Minha mais que maravilhosa mãe, Maria Lúcia, gira a roda da vida pela 70ª vez. Feliz aniversário, amor!

Maria Lúcia, minha mais que maravilhosa mãe, gira a roda da vida pela 70ª vez (com rostinho e astral de quem vive a eterna juventude) neste terceiro dia de fevereiro. Sempre escrevo textos de felicitações para meus afetos, mas para mamãe é sempre mais difícil, pois a maior responsabilidade está sempre nos nossos maiores amores… mas vamos lá. Afinal, nunca fui de economizar em declarações de amor.

Mamãe é um exemplo de perseverança, obstinação e amor que moldou sua jornada. Agradeço sempre a Deus a sorte e honra de ser seu filho. Para mim e Emerson, meu irmão, Lucinha sempre deu tudo que há de melhor nela. É difícil contar toda essa história em um só texto de aniversário.

Mamãe também é vó coruja e amorosa da pequena Maitê, esposa parceira do Enilton, amiga fiel e de quem tem a sorte de ter sua amizade.

Orientadora educacional e professora aposentada, mamãe trabalhou muito, desde bem novinha, para vencer na vida. Ela conseguiu e batalhou muito para dar o melhor para seus filhos, sua mãe e seus irmãos.

Essa senhora de 70 fevereiros, carrega o peso da vida com a graça de quem aprendeu a dançar com o tempo. Maria Lúcia desafiou o destino e esculpiu seu próprio caminho.

Esta mulher, bruta e amorosa ao mesmo tempo, carrega em si a dualidade que permeia a condição humana. Sua teimosia é como um escudo que a protegeu nas batalhas diárias, enquanto sua obstinação foi a chama que a impulsionou a ultrapassar limites. E em meio a tudo isso, seu coração, fiel e vencedor, pulsou com o ritmo da dedicação incansável.

Difícil contabilizar tudo que ela já fez por mim e pelo meu irmão. Aliás, muito mais por mim, seu filho mais velho. A nossa “Lucinha” é uma mulher espetacular e admirável. Ela personifica os amores que tem e realmente faz valer seus dias por cada um de nós.

Mamãe é íntegra, honesta, inteligente, batalhadora e decente. Lucinha sempre foi a luz do meu caminho e o amor que sempre zelou por mim. Ah, ela tem a reza mais forte que conheço e quando tenho problemas, peço suas orações. Sempre sinto que sua oração e bênção são mágicas poderosas e me protegem.

Dela, herdamos atitude e firmeza. Eu e Emerson talvez não fôssemos trabalhadores e todo o resto de coisas legais que nos tornamos, se não fosse por conta da Lucinha. Ela é meu anjo da guarda, minha conselheira e benzedeira, inteligente e sábia. Além de melhor cozinheira do mundo. Ela sempre foi e sempre será minha melhor amiga. Se tem uma coisa de que me orgulho nessa vida, é de ser seu filho.

Em resumo, completa 70 anos neste terceiro dia de fevereiro, minha amiga para todas as horas e a pessoa que mais fez por mim durante meus 47 verões. Mamãe sempre foi meu farol na tempestade, sempre me guiou com sua luz pelo labirinto da existência.

Mãe, que Deus continue a lhe dar saúde. Que os anos se dobrem à sua frente e que tua vida seja longa. Que a senhora siga com essa sabedoria, sexto sentido e alegria (e brabezas) que lhe são peculiares, pois a jornada é seguramente mais porreta porque tenho o seu amor. Nossas existências se cruzaram nesta e espero que assim seja nas próximas vidas. Te amo, Lucinha. Feliz aniversário!

Elton Tavares e Emerson Tavares (pois como irmão mais velho, posso falar pelo Merson).

TOIA DULCE (homenagem à , Primeira Mãe-de-Santo do Amapá) – Crônica de Fernando Canto

Por Fernando Canto

Macapá, a cidade mais fortificada ao norte do Brasil, fora um burgo intransponível para o novo, com suas mazelas de facas que cortavam as águas do Amazonas.

E o novo se escondia entre a liberdade de falar com estranhos deuses e a rebentar com a força das marés os impedimentos e os muros da hegemonia dominante do catolicismo.

Um dia houve a permissão para o estabelecimento da matriz africana sob o sol causticante do equador, e eles, os orixás, vieram tímidos se instalar sob a guarda da pálida lua que nasce bela no continente africano para romper com seu clarão indescritível o estuário do rio.

Foi então que a alma, a intangível alma dos determinados, encarnou a pele ancestral do mundo para transformá-lo em referência de luta e esperança a todos que sabiam, mas não podiam reverenciar suas raízes.

Foi então que Toia Dulce, a princesa da tradição, encarnou definitivamente o novo, quebrando o antes inacessível muro social e religioso, que aos poucos foi desmoronando, mesmo contra as reações dos poderosos.

Foi então que a história protagonizou a mão de Toia Dulce para direcioná-la aos caminhos do bem, do amor e da caridade, em constante luta contra o preconceito e a discriminação sofrida pela família, até o reconhecimento de alguns pela sua prática religiosa, depois tão solicitada.

Essa mesma mão que curava com suas ervas e unguentos a dor dos pobres, das crianças e dos desesperados, fulgurava na sua humildade pelas manhãs macapaenses, nem sempre descansando, mas pensando na melhoria do mundo, no embalo de uma cadeira, no pátio de sua casa no velho bairro da Favela.

Tia Dulce, Mãe Dulce, Toia Dulce, era, sim, a mesma mulher transfigurada de humildade e detentora do orgulho de ser negra, benzedeira e curandeira, e ser humano de aura mística mais esplendorosa.

Toia Dulce se foi rompendo silêncios, quebrando medos e construindo e deixando segredos e novas formas de lutar contra o medo. Deixou palavras aladas, cânticos e amores pelas memórias e pelos corações dos que com ela aprenderam a sonhar e a lutar. Deixou em curso o descascar da fruta e o renovar da pele contra as máscaras invisíveis da vida.

Eu lembro. Eu a vi ali, tantas vezes no dia dois de fevereiro, com seu bailado e seu canto a banhar com água benta os que precisavam mudar suas vidas. Eu vi. Eu lembro. O seu sorriso doce como as águas do Amazonas que levam neste instante nossas oferendas a essa princesa que reinou e nos deixou o tesouro de sons e amores, onde não cabem sombras, apenas luzes para sempre. Saravá!

(*) Homenagem à dona Dulce Moreira, Primeira Mãe-de-Santo do Amapá

NOTA. Toia= Termo feminino derivado de Toi, que significa Pai na tradição Jêje maranhense. No Pará trata-se de um termo anteposto ao nome de uma entidade para indicar sua ascendência nobre.

*Republicado por hoje o Dia de Iemanjá.  

Alcilene Cavalcante gira a roda da vida. Feliz aniversário, Lene! – @alcileneblog

Com Veridiano, Berna, Ivaldo, Alcilene e Bruna. Almoço/Confra em 2023

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amor ou amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Neste trigésimo dia de janeiro, a muito querida Alcilene Cavalcante, gira a roda da vida e fico feliz pelo seu ano novo particular, pois a Lene é gente fina!

Alcilene é superintendente do Sebrae/AP, administradora, jornalista, blogueira, que pilota seu site homônimo, antigo “Repiquete no Meio do Mundo”, agente cultural & política, incentivadora da gastronomia local, entre outras muitas coisas de sua vida profissional. Aliás, sua competência é comprovada em tudo que se propôs a fazer. Basta ver sua trajetória e resultados. Ela manda bem na administração pública e quanto no jornalismo, política e marketing.

Com a Bruna, Patrícia e Lene – Encontro em 2024

Lene também é a mãe dedicada e amorosa do Ricardo e Gabriel, irmã parceira da Alcinéa, apaixonada e vencedora pirata da batucada, amante de carnaval, ex-assessora técnica do Ministério Público Estadual (MP-AP), ex-colega de trampo e broda-conselheira minha (e de muitos). Já disse e repito, Alcilene é uma pessoa honesta, inteligentíssima, culta, viajada e influente.

Ressalto aqui que devo uma lista corrida de conselhos, ajuda/socorro em momentos complicados e, sobretudo, apoio profissional como jornalista e assessor de comunicação à Alcilene. Devo ainda pelo incentivo que ela deu na minha carreira de escritor. Sou muito grato sempre e isso é preciso ser dito.

Com Cereja e Lene, em 2022

Ah, como gratidão sempre deve ser lembrada, deixo aqui meus agradecimentos públicos a essa mulher. Lene, obrigado pelo apoio ao longo desses quase seis anos que trabalhamos juntos. E também pela ajuda que você me deu nas assessorias que trabalhei. Sou grato por tudo, mesmo!

“Quem trabalha com comunicação já teve como inspiração a Alcilene. E se teve algum momento de troca, pegar conselhos etc., você é uma pessoa de sorte! Eu costumo dizer que ela é o tipo verdadeiro de influenciadora, não à toa quem lembra da marca Chandon, aqui no Amapá, lembra da Alcilene! Então nada mais justo que um brinde com essa deliciosa bebida e desejar cada vez mais sucesso e brilho pra Alcilene Cavalcante“, disse a publicitária Bruna Cereja, também amiga da Lene e minha namorada.

Em resumo, se é que dá pra resumi-la, Alcilene Cavalcante é uma pessoa com energia contagiante e um grande coração. A personificação de força, determinação, empatia, firmeza, generosidade, senso de humor, lealdade entre outras paideguices/virtudes que lhe são peculiares.

Alcilene, que teu novo ciclo seja ainda mais feliz, produtivo e iluminado. Que sigas pisando firme e de cabeça erguida em busca dos teus objetivos e que tudo que couber no seu conceito de sucesso se realize. Que a Força sempre esteja contigo. E que tua vida seja longa, repleta de momentos porretas. Parabéns pelo seu dia, Lene. Feliz aniversário!

Elton Tavares (e Bruna Cereja). 

Hoje é o Dia da Saudade – Minha crônica sobre a data nostálgica

Hoje, 30 de janeiro, é “comemorado” o Dia da Saudade. Não encontrei o porquê de hoje ser destinado à falta de alguém ou um lugar. Só sei que todo dia é dia de sentir saudade. O conceito diz: “Saudade: Substantivo feminino – Lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las; nostalgia”.

De origem latina, saudade é uma transformação da palavra solidão, que na língua escreve-se “solitatem”. Com o passar dos anos, assim como outras palavras se transformam de acordo com as variações da pronúncia, solitatem passou a ser solidade, depois soldade e, finalmente, saudade. Palavra que só existe na língua portuguesa.

Bom, eu sou um cara saudoso de tanta coisa. Sinto saudades absurdas do meu pai. Grande saudade do meu avô paterno, de alguns parentes e amigos que partiram para outra vida (ou plano, como quiserem) como meu tio Itacimar (Ita).

Tenho saudade diárias do meu irmão, que reside em Belém (PA) e amigos que moram longe. Também sinto falta dos antigos amigos, que marcaram minha história positivamente e hoje em dia , por algum motivo, não fazem mais parte da minha vida.

O escritor Charles Baudelaire disse: “aos olhos da saudade, como o mundo é pequeno”.

Quem dera ser tão simples. Já o poeta Paulo Leminski frisou “Haja hoje para tanto ontem”. Só que o Raul Seixas, o mais maluco dos compositores, foi mais enfático ainda ao dizer: “a saudade é um parafuso que, quando a rosca cai só entra se for torcendo, porque batendo não vai, mas quando enferruja dentro, nem distorcendo não sai”. Perfeito!

Sinto saudade da minha infância, da falta de responsabilidade e dos dengos da minha avó Peró. Saudade dos tempos do Colégio Amapaense, das memoráveis festas de rock, amanhecidas, dos bons tempos com ex amigos, da velha equipe de comunicação e até das boas brigas. É, a gente botava pra quebrar!

Sinto saudades do jornalista e amigo querido Tãgaha Luz, que nos deixou e seguiu para a redação celestial. Que saudades desse cara!

A maior saudade é da Perolina Penha Tavares, nossa linda e cheiros matriarca. Pois as saudades do papai, vovô, tio e amigos que já partiram estão calejadas pelos anos. A falta da Peró ainda não, mas com o tempo será amenizada. O amor por essas pessoas nunca passará, assim como as saudades, mas o tempo melhora o sofrimento do coração.

Deus, graças a ele, sobrevivi aos anos 90. Era tudo tão surreal, tão perfeito, tão legal, doce ilusão. Saudades daqueles anos vividos intensamente! Sinto saudades até de ter saudades de alguns que foram tão importantes e agora não passam de mais um rosto na multidão.

Saudades do tempo que era “inocente, puro e besta” como disse Raul Seixas

Sinto saudades de tanta coisa. Mas, como tudo na vida, há saudades justificáveis.

Também sinto saudades da época que era inocente, que não era tão duro, tão egoísta, tão cético e cínico. A saudade é alimentada pelas ternas lembranças guardadas na memória e no coração. E é tanta coisa que nem dá pra listar aqui. Isso acontece todos os dias e não somente hoje.

Li em algum lugar que, “se sentimos saudades, é porque valeu a pena”. Vida que segue. E graças a Deus, segue feliz, pois não tenho do que reclamar, já que tenho uma existência porreta ao lado de pessoas que amo, mesmo com minhas saudades. É isso!

Elton Tavares

Nostalgia Plástica – Crônica de Fernando Canto

Crônica de Fernando Canto

Na volta de uma viagem perguntei ao meu neto de três anos se ele tinha sentido saudade. Ele disse que não sabia. Insisti: – Você sabe o que é saudade? Ele respondeu-me que era “uma coisa errada” e correu para me mostrar as novidades e as experiências que adquiriu nos dois dias de minha ausência, encerrando o assunto.

Minha pergunta estava eivada de preocupação, após mergulhar num sentimento raramente sentido: o da nostalgia, ocorrida no lugar para o qual viajei. Para algumas pessoas ela acontece como uma espécie de dor voluntária, causada pela vontade de estar no passado, vivendo uma vida prazerosa e feliz. A nostalgia é um tipo de dor do exílio, da vontade de voltar ao lugar de origem depois de um longo período obrigado a morar em terra estrangeira, e não se adaptar a ela, segundo rezam os dicionários. Para outras pessoas ela é mais dura. È uma melancolia que demonstra claramente um estado de tristeza e de languidez, por desgosto ou pesar, que pode evoluir para um processo mais sério em nível de afecção mental, inclusive com a perda do interesse pela vida, com tendência ao suicídio e delírio de auto-acusação.

Mas calma lá. A melancolia é uma coisa. È um estado mórbido que leva a situações inconseqüentes e irreparáveis como o suicídio. A nostalgia é a palavra que usamos para suavizar a melancolia. É como a saudade de algo ou alguém, de pessoas ou de coisas distantes. É uma “lembrança nostálgica”, que ocorre de forma leve e suave, mas que carrega seguramente um inevitável desejo de tornar a vê-las, pegá-las, possuí-las.

Humberto Moreira

Por essa situação passamos todos nós. Eventualmente enxergamos pessoas que não vemos há muito tempo e quando elas passam, ao longe, sem saberem que estamos ali, em certo lugar, temos vontade de falar com elas. Entretanto somos impedidos por algum obstáculo, por alguma barreira física. Só nos resta, então, lamentar que nunca mais as veremos. Fica um buraco no coração, uma sensação de vazio, de frustração. A nostalgia é plástica a meu ver. Eu dou a ela a expressão que quero: formas e cores, linha e volume.

Não quero aqui entrar na questão dos acontecimentos pessoais que levam as pessoas ao suicídio, assunto de patologia social de alta morbidade em nosso Estado, considerando as estatísticas bolerianas amplamente divulgadas nos jornais de Macapá. Quero, sim, dizer o quanto essa questão pode balançar a vida e os conceitos sobre o mundo e as pessoas.

Devo contar que o radialista Humberto Moreira certa vez foi visitar um amigo no Rio. Caminhando pela Avenida Rio Branco ele percebeu que era seguido por um sujeito corpulento de camisa “tremendão”. Pens

ou: “Tô assaltado”. Mas conseguiu driblar o marmanjo. Olhou para os lados e seguiu adiante. Quando estava chegando a seu destino sentiu o toque nas costas e se preparou para entregar a carteira. De repente ouviu do suposto assaltante: “Tu num é o Humberto Moreira da Bola é Nossa?” Humberto sentou pálido, embaixo da marquise do edifício da White Martins e se comoveu com a chorosa história do rapaz, que era de Santana, seu fã, que o conhecia da televisão. Estava há mais de um ano sem ver uma cara conhecida no Rio de janeiro.

Creio que meu neto está certo, pois as crianças são certeiras. A saudade é mesmo uma coisa errada. Mas a nostalgia, essa sim, é plástica.

*Texto de 2017, republicado. 

Continuo em frente e com a força de sempre! – Crônica de Elton Tavares – *Do livro “Crônicas de Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”

Eu continuo trabalhando muito, pois adoro minha profissão. Continuo sincero, contudo áspero. Eu continuo diferenciando puxa-sacos de profissionais, apesar de muitos não terem tal discernimento. Eu continuo honesto, apesar das propostas indecorosas. Continuo pobre, contudo sem telhado de vidro ou rabo de palha. Como sempre, não acompanho a moda convencional, mas fico ligado na underground.

Vivo a celebrar minha existência com a família e os amigos. Permaneço bebendo mais que o permitido, mas nunca fui ou sou um bêbado enjoado. Sigo boêmio inveterado, só que muito menos que antigamente. Continuo apaixonado pela boa música, mas extremista com alguns gêneros musicais. Sigo com meu amor pelo Rock and Roll, MPB e Samba. Continuo apaixonado pelo Carnaval, mas só na época mesmo.

Eu continuo exigente, mas sempre à procura da facilidade. Continuo antipático para alguns e paid’égua para a maioria. Continuo assumindo meus erros e brigando pelos meus direitos, custe o que custar. Continuo sem intenção de agradar a todos, mas acertando mais que errando. Ainda sou Flamengo, mas não brigo mais quando o time perde, até dou risada da encheção de saco dos adversários.

Eu continuo tirando barato de erros grotescos, mas aguento as consequências quando falho. Continuo escrevendo, mas com a consciência de nem sempre agradar. Continuo a me irritar com a necessidade de tanta gente de aparecer ou ser admirada, mas não sou totalmente desprovido dessa soberba.

Continuo convivendo com figurões e anônimos, sem deslumbre ou desdém, pois é assim que deve ser. Ainda faço mais amigos que inimigos, apesar dessa segunda lista aumentar consideravelmente a cada ano. Permaneço gordo, feio e arrogante, entretanto, respeitoso, justo, bom de papo e sortudo. Sigo “Eu Futebol Clube”, sem falso altruísmo e sempre aviso: se resolver encarar, é bom se garantir.

Continuo insuportavelmente ranzinza, mas incrivelmente querido pelos meus familiares e verdadeiros amigos. Prossigo acreditando nas pessoas, apesar de elas me decepcionarem sistematicamente. Continuo amando, odiando, ignorando, provocando, aplaudindo e vaiando. E sempre fazendo o que precisa ser feito pra manutenção da minha felicidade e do bem das pessoas que amo, mesmo que seja algo egoísta. Resumindo, continuo correndo atrás e com cada vez mais motivos pra permanecer sorrindo.

Elton Tavares

*Do livro “Crônicas de Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em setembro de 2020.

Mazagão Velho, a cidade que atravessou o oceano, completa 254 anos – Crônica/resgate de Elton Tavares

Mazagão Velho – Foto: Gabriel Penha. Ruínas de uma igreja construída no século XVIII – Foto: Hélida Penafort Mazagão Velho, no frame de vídeo (documentário em produção) cedido pelo amigo Aladim Júnior Antigo cemitério de Mazagão Velho, no frame de vídeo (documentário em produção) cedido pelo amigo Aladim Júnior Prefeitura de Mazagão – Foto: Elton Tavares

Crônica/resgate de Elton Tavares

Mazagão Velho completa 254 anos de fundação hoje (23). A minha família paterna veio do Mazagão, não do Velho, mas do “Novo” (que não tem nada de novo). Bom, vou falar um pouco da cidade e depois da relação do local com o meu povo.

O município de Mazagão tem uma história peculiar, rica em detalhes sobre o Amapá. Mazagão foi fundada porque o comerciante Francisco de Mello pretendia continuar com o comércio clandestino de escravos, mas pressionado pelo governador Ataíde Teive, resolveu cooperar, fornecendo índios para os serviços de construção da Fortaleza de São José, na capital do Amapá, Macapá.

Foto: Gabriel Penha

Em retribuição, foi anistiado e agraciado com o título de capitão e diretor do povoado de Santana; mas, por conta de uma epidemia de febre, que acometeu os silvícolas, foi transferido para a foz do Rio Manacapuru, e, pelo mesmo motivo em 1769, para a foz do Rio Mutuacá.

Em 10 de março de 1769, D. José I, Rei de Portugal (POR), desativou a cidadela de Mazagão, na então colônia do Marrocos (MAR); eram 340 famílias sitiadas pelos mouros. Elas foram transferidas para Belém (PA). Para alojar estes colonos, o governador mandou construir um povoado às margens do Rio Mutuacá. Em 7 de julho de 1770, começaram a ser transferidas 136 famílias para a Nova Mazagão, hoje cidade de Mazagão Velho, como já se denominava o lugar, pois desde o dia 23 de janeiro de 1770, havia sido elevado à categoria de Vila.

Acervo familiar.

Na verdade, meu saudoso avô paterno, João Espíndola Tavares, nasceu na região do alto Maracá, no Sítio Bom Jesus – localidade de difícil acesso. Para chegar ao local, as embarcações precisavam passar por muitas cachoeiras do município de Mazagão. E minha santa vó, Perolina Tavares, bisneta do senador do Grão Pará, Manoel Valente Flexa (que foi manda-chuva em Mazagão, no tempo em que lamparina dava choque), também nasceu naquelas bandas. Ah, meu vô foi prefeito do Mazagão (preso pelo golpe de 1964, a então “revolução”).

Lá eles namoraram, casaram e constituíram família. Meu pai, Zé Penha e meus tios Maria e Pedro, nasceram no Mazagão. Os filhos mais novos do casal, Socorro e Paulo, nasceram em Macapá, onde minha família paterna é uma das pioneiras. Meu avô partiu em 1996 e meu pai depois dele, em 1998. Mas a família Tavares preserva a dignidade, o respeito e a amizade – fundamentais para a vida – aprendidos no Mazagão e trazidos para a capital amapaense.

Eu, com vó e vô. Gratidão! – Mazagão (AP) – 1978

Quando criança, fui ao Mazagão, mas não tenho essas lembranças na cachola dessa época. Retornei ao município em 2009, quando meu avô foi homenageado na Loja Maçônica da cidade, por ter sido um de seus fundadores. Depois, em 2010,  para cobrir a Inauguração da Ponte sobre o rio Vila Nova, na divisa da cidade com a vizinha Santana. Em 2012, para a cobertura do aniversário de fundação da antiga vila e em 2022, quando nos despedimos de nossa matriarca, a vó Peró, ao jogarmos suas cinzas no Rio Mutuacá.

É, minha família paterna veio do Mazagão (na década de 50). De lá trouxe uma nobreza que admiro e muito me orgulho. Não sei explicar a sensação de ir lá, mas a senti todas as vezes. Parece um lugar em que já estive há muito, muito tempo. Quem sabe noutra passagem por aqui. Do que tenho certeza, é que tais raízes nos deram muita cultura, histórias legais e respeito às tradições. Meus parabéns, Mazagão!

Arte: Secom/TJAP

*Este texto, atualizado para hoje, é parte da monografia que escrevi para o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Comunicação. E também é um entre os 60 escritos do livro “Crônicas de Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, de minha autoria, lançado em 2021.

Ainda sobre Mazagão Velho, assistam a reportagem do programa “Repórter da Amazônia | Mazagão”:

Sobre Macapá, Mazagão e meu avô, João Espíndola – por Bellarmino Paraense de Barros

 *O texto é de 1997. O recorte de jornal foi um presente da minha amada tia Maria Conceição (A “Penha”). Adorei a forma que o senhor Bellarmino redigiu e contextualizou os fatos para enaltecer a pessoa do meu avô, falecido um ano antes do autor escrever esse belo registro. 

Repórter cinematográfico Marcelo Lima gira a roda da vida. Meus parabéns, amigo!

Eu e Marcelo Lima – Pedra Branca do Amapari (AP) – 2011 – Foto: Márcia do Carmo

Sempre digo que o jornalismo me trouxe muitos amigos. Alguns inimigos também, mas isso faz parte. Também sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Neste décimo oitavo dia do ano gira a roda da vida pela 55ª vez, o querido Marcelo Lima, um baita cara e um brother que dou muito valor!

Marcelo é repórter cinematográfico dos bons. Experiente, Marcelo fez parte da antiga equipe de jornalismo da TV Amapá. Atualmente, é conselheiro de cultura do município de Macapá e vice-presidente da associação do audiovisual.

Eu e Marcelo Lima – Comunidade de Pau Mulato (próxima ao Arquipélago do Bailique) – 2011 – Foto: Márcia do Carmo

Além de excelente profissional (chega a ser enjoado de tão técnico e perfeccionista) é um cara bacana, trabalhador e um cinegrafista com quem eu mais dividi pautas na vida, como jornalista. Estou feliz pelo ano novo particular deste brother que pouco vejo, mas considero.

Lima é filho, pai e avô amoroso, vascaíno sofredor, mão-de-vaca (muito travoso) e sósia do cantor Amado Batista (só que ainda mais feio que o cantor de música escrota, porém de muito sucesso, como todo cantor de música escrota).

Trabalhei dois anos com o Marcelo, em 2011 e 2012, na assessoria de comunicação do Governo do Amapá. Juntos, cobrimos os mais variados eventos, percorremos as estradas do Estado, fomos aos 16 municípios e dezenas de localidades. Trampamos durante dias e noites, tomamos sol e chuva, dividimos comida, rachamos quartos de hotéis e nos ajudamos incontáveis vezes; tudo para que o trabalho fosse executado com sucesso. Além disso, tomamos o equivalente a umas 50 caixas d’água, mas de cerveja, nesse período.

Eu ficava muito puto quando estávamos dentro de um avião e ele dizia: “gordo, essa porra não cai, fica frio”. Mas eu seguia “cabreiro” até o destino, pois detesto voar. De aeronave monomotor ou bimotor então, é pânico. Mas o Marcelão ficava sempre impávido. A gente já até quase morreu na estrada, avião monomotor dando sacode, lancha já bateu em pedras, ficamos em atoleiros, mas se eu for contar todas as histórias que vivemos não termino esse texto de parabéns.

Encontrei o sacana ano passado, no Museu Sacaca. Foi bom rever o Marcelo. Lima, mano velho, que teu novo ciclo seja ainda mais porreta. Que sigas com saúde e sucesso junto dos teus amores. Que não te falte força e sabedoria pra gerir teus atos. Tu és um cara porreta e um bom companheiro com quem tive a honra de trampar nessa louca área de atuação.

Por tudo dito/escrito acima, desejo tudo de melhor nessa vida para o Lima. Mano, que sigas com saúde, pois tu te garantes. Que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com essa sabedoria e coragem. Que tudo que couber no teu conceito de sucesso se realize. Que a Força sempre esteja contigo. Que tua vida seja longa. Parabéns pelo teu dia, Marcelo. Feliz aniversário!

Elton Tavares

O multifacetado artista criador/pai do Capitão Açaí, Ronaldo Rony e o escritor Ronaldo Rodrigues, giram a roda da vida pela 58ª vez. Feliz aniversário, RR!

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Neste décimo sétimo dia do ano gira a roda da vida pela 58ª vez, os queridos Ronaldo Rodrigues & Ronaldo Rony. Para a nossa sorte, dois malucos que habitam o mesmo avatar e tornam as nossas vidas menos ordinárias. São gênios e baitas caras, que dou muito valor!

Ronaldo é pai do Pedro e do Artur, marido da Maria Lídia, escritor, poeta, roteirista, ilustrador, documentarista, cronista, cineasta, quadrinhista, pai do Capitão Açaí (entre outros tantos personagens), cartunista, remista e torcedor do Grêmio. Um artista brilhante e imparável (como diz o amigo Fernando Canto, no sentido de nunca parar), em todas essas áreas e um cara amado por sua família e amigos, além de ilustre colaborador deste site e brother muito querido deste editor.

Já disse e repito, o figura é um artista ímpar, tanto redigindo, quanto atuando no audiovisual ou desenhando seus cartuns. A genialidade do figura é tão caralhenta quanto sua paideguice, pois o cara é demais porreta.

Paraense de nascimento e já amapaense no coração, Ronaldo é um genial louco varrido. Quando bebia, ele se equilibrava bêbado, mas nunca caía na vala de uma vida ordinária. Original como poucos, Rony é um cara que admiro. Dono de uma mente fantástica e barulhenta, ao mesmo tempo é discreto e modesto.

Ronaldo é um cara tranquilo, sempre inquieto, instigado, inventivo, surpreendente e perspicaz. Crítico ácido e bem-humorado, brinca com tudo. Ri de todos e até dele próprio, de forma inteligente e espirituosa. Sempre com uma crônica bem redigida ou um cartum visceral, o maluco faz a nossa alegria, pois somos fãs do seu trabalho. Gosto muito dele. É um cara honesto, trabalhador e do bem.

Além de tudo já escrito e descrito aí em cima, Ronaldo é um cartunista premiado dentro e fora do Brasil, ele possui quatro livros publicados, é decano do Coletivo Quadrinhos do Amapá e veterano do movimento audiovisual amapaense, entre outras facetas.

Tenho a sorte e a satisfação de receber, vez ou outra (CADA VEZ MAIS RARAMENTE), crônicas, contos e poemas seus para publicação neste site.

Em 2019, Ronaldo fez as ilustrações do meu livro, “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”, lançado em 2020. Da mesma forma, ele ilustrou a minha obra “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, lançada em 2021. Em ambas as publicações, ele fez um puta trampo. Dizer que Ronaldo é PHoda é redundante. Ter esse cara como parceiro é uma honra pra mim.

Ronaldo é um verdadeiro mestre da arte, um alquimista que transforma traços em histórias, e sorrisos em personagens inesquecíveis. O talentoso desenhista, cartunista, escritor, quadrinhista e criador de mundos extraordinários.

Ao longo dos anos, RR emprestou sua genialidade a várias formas de expressão artísticas ao Amapá. Como o famoso e emblemático Capitão Açaí, uma criação que conquistou corações e se tornou uma figura icônica. A imaginação vibrante por trás desse super-herói regional reflete não apenas suas habilidades inventivas, mas também sua conexão profunda com a cultura e identidade locais.

Enfim, Ronaldo, mano velho, “TU SAAAAABES”…Que teu novo ciclo seja ainda mais feliz, produtivo e iluminado. Que sigas pisando firme e de cabeça erguida em busca dos teus objetivos e que tudo que couber no seu conceito de sucesso se realize. Que a Força sempre esteja contigo. Que sigas com muita ins-piração, saúde e magia que só tu consegues criar, velho amigo. E que tua vida seja longa, por pelo menos mais 58 janeiros, repleta de momentos porretas. Parabéns pelo seu dia, manão. Feliz aniversário!

Meus pais me levaram até o alto da colina e me disseram: – Ei, garoto! Esse é o mundo. Vá lá e tente se divertir!” – Ronaldo Rodrigues, que também é Ronaldo Rony.

Elton Tavares

Parabéns para mim nesta data querida – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Autor do meme: Pequeno

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Se algum dia um grupo de extraterrestres chegar, entre amigos, conhecidos e familiares, companheiros de trabalho ou de farra, e perguntar por mim sem dizer meu nome, apenas algumas caraterísticas, quem poderá informar?

O líder dos extraterrestres vai perguntar assim:

– Vocês conhecem esse cara?
• Nasceu em Curuçá, no Pará, em 17 de janeiro de 1966.
• Se criou em Santa Maria das Mangueiras de Belém do Grão-Pará.
• Hoje mora em Macapá do Meio do Mundo, se tornando, assim, um amaparaense.
• Escreve, desenha e lê bastante, não necessariamente nessa ordem.
• Rói unha desde que habitava o útero materno.
• Gosta de estourar plástico-bolha.
• É viciado em palavras cruzadas.
• Perfume? Só usa Leite de Rosas.
• Usa alpercatas frequentemente.
• Usa meias por vezes extravagantes.
• Não gosta de pizza.
• Não curte pets. Aliás, curte, desde que estejam beeeemmm longe.
• Não dirige carro. Nem moto. Só bicicleta, mas não sabe soltar as duas mãos. Bicicleta é seu veículo preferencial.
• Bebe muito, de preferência cerveja.
• Fuma muito. Até cigarro.
• Fala muito palavrão.
• Videogame? Nada! Joga somente paciência. E de um naipe só.
• Não se dá bem em jogo nenhum: futebol, vôlei, natação. Nada disso. Joga um pouco de xadrez e bilhar, mas sua estratégia consiste apenas em dificultar a vitória do adversário.
• Não sabe dar aqueles assovios fortes, como a maioria dos moleques de sua geração.
• É do país do futebol, mas é muito ruim de bola.
• Já brigou algumas vezes, mas só aprendeu a apanhar na vida.
• É cheio de TOCs e manias. Não pode ver sandália emborcada, por exemplo.
• Odeia supermercados e não frequenta shoppings.
• Detesta fazer compras, pois evita ao máximo qualquer relação comercial entre pessoas. As únicas coisas que gosta de comprar: livros e revistas. Antigamente, CDs de música.
• Não vê mais televisão, séries, filmes, novelas, noticiários, futebol, programas de auditório, podcasts. A intenção é retornar ao primitivo. Um dia, lá no futuro, já que hoje ainda não dá, vai abrir mão de toda a tecnologia. Vai largar a internet, a futilidade das redes sociais e o tatibitate do WhatsApp. Vai sair de todos os grupos, já que se acha capaz de ser burro sozinho.
• Já foi cabeludo. E careca. E cabeludo. E careca. E cabeludo…
• É destro, mas adoraria ser canhoto. Acha mais charmoso.
• Usa óculos, mas não escuros.
• É capricorniano, mas não liga pra isso.
• Há mais de 30 anos, exerce a profissão de redator publicitário. Isso mostra que ou ele entende mesmo disso ou está enganando muito bem.
• É filho da dona Darlinda e do seu Rodrigo, irmão do Reginaldo, da Ronilda, Renilda, Socorro e Fátima.
• É pai do Pedro, com Maria Lídia, e do Artur, com Patrícia Andrade.
• Não serve de exemplo pra coisa alguma.
E aí? Alguém pode informar?

Aí imaginei alguém respondendo:
– Rapaz, vi uma pessoa assim um dia desses! Mas o que aconteceu? Por que vocês estão procurando?
– É que hoje é aniversário dele e temos uma surpresa.

Aí mostraram um bolo imenso, no formato de um disco voador. Foi quando saí do meu esconderijo e me revelei aos meus irmãos ETs. A partir daí a festa começou e só vai acabar quando eles retornarem à Terra novamente para me levar de volta ao meu planeta originário. Até lá, vamos de festa:
– Parabéns para mim / Nesta data querida / Muitas felicidades / Muito anos de vida…

E segue o baile!

Procuradora de Justiça e conselheira do CNMP, Ivana Cei, gira a roda da vida. Feliz aniversário! – @IvanaCei

Com a Bruna Cereja, Ivana Cei e Alcilene Cavalcante

Sempre digo que gosto de parabenizar, neste site, as pessoas por quem nutro amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Neste décimo sétimo dia do ano, Ivana Cei gira a roda da vida e lhe parabenizo aqui.

Ivana Cei é procuradora de Justiça do Ministério Público do Amapá (MP-AP) e uma dos 14 membros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), além de escritora. Também foi dirigente do MP-AP por quatro mandatos. Ela foi minha chefa por seis anos. Sem medo de ser jogado pelos idiotas de plantão na vala comum dos puxa-sacos, reforço aqui que ela é uma das mulheres mais poderosas do Amapá. Uma administradora competente, articulada politicamente e com boa relação em todas as esferas de poder do Estado e Brasil.

Ivana também é filha, mãe, irmã e esposa dedicada à sua família. E, ainda, fiel aos seus amigos. Aliás, quem tem a sorte de ter sua amizade sabe disso.

Eu e Doutora Ivana tivemos nossas turbulências e aborrecimentos mútuos. Coisas de qualquer cotidiano profissional e poucas vírgulas no extenso livro de atividades bacanas que aconteceram na minha vida como assessor de comunicação neste período.

Com a Bruna e Ivana.

Inspiradora e inteligentíssima, trabalhar com ela foi um aprendizado. Sou sempre grato pela oportunidade e absorção de conhecimentos. Ivana também possui um humor refinado, sarcástico tiradas cômicas sobre situações engraçadas.

Além disso, como nem tudo é trampo, é uma excelente companhia em jantares, quando estamos com amigos em comum, tomamos um espumante e rimos de tudo, até de nós mesmos. Em resumo, gosto dela e sei que esse “consideramento” é recíproco.

Querida Ivana, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua, feliz, produtivo e iluminado. Que tenhas sempre saúde e sucesso junto aos seus amores. Parabéns pelo teu dia. Feliz aniversário!

Elton Tavares (mas assino também pela publicitária Bruna Cereja, minha namorada, que possui os mesmos sentimentos em relação à Ivana Cei, igualmente resultado de experiência profissional).

Meus amigos de Liverpool – Crônica (memória fictícia) de Ronaldo Rodrigues – Republicada por hoje ser o Dia Mundial dos Beatles

Crônica (memória fictícia) de Ronaldo Rodrigues

Tudo começou em 1963, quando conheci o John. Ele era meio maluco, falava muito e estava sempre a fim de fazer alguma coisa: montar uma banda de rock, formar um grupo de apoio social ou reunir uma galera boa para invadir um pub e roubar toda a cerveja. Pois foi uma banda que nós resolvemos montar.

Ele apareceu uma vez com um cara que tocava muito, o Paul. Depois, o Paul trouxe outro cara que tocava demais, o George. Tínhamos então eu no vocal, John na guitarra base, George na guitarra solo e Paul no baixo. O Pete, que era nosso baterista, não ficou muito tempo e logo apareceu um tal de Ringo, que já desfrutava de um certo sucesso.

Fizemos umas pequenas turnês, já angariávamos algum prestígio e muita gente curtia nossas músicas. A maioria era de minha autoria, mas o John e o Paul brigavam tanto por serem as estrelas principais que abri mão da minha participação e deixei os dois assinando as músicas, mesmo que várias delas fossem minhas.

Gravar um disco ainda era um sonho muito distante, mas entrou em cena outro cara, o Brian, que surgiu atraído pelo sucesso que fazíamos no pequeno circuito em que transitávamos. Ele já tinha todos os macetes e sabia, como se diz hoje, o caminho das pedras. Antes que o Brian tomasse conta do grupo, eu resolvi sair. Era muita correria: compor, ensaiar, gravar, cumprir a exaustiva agenda de shows… Ufa! E, também, a minha timidez não combinava com o estrelato. A vida pacata que levei desde então foi o suficiente para mim.

Voltei para minha pequena cidade e segui minha carreira de ilustre desconhecido, bem mais quieta do que a vida de celebridade. Aquela banda se tornou mesmo um sucesso mundial e eu passei a colecionar recortes de jornais com shows e entrevistas daqueles amigos que eu havia deixado em Liverpool e que logo depois se mudaram para Londres. Jamais revelei a alguém minha ligação com a banda.

Depois que os rapazes conquistaram o mundo, a banda se dissolveu. Os fãs diziam que o fim foi cedo, que ainda havia muita música boa para vir à tona. A maioria dos fãs culpava a nova esposa do John pelo fim. Outros diziam que o Paul queria a liderança a qualquer custo e isso desgastou a relação. A minha opinião, que não foi pedida por ninguém, é que as coisas boas, para terem existência completa, precisam mesmo acabar. Começo, meio e fim: esta é a fórmula.

Meus amigos de Liverpool continuaram fazendo sucesso em suas carreiras solo, o tempo passou e o período em que fiz parte daquela banda ia ficando nos desvãos mais recônditos da memória. Até que, certa manhã, ao abrir o jornal, fui despertado do meu resto de sono pelo barulho ensurdecedor de vários tiros e a manchete que jamais esperei ler algum dia, a notícia crua, a frieza do assassino. As lembranças voltaram dolorosamente: os óculos redondos, o humor sardônico, as passeatas pela paz mundial. E aquela data ficou para sempre sangrando em mim: 8 de dezembro de 1980. Mas quem vai acreditar nisso?

*Republicada por hoje ser o Dia Mundial dos Beatles. 

Futebol e “arte”: a estátua feiona do Bira na esquina do estádio Glicério Marques

Estátua em nada lembra o saudoso Bira

Que estátuas visam prestar homenagem a pessoas ilustres, todos sabemos. Afinal, preservar memória e reconhecer talentos é essencial para a história de qualquer comunidade, cidade ou país. Também temos a ideia que arte é sinônimo de beleza, certo? Infelizmente, nem sempre. Como hoje, 15 de janeiro, o Estádio Glicério Marques completa 74 anos (com crônica sobre aqui), lembrei que um dos maiores do futebol amapaense, Ubiratan do Espírito Santo, o popular Bira, que faleceu aos 65 anos, em setembro de 2020, foi “homenageado” com uma estátua na esquina do Estádio Glicerão, em 2023.

O problema é que o monumento divide opiniões, pois, para mim e para a maioria das pessoas que conheço, o monumento não tem nada a ver com o Bira. Sério. A estátua, com dois metros de altura, nem de longe se assemelha ao artilheiro falecido.

O Bira jovem, quando jogador (que “ins- Pirou” a escultura)

A escultura, que remete a um homem negro, forte e com cabelo Black Power (características que o Bira tinha quando ainda brilhava nos campos de futebol do Brasil) é estranhíssima. E esse é comentário de todos que conheceram o nosso artilheiro.

E não é nada contra o artista, que tem talento reconhecido no Amapá. Inclusive, com seus trabalhos diversas vezes divulgados aqui (é só ler). Pois ele já fez coisas fantásticas, como as estátuas do professor Munhoz e professora Zaide ficam no Largo dos Inocentes, atrás da Igreja São José. Ou quando ajudou a eternizar figuras históricas do marabaixo. Isso pra citar apenas esses trampos, entre outros brilhantes. Entretanto, este não retrata sua genialidade.

Porém, nem sempre acertamos. Não é toda vez que EU escrevo algo que preste (aliás, muitos podem discordar deste texto). Mas como estamos aqui para aplaudir, incentivar, entre outras paideguices em relação a arte, esporte, história e memória amapaense, também temos direto de tecer críticas quando a coisa não fica bacana.

Mais sobre o Bira

Bira começou no Esporte Clube Macapá, mas o Fernando Canto disse que eles jogaram juntos no Flamenguinho do Laguinho. Foi campeão de quase tudo que disputou como amador e profissional.

Bira passou pelo Paysandu, de Belém-PA, mas foi um dos maiores (se não o maior) artilheiro da história do Clube do Remo, também de Belém, e campeão brasileiro invicto com o Internacional de Porto Alegre-RS, em 1979. Ele passou por vários times: Atlético-MG, Juventus-SP, Náutico-PE, Novo Hamburgo-RS, Brasil de Pelotas-RS, Aimoré de São Leopoldo-RS, Tiradentes-PA e encerrou a carreira no Vila Nova, de Castanhal-Pa.

Bira era amigo do meu saudoso pai, Zé Penha. Tive o prazer de conviver com ele em um período da minha vida, entre 2004 e 2009, e rir bastante dele e com ele, pois o cara era engraçadão, bem-humorado, boa praça e muito gente fina.

Ou seja, uma estátua para eternizar a memória do saudoso craque amapaense está longe de capturar a essência do artilheiro. No entanto, o que se vê naquela esquina é uma caricatura malfeita, que contrasta drasticamente com o que deveria ser: um testemunho tangível da admiração e gratidão por um atleta que elevou o futebol amapaense.

Em resumo, o monumento é bizarro. O centroavante raçudo de muita força física, que trombava com zagueiros e fazia muitos gols, não deve ter curtido, lá nas estrelas. Só que isso nada apaga o legado de Bira, que sempre continuará com a sua chama acesa nos corações daqueles que celebram o esporte e a história do Amapá.

Elton Tavares, jornalista, escritor, fã de futebol e amigo do saudoso Bira