabalhador
Hora: 18h às 20h
Entidade: Berço do Marabaixo

9 de maio (domingo)

Evento: Marabaixo do Mastro e Homenagem ao Dia das Mães
Hora: 17h às 19h
Entidade: Raízes da Favela

Missas e Rodas de Marabaixo serão exibidas pelas redes sociais das instituições organizadoras — Foto: Ciclo do Marabaixo/ Divulgação

12 de maio (quarta-feira)

Evento: Marabaixo 4ª Feira da Murta do Divino Espírito Santo
Hora: 18h às 20h
Entidades: Marabaixo do Pavão e Marabaixo Raimundo Ladislau

15 de maio (sábado)

Inicio: Ladainha da Santíssima Trindade
Evento: Webnário – Roda de conversa sobre a importância na inserção da juventude na manutenção e difusão do Marabaixo nas festividades tradicionais, com Rodada de Marabaixo.
Hora: 17h às 19h
Entidade: Raimundo Ladislau

23 de maio (domingo)

Evento: Missa do Divino Espírito Santo
Hora: 8h
Entidade: Marabaixo do Pavão
Evento: Ladainha da Trindade e Marabaixo da Murta da Trindade
Hora: 17h às 19h
Entidades: Berço do Marabaixo, Raízes da Favela e Campina Grande

30 de maio (domingo)

Evento: Missa da Trindade com Rodada de Marabaixo
Hora: 09h às 12h
Entidade: Berço do Marabaixo, Raízes da Favela e Campina Grande

3 de junho (quinta-feira)

Evento: Marabaixo de Corpus Christi
Hora: 17h às 19h
Entidade: Campina Grande

6 de junho (domingo)

Evento: Marabaixo Encerramento do Ciclo
Hora: 18h às 20h
Entidade: Coordenadoria do Ciclo do Marabaixo

9 de junho (quarta-feira)

Evento: Webnário – Roda de Conversa “A Religiosidade nas Festas Tradicionais” com Rodada de Marabaixo
Hora: 17h às 18h
Entidade: Marabaixo do Pavão e Raimundo Ladislau

16 de junho (quarta-feira)

Evento: Live do Dia Estadual do Marabaixo
Hora: 17h às 21h
Entidade: Coordenadoria do Ciclo do Marabaixo

Fonte: G1 Amapá.

Malhando os malhadores (Crônica porreta de Ronaldo Rodrigues)

Semana Santa. Sempre que chega esta data fico pensando no sentido de justiça de certas pessoas. Elas pegam Judas e fazem o diabo com ele. Malham o cara de todo jeito. Dizem que é a única forma de fazê-lo pagar pelo crime de ter traído Jesus. Isso é o que mais me preocupa. Se tudo já estava escrito, segundo a própria Bíblia, qual é a culpa de Judas? Se há culpa, é de quem escreveu.

Prefiro acreditar que Judas foi um elemento para que a história se cumprisse da forma que se cumpriu. Judas foi um aliado de Jesus e agiu daquela forma para que tudo saísse segundo o roteiro do Todo (Todo é como chamo o Todo-Poderoso na intimidade). Ora! Parem com esse negócio de associar o nome de Judas à traição. E parem de fazer essa justiça esquisita que comporta todo tipo de torpeza que vocês veem no cara, que condenam nos outros, mas que em vocês é aceitável.

Traidores são vocês! Traidores da palavra de Deus! (vocês são quem vestir a carapuça). Na verdade, sou a favor da reabilitação de todas as figuras malditas da Bíblia, pelo mesmo motivo: não foram elas responsáveis por seus destinos. Como dizem os árabes: maktub! (estava escrito!).

Portanto, Judas, Caim, Lúcifer, Barrabás, Pilatos, Herodes etc. devem ser vistos como personagens desempenhando seus papéis. Aí algumas pessoas dizem que há o livre-arbítrio, que esses personagens poderiam ter tomado outro caminho. E como ficaria a palavra do Todo?

Na verdade, os cristãos (a maior parte deles) confundem tudo. Esse papo de dizer que Jesus morreu para nos salvar acho exagero e injusto com o cara. Cada um tem que fazer por si, pela sua salvação, e não achar que está tudo bem, bastando ir à igreja rezar que – abracadabra – estamos salvos. Muito confortável, não acham?

Agora vou me despedir porque tem uma multidão de fanáticos correndo atrás de mim querendo me linchar. E olha que eles nem leram esta linhas. É que estou com barba e cabelo grandinhos e estão me confundido, claro, com Judas. Por que não me confundem com Jesus Cristo? Ah, daria no mesmo! Só que, em vez de me linchar, eles me colocariam na cruz. Ó my God!

Ronaldo Rodrigues