O dia em que esquentei a cerveja do Arnaldo Antunes na B*****ta – Por Jack Carvalho – @JackeCarvalho_

Por Jack Carvalho

2013 foi um ano incrível para todo macapaense fã de música. O Festival Quebramar, maior evento de música do norte do país totalmente free, trazia nada menos que Arnaldo Antunes, Emicida, Curumin e muitos outros artistas massa. E nesta edição, eu fiquei responsável por coordenar o funcionamento dos camarins.

Aos poucos, cada produtor foi mandando a lista de exigência que tínhamos que providenciar para atender aos pedidos dos artistas. Emicida, por exemplo, pediu chá verde. Outros pediram Red Bull. O Edgar Scandurra pediu whisky. E o Arnaldo pediu cerveja. Muitas packs de cerveja. O problema era adequar esses pedidos ao orçamento disponível para o camarim. Em alguns casos, eu mesma preparei em casa diversos itens das listas, como suco, bolo e o chá.

Público da primeira noite do Festival Quebramar – Foto: Cobertura Colaborativa

Assim consegui equilibrar os gastos e garantir todos os itens. Faltando 1 dia pro início do festival, peguei as listas e fui ao supermercado comprar o que não dava pra fazer, pra no dia seguinte já ter tudo pronto pra quando o festival começasse. Tudo certo na sexta e sábado. Todos os pedidos foram e atendidos e os artistas ficaram satisfeitos.

No domingo era o dia de tocar Curumin e Arnaldo Antunes. Cheguei cedo no palco no pé do muro da Fortaleza de São José e comecei a limpar e arrumar as mesas dos camarins. Coloquei todas as bebidas no gelo, arrumei as pedras pras doses de whisky, petiscos, entre outros detalhes. As primeiras bandas começaram a tocar logo cedo, umas 19h40. Em seguida começaram a chegar os integrantes da banda do Arnaldo. Recepcionei o grupo me apresentando como responsável pelo camarim e que caso precisassem de algo era só chamar. E chamaram!

Foto: blog Galera do Rock (http://glrdorock.blogspot.com/2013/12/resenha-festival-quebramar-2013.html)

Minutos depois que a banda se instalou na sala reservada pra eles, a produtora do Arnaldo Antunes perguntou: – Cadê as Heinekens naturais? Eu dei uma de João sem braço e disse que não tinha sido especificado. Ela puxou a lista do bolso e mostrou: – Olha aqui, são 6 long necks naturais. Ele não pode beber nada gelado antes e durante o show. Ou seja: FUDEU!

Foto: blog Galera do Rock (http://glrdorock.blogspot.com/2013/12/resenha-festival-quebramar-2013.html)

Minha primeira reação foi de sair e ir comprar nos bares da Beira Rio. Mas eu estava muito distante pra deixar tudo e ir comprar cerveja. O jeito foi tirar as 6 long necks da cuba e tentar “amornar” as cervejas. Olha o trampo da porra. Nisso, eu e mais duas pessoas que auxiliavam no camarim, cada uma pegou uma long e começou a esfregar na mão. Essa porra não vai esquentar.

Então tive a ideia de botar a cerveja entre as pernas. Isso mesmo: na B****ta pra ajudar a esquentar mais rápido. E aja esfregar a garrafa igual o Aladdin. E eu pensava: esse porra vai ter que tocar O Pulso. E aí dele que não faça um show bacana. Bicho, essa porra tá queimando feio aí embaixo. Foram longos minutos gelados aonde se costuma a ser bastante quente, diga-se de passagem. Ainda ligamos ventilador do carro no modo quente pra ajudar o processo. Da feita que a cerveja ia amornando, alguém levava no camarim e ele bebia.

Foto: blog Galera do Rock (http://glrdorock.blogspot.com/2013/12/resenha-festival-quebramar-2013.html)

Conseguimos esquentar as 6 heinekens antes dele entrar no palco. Confesso que algo ficou dormente por alguns minutos, mas depois que ele começou a tocar A Casa é Sua, o corpo esquentou e tudo voltou ao normal. E lá estava o Arnaldo Antunes tomando cerveja quente, no copo on the rock que meu pai tinha ganhado de brinde da Monte Casa e Construção um zilhão de anos atrás. E tudo pra dizer que: missão dada é missão cumprida!

*Jack Carvalho é jornalista e Mestre em Ciências da Comunicação.

Bob Dylan faz 80 anos hoje. Viva o Mr. Tambourine!! #BobDylan80

Bob Dylan (foto: Chris Pizzello/AP)

Hoje, 24 de maio, um dos figuras mais geniais da música mundial completa 80 anos.

Nascido Robert Allen Zimmerman, no estado de Minnesota (EUA), o compositor, cantor, pintor, ator e escritor norte-americano Bob Dylan chega, também é ganhador do Prêmio Nobel de Literatura 2016.

Autodidata, ainda adolescente, aprendeu a tocar piano e guitarra sozinho. Iniciou a fantástica carreira artística em 1959, em grupos de rock e imitando Little Richard. Com canções de protesto, crítica social, românticas e até religiosas, do folk ao rock, Bob Dylan foi ícone da contracultura nos anos 1960, ativista fervoroso, pacifista e ídolo de qualquer um que admira belas músicas e atitude.

Uma curiosidade: Bob tirou seu “Dylan” do poeta galês Dylan Thomas (1914-1953). Ele costuma dizer que: “Bob Zimmerman soava longo e pesado” e “Bob Dylan era menos sincrético”.

Não dá pra calcular a magnitude de Dylan, muito menos explicar sua contribuição e influências para a música. São 59 anos de carreira, 65 discos nessa trajetória; aproximadamente 500 canções escritas; mais de 3.400 shows. Seu trabalho é algo quase paranormal. Centenas de livros já foram escritos sobre ele. Por falar nisso, Bob escreveu sua obra literária, intitulada “Tarântula”, com pouco mais de 20 anos. Sem falar que ele pintou quadros, desenhou e atuou.

Bob Dylan- Foto: site oficial do artista

Difícil explicar um cara desses. Dylan é tido como o maior poeta da história do rock and roll e um dos artistas mais influentes do nosso tempo. Ao longo de sua sensacional história, Bob Influenciou grandes nomes do rock americano e inglês nas décadas de 60 e 70. Em 2004, foi eleito pela renomada revista Rolling Stone o 7º maior cantor de todos os tempos e, pela mesma revista, o 2º melhor artista da música de todos os tempos. Só ficou atrás dos Beatles. Uma de suas principais canções, “Like a Rolling Stone”, foi escolhida como uma das melhores de todos os tempos. Em 2012, Dylan foi condecorado com a Medalha Presidencial da Liberdade pelo presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Como já dito, se tudo aí já não fosse o suficiente para muitas vidas, ele foi o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura 2016. Tédoidé!

Bob Dylan, autor de “Tarântula” – Foto: site oficial do artista

Desejo uma vida ainda mais longa ao Mr. Tambourine. Que ele nunca encontre outro furacão, que não bata tão cedo na porta do céu e que continue a rolar pedras por pelo menos mais 80 anos. Desta forma, o cara seguirá com sua voz fanhosa, gaita, guitarra e liberdade criativa a nos emocionar.

Muito obrigado e parabéns, Bob Dylan!

O nome verdadeiro de Bob Dylan é Robert Allen Zimmerman(Foto: “Rolling Thunder Revue”/Divulgação)

Fontes: revistas, sites, papos de bar, programas da MTV e muuuita curiosidade sobre a obra do aniversariante.

Elton Tavares

Com apoio da Lei Aldir Blanc, por meio da Secult/AP: Fruta Roqueira, ganha clipe oficial no fim de maio – Sobre luta da classe artística

O clipe da artista Brenda Zeni mostra a luta da classe artística e o contato com o público de maneira purista, registrando reações reais

Artista radicada em Macapá desde 2008, Brenda Zeni estreia o segundo clipe “Fruta Roqueira”, que traz, de maneira bem humorada, os resultados que vêm alcançando ao longo de sua carreira.

A obra exibe depoimentos de pessoas de Macapá e citações da luta da classe artística. O clipe será lançado no dia 28 de maio no YouTube e poderá ser visto – parcialmente – no Spotify.

Três anos depois do lançamento do seu primeiro clipe, Brenda Zeni, ganhou o apelido de Fruta Roqueira por causa da canção que compôs com Roniel Aires.

A música – carro chefe de sua carreira – será contemplada com o clipe cujas imagens foram filmadas no primeiro semestre de 2019, pelos produtores Lucas Monte, Lincon Leão e Paulo Castro.

Sob o comando da artista e da empresa Dylan Rocha Vídeos, a produção teve a participação da OCA (Organizações Culturais da Amazônia). Para visualizar o clipe basta clicar no link: https://youtube.com/c/BrendaZeni.

A obra foi realizada com financiamento da Lei Aldir Blanc e do Governo do Estado do Amapá, além do apoio recebido pela Secretaria de Estado da Cultura do Amapá SECULT/AP, com recursos provenientes da Lei Federal nº 14.017, de 29 de junho de 2020.

Segundo Brenda Zeni, a ideia era produzir um clip experimental que pudesse mostrar a reação, o feedback do público em tempo real. “A proposta foi sair, tocar para as pessoas nas ruas e registrar a primeira reação delas.

Procuramos um público diverso – de diferentes idades e condição social. A experiência também propôs uma reflexão sobre as adversidades da classe artística”, disse.

E vem mais clipe por aí! O próximo trabalho já está sendo finalizado e os fãs da cantora poderão conferir em junho, o clipe de “Minas Armadas”, que hoje toca em oito países, segundo o relatório do Spotify de 2020.

A artista e sua carreira

A artista paraense de 34 anos, mora em Macapá há 13 anos e ingressou na música em 2009. Logo depois passou a produzir suas canções, participar de festivais e lançou seu primeiro disco – Quebra do Feitiço.

Atualmente é uma das roqueiras com grande representatividade no rock amapaense. Sua carreira está se expandindo para o cenário nacional desde 2020, pois passou a ser artista do Natura Musical junto com oito artistas amapaenses, pelo projeto Pororoca Sound.

Conhecida por ter um estilo próprio, a artista mistura em suas canções, sons e elementos culturais locais.

Em 2020 também fundou a Coletiva “Rock Brasil Feminino”, que reúne roqueiras de vários estados brasileiros, que propõe ações colaborativas voluntárias, buscando o crescimento em grupo.

Assessoria de comunicação de Brenda Zeni

Se vivo, Joey Ramone faria 70 anos hoje – Por Marcelo Guido

Photo : Richard E. Aaron/Redferns – Revista Rolling Stones

Por Marcelo Guido

O que seria de um mundo sem ele, com certeza um mundo menos contestador , um rock ameno e sem diretrizes, algo nefastamente dominado pelo progressivo, com seus solos intermináveis e seus músicos com gabarito.

Joey Ramone, com seus amigos todos desajustados, conseguiram com letras banais, sobre o dia-a-dia tocar e revolucionar todo um universo, Joey Ramone salvou o rock de ser chato, de ser exclusivo , erudito. Joey Ramone tornou o rock popular.

Fotos: site oficial de Joey Ramone (https://www.joeyramone.com/)

O faça você mesmo, foi o lema máximo do punk. O punk rock nunca foi pensado, discutido ele foi realizado por caras como Joey.

Joey, que tinha tudo para passar em branco por esse mundo, ele veio e deixou sua marca.

Jeffrey Ross Hyman, deixou uma vida onde as dificuldades em fazer amizades, as doenças que lhe foram dadas e o anonimato que são condenados os que não se enquadram ao sistema sofrem. Criou um mundo próprio, onde todos eram iguais e sem mazelas, um mundo punk.

Johnny Ramone, Tommy Ramone, Joey Ramone and Dee Dee Ramone perform at CBGB’s in New York in the 1970s. – Photo : Roberta Bayley (Revista Rolling Stones).

Joey era um anti-herói, com um íman para os fãs, era o mesmo no palco do CBGB , com quinhentas testemunhas , do que no Olimpia em São Paulo para mais de 20 mil.

A energia, a vontade e o respeito eram os mesmos.

Antes de tudo foi um cara que nunca se rendeu, nunca se rebaixou a nenhum sistema. Não aceitou o que lhe foi dado e deu um soco na cara da mesmice.

Falou sobre o prazer de se cheirar cola, sobre espancar alguém com um taco, sobre corações venenosos.

Pediu para não ser enterrado no maldito cemitério, ele não quer viver outra vez, ainda deu tempo de achar o mundo maravilhoso e ainda nos disse para não nos preocuparmos com ele.

Revolucionou um estilo musical, mudou o mundo e está presente até hoje na vida de muitos, como este que escreve.

Jornalista Marcelo Guido com sua camisa em homangem a Joey Ramone e sua tatuagem da banda Ramones – Fotos: Bianca Lobato.

Pra quem ficou, só restou as desesperanças de um mundo sem ele.

Mas ele permanecerá vivo enquanto viver a sua obra.

Joey Ramone
19 de maio de 1951
Pela Eternidade.

Foto: site oficial de Joey Ramone (https://www.joeyramone.com/)

*Marcelo Guido é Punk e Jornalista. Marido da Bia, Pai da Lanna e do Bento. Fã dos Ramones.

Bio Vilhena gira a roda da vida. Feliz aniversário, amigo! – @BioVilhena

Quem lê este site, sabe: gosto de parabenizar amigos em seus natalícios, pois declarações públicas de amor, amizade e carinho são importantes pra mim. Quem gira a roda da vida nesta sexta-feira (14) é o Bio Vilhena, velho e querido amigo deste editor.

Experiente e competente organizador de eventos, mestre de cerimônias, poeta, músico, cantor, pai do Leon e Benjamin, maluco das antigas, produtor de Rock And Roll, artesão/marceneiro, entre outras tantas coisas bacanas que ele é, Bio Vilhena é um baita cara!

Bio sempre foi um cara calmo, mas de mente agitada. Ele é inteligente, trabalhador, criativo e competente.

Sobre a competência de Bio, tive a prova de sua capacidade quando trabalhamos juntos com as equipes do MP-AP e PMM o Luau da Samaúma. Vilhena é virado; realmente uma daquelas figuras que cai dentro do trampo e resolve.

Eu e Bio nunca fomos de andar juntos. Mas temos uma relação de respeito e consideração mútua. Sim, eu gosto muito desse cara, pois ele é gente fina. Sempre foi e é assim até hoje. Seja no trampo ou para tomarmos umas cervejas.

Como conheci o Bio é uma história impublicável, mas muito engraçada. Os malucos mais próximos conhecem a hilária história. E isso foi há muito mais de 20 anos. A gente sempre se deu bem e ele sempre foi muito porreta comigo. Prestativo, espirituoso, alegre e muito engraçado, encontrar com essa figuraça é sempre diversão garantida. Tenho muito “consideramento” por ele e sei que é recíproco.

Bio, mano velho, tu és considerado por mim e pela galera da antiga. Que tenhas sempre saúde e sucesso pra fazer acontecer aqui no meio do mundo. Admiro quem promove cultura e tu és um desses figuras. Que a força sempre esteja contigo. Que tu sigas pisando forte em busca de teus objetivos. Que teu novo ciclo seja ainda mais produtivo, próspero e que tenhas sempre saúde e sucesso junto dos teus amores. “Tu saaaabes, Patinhas…”. Parabéns pelo teu dia e feliz aniversário!

Elton Tavares

Robert Smith completa 62 anos e 41 de Rock and Roll! – Happy 62th birthday to #RobertSmith of #TheCure

Hoje é aniversário de Robert James Smith, o popular Robert Smith. Ele é líder, vocalista, guitarrista e compositor da lendária banda inglesa The Cure. Aliás, o único membro da formação original do grupo. O cara é um ícone do Rock e da música alternativa mundial.

Robert nasceu em 21 de abril de 1959, em Blackpool (ING). Portanto, completa 62 anos de vida, sendo que 41 deles à frente de sua influente banda oitentista, que por muito tempo foi considerada a maior e mais importante no cenário gótico/pós-punk.

O The Cure é uma das bandas que fazem parte da trilha sonora da minha vida. Ao som dos britânicos, fizemos muitas festas, noitadas, reuniões com amigos e tantas outras lembranças legais.

Show do The Cure em São Paulo – Foto: Elton Tavares – Clique e veja a imagem em tamanho original.

Eu e meu irmão assistimos, em 2013, um show histórico do The Cure, em São Paulo. Se já não bastasse tamanha felicidade, ainda encontrei a banda no Aeroporto de Guarulhos e consegui uma foto com o Rockstar. Essa, meus queridos leitores, sempre foi uma lembrança muito feliz. Mais ainda agora, em tempos de isolamento e que precisamos ter fé e esperança na “Cura”.

Vida longa ao talentoso e carismático Robert Smith. Que ele toque, componha e cante por mais 62 anos.

Elton Tavares

Segundo de abril (lá vem o Gino de novo) – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

O editor deste site bota uma pressão de vez em quando. Desta vez foi assim: E aí? Alguma coisa para hoje (ontem), primeiro de abril?

Retornei dizendo que de mentira, até aquele momento, só o meu salário. Rsrsrsrsrsr.

Mas hoje, segundo de abril, eu tenho algo a mostrar. Seria (seria, não. É!) aniversário do Ginoflex. A gente sempre festejava (aliás, continua festejando. Mais tarde, vou tomar umas por ele).

Depois que passou dos 50, o Gino não sabia exatamente qual a idade que inaugurava a cada 2 de abril. E eu dizia que ele não tinha nascido no dia primeiro de abril porque ninguém acreditaria. O Gino, qual o Tim Maia, era um personagem que extrapolava a vida real, transgredia qualquer padrão de normalidade. Nem os mais criativos ficcionistas conseguiriam imaginar suas verídicas aventuras.

Então, este texto vai em homenagem ao Ginoflex, que estaria completando 63 anos. Ou 60. Ou 58. Impossível saber. Ele mesmo não sabia, já que documentos de identidade já tinham se desgarrado dele há milênios. Eu brincava dizendo que ele era tão velho que, para saber com exatidão os números de sua existência, teríamos que submetê-lo ao teste do carbono 14, aquele elemento químico que detecta a idade dos fósseis. Não à toa ele era também chamado de Ginossauro.

Imagino o Gino (des)organizando sua festa de aniversário lá onde esteja neste momento. Som chiadinho de discos de vinil, muita cerveja e aquele cigarrinho que o deixava irritado. Quando faltava.

Parabéns, Gino! Continuaremos por aqui, festejando, fazendo um brinde a cada respiração, enquanto não somos convidados a nos retirar desta festa nem sempre divertida chamada vida.

Tia Biló: banda amapaense de rock alternativo lança três singles autorais

A banda amapaense de rock alternativo Tia Biló está em processo de produção de material inédito. A pandemia limitou shows, porém serviu de pausa para novas composições. Acabamos de terminar as gravações de 3 singles autorais: “Janela da alma”, “Novela” e “Separátio”. As duas primeiras já são conhecidas do público que segue a banda. A banda já havia tocado em vários eventos da cidade como: Macapá Verão da Funcult, “Ao Vivo lá em Casa” da Secult e etc e tal. A terceira, Separátio, é uma canção produzida durante a quarentena da pandemia e fala sobre essa vivencia provocada pela covid 19: Isolamento, distanciamento e coisa e tal. É uma canção do Marcio Gama, baixista da banda, assim como Novela.

Novela:

A interpretação livre da letra denota a um casal com saudades, porém a principal inspiração faz lembrança à separação entre pais e filhos. Mistura ficção e realidade: a vida é uma novela! E vice-versa.

Separátio:

Reflexão sobre o isolamento, distanciamento, morte, sobrevivência, superação e esperança. Todos voltaremos a nos abraçar e dar as mãos com dias melhores, deixando pra trás o que houve de ruim. O nome Separátio vem do latim e significa isolamento.

No momento estamos em fase de produção do clip de Novela e Separátio para lançar ainda no primeiro semestre de 2021. Fomos contemplados na Lei Aldir Blanc através da Funcult. Queremos aproveitar pra agradecer a Duas Telas Produções, nossa produtora, por nos ajudar nessa produção.

As músicas foram gravadas no estúdio Vox Laudis (@vox_laudis_producoes)

no distrito da Fazendinha, com trabalhos de técnica de gravação de Manassés Soares e Fabricio Facundes.

A banda nasceu em 2014 e é formada por Ozy Rodrigues (Guitarra e voz), Marcio Gama (Baixo e voz), Wylliame Barros (Teclado e backing vocal) e Jr Caxias (bateria)

Assessoria de comunicação da banda Tia Biló

Há 52 anos, os Beatles se apresentaram pela última vez

Foto: Tumblr Bealtes

No dia 30 de janeiro de 1969, uma tarde de quinta-feira fria em Londres, no alto do edifício sede da Apple Records, os Beatles realizaram sua última apresentação para o “público”. Na realidade eles vinham de um trágico período de gravações e ensaios num estúdio londrino, onde gravavam o filme Let It Be. As sessões foram terríveis, pois além da figura de Yoko Ono (grudada em John Lennon 24 horas), a banda estava brigando muito entre si. Desde o Álbum Branco, os quatro já não se entendiam muito no estúdio.

Quando decidiram que Let it Be deveria ser gravado no novo, porém precário Apple Studios, os Beatles também pensaram que poderiam agir normalmente. As sessões no prédio da Apple ocorreram com mais calma, tanto que a ideia de tocar no telhado do prédio veio do próprio Lennon.

Antes, Paul McCartney tinha planejado realizar um concerto no final das gravações. Locais no mundo inteiro foram vistos para o show, porém a maioria deles não havia como, ou estavam com agendas apertadas. Então amargamente, os Beatles decidiram tocar no telhado do prédio. Até Harrison, avesso a shows, gostou da ideia.

Naquela tarde fria, os primeiros acordes de Get Back foram fundamentais para que os moradores dos prédios vizinhos viessem até a sacada para dar uma olhada naqueles cabeludos tocando rock.Os Beatles tocaram nove músicas e durante 40 minutos, até a Polícia bater na porta da Apple e um nervoso Mal Evans tentando explicar que “Os Beatles” estavam tocando no telhado da Apple.

Segundo o livro “The Beatles – Biografia” de Bob Spitz, a polícia nem sequer pediu para acabar com o show, apenas solicitaram que os Beatles abaixassem o volume dos instrumentos, eu disse abaixassem, porém, como eles eram, não houve acordo e o show teve que acabar antes que eles pudessem terminar o set previsto.

As canções tocadas foram:

1. Get Back (1)
2. Get Back (2)
3. Don’t Let Me Down (1)
4: I’ve Got A Feeling (1)
5: One After 909
6: Dig A Pony
7: I’ve Got A Feeling (2)
8: Don’t Let Me Down (2)
9: Get Back (3)

O show foi adicionado ao filme Let it Be e na realidade é o que vale a pena naquele filme. As sessões de Get Back (Let it Be) foram finalizadas, porém os Beatles não deram importância para as fitas, entregando nas mãos de Glyn Jones e depois nas mãos de Phil Spector, que destruiu tudo que eles fizeram, enfiando orquestrações e um solo de guitarra metálico para Let it Be, na qual George odiou.

Após a intervenção da polícia (que precisou ameaçar os funcionários da gravadora de prisão caso não permitissem o acesso ao prédio), os Beatles tocaram durante mais alguns minutos e encerraram o show com “Get Back”.

Foto: Tumblr Bealtes

Paul chegou a brincar com a situação, improvisando a frase “Você está brincando no telhado de novo e sabe que sua mãe não gosta, ela vai mandar te prender”. John Lennon agradeceu ao público presente (e onipresente), com a frase “Quero agradecer em nome do grupo e de nós todos e espero que tenhamos passado no teste”.

Foto: Tumblr Bealtes

Meu comentário: Não lembro onde achei o texto acima, mas o republico aqui há uns 10 anos. Apesar de amar Led Zeppelin e Pink Floyd e Rolling Stones, para mim, os Beatles foram e sempre serão os maiores. O último show, no terraço, foi reconstituído no filme “Across The Universe”, onde a banda que interpretou os caras de Liverpool executou a canção “All You Need Is Love”. Após 52 anos, todos nós ainda curtimos o som dos besouros e sempre precisaremos de amor.

Assista aqui mais sobre esse momento histórico do Rock:

Coletiva Rock Feminino

Por Brenda Zeni

E se você tivesse um leque de informações culturais e técnicas para ajudar a promover o seu som em várias cidades do país?

E se tivesse contato com agentes culturais que estão por dentro da cena de várias cidades no país e pudesse pagar esses agentes com o que você souber e quiser fazer?

Já pensou ter informações pra alavancar o seu trabalho de forma facilitada?

Pois isso está acontecendo nesse exato momento. Nos meses iniciais da pandemia surgiu um grupo chamado Rock Brasil Feminino, reunindo rockeiras de vários estados brasileiros que propõem ações colaborativas voluntárias que vão desde engajamentos online, passando pela construção de turnês em conjunto, até o infinito e além.

É isso mesmo.

As possibilidades são inúmeras quando se tem informação e vontade de realizar. Essa iniciativa teve início lá na pontinha do mapa, no Amapá, com a artista Brenda Zeni, que é rockeira, publicitária, artista plástica, feminista e ativista.

O princípio da ideia veio da dúvida. “E se fossem reunidas outras mulheres do rock tão curiosas, fazedoras e afim de compartilhar conhecimento como eu?”

Assim a ideia nasceu e hoje reúne rockeiras dos mais diversos subgêneros do rock e com uma vastidão de conhecimentos que não se resumem só a comunicação.

Esse grupo que hoje é uma Coletiva, reúne jornalistas, fisioterapeutas, professoras de música, de história, uma publicitária, professoras de inglês, uma engenheira química, designers, uma da área de T.I. e muitas outras formações e competências que se multiplicam se você combinar as parcerias.

Com um endereço online no instagram chamado @rockbrasilfeminino, elas começaram a chamar a atenção de outras bandas e hoje o grupo reúne algumas dezenas de integrantes que propõem ações colaborativas de livre participação e que são levadas a sério. Um dos avisos que são sempre ressaltados é “faça no seu tempo”, se não pode participar da ação, espere a próxima.

Nesse clima de colaboratividade elas chamaram a atenção de Val Becker, jornalista, radialista e umas das fundadoras da Web Rádio – e agora PodCast – Graviola, indicada para o Prêmio Especial do Juri da Associação Paulista dos Críticos de Arte e já levou três prêmios Profissionais da Música na categoria Web Rádio.

Agora a Coletiva faz parte do time da rádio e vai ao ar toda terça feira com o quadro Mundo Pink, que dá uma visibilidade especial às mulheres profissionais da música. Val conta que foi exatamente o fato de ser um Coletiva que chamou sua atenção, pois assim nada fica pesado para ninguém e todas que fazem, fazem porque gostam.

Brenda Zeni, a fundadora da Coletiva, acredita que é essa combinação de competências e vivências que faz com que a Coletiva seja tão rica.

Dessa forma seguem construindo planos para projetar o trabalho de cada uma que esteja disposta a

E hoje em dia, como é que se diz “Eu te amo” ?

Ilustração: Milton Keneddy (encontrada na página: http://miltonkennedy.blogspot.com/2010/03/aries-com-ascendente-em-peixes.html)

Sempre que escuto a velha Legião Urbana, entro em um portal do tempo/espaço e a cabeça viaja para um montão de memórias afetivas e pessoas, situações e etc. Música é fogo, nos transporta para antigos lugares e reflexões distintas.

Certa vez, há mais de uma década, em meio às canções (e entre as paixões, como diria Milton), que foram trilha sonora da longínqua adolescência, li um recado da Lorena Queiroz, minha prima “Loloca”, que morava em Brasília (DF) na época e hoje em dia está em Florianópolis (SC). Nele, ela disse: “Aí primo…quando leio estas coisas, até me aperta o coração, também te amo e morro de saudades. Beijo!.” (eu havia deixado na página dela do extinto Orkut duas palavras: te amo).

Vou explicar. Sou um cara cascudo, brabo, encrenqueiro, irônico e genioso, mas também sou amoroso com minha família e amigos. É uma sequência de “eu te amo para cá”, “eu te amo para lá” e assim vai. Isso acontece todos os dias, seja ao acordar e dar um beijo na minha mãe, ao telefone com o meu irmão (que mora em Belém), quando vou à casa da minha avó e digo “eu te amo” a ela e minha tia. Foi assim com várias outras pessoas que amo. Sim, amo uma porrada de gente, graças a Deus!

Não tenho vergonha de dizer “eu te amo”, principalmente quando sinto muita vontade. Sabem por que? Em 1996, meu avô faleceu em um acidente automobilístico. Eu estava em Belém, de férias. Retornei à Macapá e meu saudoso pai estava arrasado. Quando perguntei como ele estava, Zé penha (meu velho) foi categórico:

“Ta foda!”, e um “tá foda” descreve muito bem aquela situação. O que me marcou foi quando ele disse: “Nunca disse ao meu pai que eu o amava e eu nunca mais deixarei de fazer isso”.

Ilustração: Milton Keneddy (encontrada na página: http://miltonkennedy.blogspot.com/2010/03/aries-com-ascendente-em-peixes.html)

Aquilo foi um toque, desde então, não parei de declarar meu amor aos meus. Acredito que precisamos sempre dizer que amamos as pessoas que realmente amamos, seja um parente direto ou alguém que vale muito para você. Muitos lerão isso aqui e vão achar que é frescura ou algo assim, mas parafraseando o velho Renato (duas vezes): “O mundo anda tão complicado. E hoje em dia, como é que se diz: “Eu te amo.”?

Se você é um cara daqueles antigões, que acha isso uma grande besteira, tente bicho, verás como é legal. Afinal, esquisito é não expressar nada, isso sim é bobagem. Então fica a dica, digam “eu te amo” para seus pais, filhos, irmãos, parentes, cônjuges e amigos, se isso for “de rocha”, claro.

Valeu, Nilson. Até a próxima vez!

Homenagem do artista Andrew Punk

Sou razoavelmente bom em escrever textos de parabéns, mas não obituários. Difícil demais falar da passagem de amigos. Na noite de ontem (16), o competente advogado, pai apaixonado de dois moleques lindões, marido dedicado, contrabaixista (membro fundador da banda The Malk), maçon, flamenguista, amante de rock’n’roll, um dos maiores fãs de Cure e Smiths que conheço e brother das antigas da galera, Nilson Montoril Júnior, partiu para as estrelas.

Nilson no canto inferior esquerdo. Foto: arquivo de Elton Tavares

Nilson tinha vencido a Covid-19, após muitos dias de batalha, mas sofreu um infarto e partiu. Eu não era seu amigo de infância, como muitos queridos em comum e nem nunca fui de andar com o Montoril.

Gostava do cara, mas nem sempre foi assim. Na verdade, no final dos anos 90, tínhamos uma antipatia recíproca, natural de gordos boçais e metidos a besta (risos). Adroaldo e Adriano, amigos dele e meus também, sabiam.

Nilson no palco, tocando ao lado do Adriano. Foto: arquivo de Elton Tavares

Certa vez, perguntei ao Adroaldo: “Qual o motivo de vocês andarem com um cara genioso, brigão, safo, porém arrogante?”. O “Astro” disse: “Ele é amigo. Você precisa conhecê-lo melhor”. Realmente, o Nilson, ou “Maisena”, era um cara porreta. E todos os defeitos que eu enxergava nele eram também meus, do mesmo jeitinho. Claro que era rixa abestada, vencida pela convivência e amigos em comum. Sua lista de feitos nobres em prol dos amigos é extensa.

Foto: arquivo de Elton Tavares

Depois, o Montoril virou brother. Mesmo assim, discordávamos quase sempre. Aprendi a gostar dele. E acredito que ele de mim. Em 2004, ele e outros amigos fundaram a The Malk, a melhor banda cover de rock anos 80 e 90 que tivemos no Amapá. A gente ia aonde os caras tocavam. Bons tempos aqueles. Ele era uma espécie de Paul McCartney do grupo: meio rabugento, mas essencial para a organização de shows, ensaios e, consequentemente, sucessos que fizeram na época.

The Malk. Foto: arquivo de Elton Tavares

Lembro dele tocando em aniversários de amigos, no Liverpool, em boates. A gente sempre tava lá. Lembro quando ele se uniu ao Evandro e abriram o escritório de advocacia. Sempre torci pelo sucesso deles. Lembro dele brigando com o Adriano por ter esquecido algum instrumento ou com alguém da banda por um erro, após dias de ensaio. Ele sempre queria fazer o melhor. Tenho lembranças dele me convidando para entrar na Ordem Maçônica ou para um CarnaRock, convites que sempre recusei. O Nilson sabia dos meus motivos, mas não desistia de tentar me incluir.

Nilson com a gente, antes do show do Morrissey. Brasília (DF) – 2015. Foto: arquivo de Elton Tavares

Nos encontramos no show do Morrissey, em Brasília (DF), em 2015. Após um bom tempo, foi legal conversar com o cara de novo. Já no ano passado, a The Malk se reuniu e fez um Tributo ao The Cure. Quando cheguei no Bar do Vila, local da apresentação, Nilson disse:”porra, pensava que tu não vinha”. Como eu poderia deixar de ir? A música sempre nos uniu.

The Malk, em show antológico de 2019. Foto: arquivo de Elton Tavares

Cheguei a conversar com o brother no dia 8 de novembro. Nunca imaginaria que seria o último papo. A verdade é que o Montoril tinha personalidade, não queria e nem tentava ser legalzão e mesmo assim e era “considerado”. Sim, a gente gostava dele. Era um cara muito inteligente, profissional, responsável e absurdamente louco por sua família e amigos.

Minhas sinceras condolências ao professor Nilson, pai dele (amigo de meu avô e de minha família), sua mãe, irmã Débora, sua esposa Aneliza, aos seus filhos Lucas e Gustavo, estendo aos demais familiares e amigos enlutados.

Com o Nilson, em 2016, no TRE/AP.

Posso viver muito, mas nunca vou me acostumar com a partida de alguém querido. Quando chega o momento, sempre concordo com o escritor Mario Quintana: “a morte chega pontualmente na hora incerta”. Imagino como estão os seus amigos que eram mais amigos dele do que eu. Se aqui já doeu, alvará neles. Li o post do Marco Leal no Facebook e doeu mais um pouco. É assim mesmo.

A morte do Nilson dói, pois além da partida de um cara bacana, morre parte do passado, de nossas memórias afetivas. O fato é que sentiremos saudades. Hoje é um dia Triste. Até a próxima vez, Montora. Que tu sigas na paz e pela luz.

Elton Tavares

Cinco anos do show de Morrissey, em Brasília

Steven Patrick Morrissey, tido para muitos como o maior inglês vivo, fez um show dia 29 de novembro de 2015, em Brasília (DF). A apresentação rolou na casa de espetáculos NET Live. Eu e um grupo de amigos, irmão e cunhada, estávamos lá. Foi um daqueles momentos únicos na vida. Há exatos cinco anos e um dia.

Com sua inconfundível voz, topete, dancinhas e jeito marrento, Morrissey fez uma apresentação para fãs de sua carreira solo. Mas também levou três canções dos Smiths, sua antiga banda.

Nós ficamos na Pista Premium, pertinho da lenda viva do rock alternativo britânico. Foi um lance quase inacreditável, pois passamos a vida cultuando o artista e ele tava ali, a metros de nós. Muito doido!

O show iniciou às 21h30. O cantor, ex-integrante da banda Smiths, abriu logo com Suedehead, um de seus maiores sucessos.

Para os fãs somente dos Smiths, o repertório talvez tenha decepcionado, mas Morrissey já fez o mesmo em outros shows dessa turnê, denominada “World Peace Is None of Your Business”, aliás é o mesmo nome de uma das canções executadas no show.

Mas Morrissey possui uma carreira solo sólida e de muito sucesso. Não à toa a casa de shows estava lotada com um público ávido por escutar suas canções. E teve de tudo, desde o cara tirar a camisa e jogar para a plateia a ativismo contra o consumo de carne (o cantor inglês é vegetariano e acredita que matar animais para consumo é assassinato).

Suedehead, Everyday Is Like Sunday, First of the Gang to Die e This Charming Man levantaram o público e matou a sede até dos que queriam escutar Smiths.

Com 30 anos de carreira e 56 de idade (na época), Morrissey se recuperava de vários problemas de saúde, o mais grave é um câncer no esôfago, mas apesar disso, o cara mandou muito bem, pois foi um show de 2h10 de duração, cheio de energia, atitude e talento, muito talento. Mas dizer isso deste ilustre britânico é uma redundância tremenda.

Estou muito feliz por ter vivido aquilo, principalmente com o Emerson (meu irmão), Andresa (cunhada), Anderson, Adê, Cid e Patrick, todos companheiros de aventura, viagem e grandes amigos nessa doideira que é a vida. É, trabalhamos muito, mas fazemos o que amamos. Com toda a certeza, um domingo inesquecível.

Ah, outra coisa muito legal é que fotografei um dos maiores mitos da história do rock e constatei que, definitivamente a Rainha Não está Morta. Vida longa ao Moz!

Elton Tavares – Texto e fotos

Sobre tardes de sábado, luthiers e contrabaixos – Crônica de Manoel do Vale

Foto: Manoel do Vale

Crônica de Manoel do Vale

16h15.

Abro a grade do portão com os olhos procurando uma nuvem no horizonte que anunciasse chuva ou um tempo mais fechado. Nada, além umas patéticas nuvens esparsas ordenadas em finas colunas, se diluindo no azul, como se fossem as costelas de um carneiro bem magro.

Calculei tempo de deslocamento de bike do Centro até à rua Socialismo, indo pelo Pantanal, no Renascer. A missão: chegar à oficina do Helder Melo.

Baixista com lugar na história da trilha sonora da cidade de Macapá (e região amazônica), Helder é um dos mais novos e dedicados profissionais da luthieria aqui na cidade, arte que o ajudou a superar as crises e garantir saúde e uma renda que lhe assegura investir mais e melhor no oficio que é também uma paixão.

Foto: Manoel do Vale

Um amigo me presentou (compulsoriamente) com um meio zoado violão esquecido em meu ap. Gosto de violões e olhar aquele coitado pedindo um dono cortava meu coração. Decidi adotá-lo, pois estava precisando de cuidados profissionais. E isso faz um tempo já.

Tempo limpo, empenhei pedalada ao Renascer, onde iria dar vida nova ao instrumento. Pelos cálculos dava pra ir e voltar antes do apagão que aterroriza a cidade após cada novo crepúsculo.

Helder mora em uma casa de tez sóbria, onde as plantas ocupam bom espaço. Ali ele vive com a mulher e um filho e mais uns 30 instrumentos, entre contrabaixos e violões.

Foto: Manoel do Vale

O contrabaixista que desponta como um profissional de time grande na luthieria local, faz parte da história moderna da música amapaense, que, em meados da primeira década deste século, quando o rock e suas ramificações e influências caiam feito chuva na cabeça da juventude (hoje na faixa dos 40 anos) que botou o Amapá na trilha dos festivais, com Quebramar e Amapá Jazz, duas grandes vitrines da música do amapaense, e seu portal de acesso às experiências exteriores na cena da música contemporânea brasileira e mundial.

Legal quando você vai à oficina do profissional e lá o vê emergir do fundo de todos aqueles elementos que compõem seu universo, onde conserta e cria contrabaixos e também vai dar um up no meu combalido violão.

Helder Melo – Foto: Manoel do Vale

Em seu diminuto universo, Helder Melo falou de atitude, paixão e ídolos na constelação dos luthiers e me mostrou o som diferente de uma peça que ele estava trabalhando, uma aquisição totalmente restaurada. Tocou este e mais um baixolão. Instrumento que nunca tinha visto de perto.

Sai de lá pensando e fazer música.