Entre a leveza e a dureza – Crônica de Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena

Crônica de Lorena Queiroz

As mazelas e os questionamentos humanos estão sempre bailando em volta de uma única coisa: a morte. Não falo apenas da morte física, essa que nos assombra a partir do momento em que durante a vida percebemos sua finitude. Mas falo também da morte de paradigmas, conceitos, percepções. A morte de um sonho, de um ideal. A morte de uma “persona”.

Em 1997 comecei a estudar tarot e, dentro desse estudo me aprofundei em mitologia e na simbologia que as cartas traziam. Cheguei em Hades, Deus dos infernos. Na carta da morte descobri que também está inserido o renascimento. Quando algo morre, algo renasce. E todo renascimento também é igualmente amedrontador.

Durante a pandemia, onde estávamos mergulhados em um ambiente de dor e ainda assim muitos riam na cara do perigo, escrevi uma crônica chamada Um pequeno ensaio sobre os dias. Lembro que um leitor me deixou um comentário onde exigia uma luz no fim do túnel. Compreendi sua reclamação, não queria ter lhe tirado as esperanças, afinal, a esperança as vezes é a única coisa que a pessoa tem.

Mas à época, eu não tinha nada para lhe dar. Me recordo que pensei em responder através de Belchior: ‘’Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve. Correta, branca, suave, muito limpa, muito leve. Sons, palavras são navalhas e eu não posso cantar como convém sem querer ferir ninguém….isso é somente uma canção, a vida realmente é diferente, a vida é muito pior”. E hoje, em respeito ao leitor reclamão, digo que não precisa ser assim, desde que você desfrute da viagem, pois ninguém permanece o mesmo. Ninguém passará incólume, intacto. As pessoas mudam, as coisas mudam ou nos emudecem.

Morrer é renascer e, se tivermos sabedoria, renascemos fortes e melhores. Ou mergulhados no mar de seu próprio ego, mas isso fica ao gosto do freguês. Luigi Pirandello em sua obra Um, nenhum e cem mil, mostra que nunca permanecemos os mesmos. Morremos e renascemos em vários momentos nesta vida. Não se envergonhe de ser outro ou mudar de ideia e de ideais. Só não muda aquele que não pensa.

Pablo Neruda em seu poema Esperemos, diz:’’ Há outros dias que não tem chegado ainda, que estão fazendo-se como o pão ou as cadeiras, ou o produto das farmácias ou das oficinas – há fabricas de dias que virão – existem artesãos da alma que levantam e pesam e preparam certos dias amargos ou preciosos que de repente chegam à porta para premiar-nos com uma laranja ou assassinar-nos de imediato. Tolkien falava que há um chamado da aventura, onde um mago baterá à sua porta. Abra a porta com coragem, pegue o premio da laranja. Os dias vão vir de qualquer jeito.

Leitor, não sei em que fase da sua vida você se encontra, mas saia de onde não te cabe mais. Dispa-se do que não te serve e ande nu até o desconhecido para dançar em outra festa, pois como ensinou o Osho: A vida está em harmonia com a morte. A terra em harmonia com o céu. A presença em harmonia com a ausência. E nesta harmonia imensa está a sincronicidade. É esta a única maneira de viver que respeita e ama, e que nada rejeita, nada condena.

*Lorena Queiroz é advogada, amante de literatura, devoradora compulsiva de livros e crítica literária oficial deste site, além disso é escritora contista e cronista. E, ainda, mãe de duas meninas lindas, prima/irmã amada deste editor.

Hoje é o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa – A verdade precisa ser livre! #liberdadedeimpresa

Hoje é o Dia Internacional da Mundial de Imprensa. Eu, como jornalista, primo pela divulgação da verdade, afinal, o cidadão precisa saber o que acontece, seja no mundo, país ou sua cidade. O direito de saber a verdade é uma das bases da Democracia.

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa foi criado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em 1993. A data visa alertar sobre as impunidades cometidas contra centenas de jornalistas que são torturados ou assassinados como consequência de perseguições por informações apuradas e publicadas por estes profissionais.

De acordo com o conceito, Liberdade de Imprensa é um dos princípios pelos quais um Estado democrático assegura a liberdade de expressão aos seus cidadãos e respectivas associações, principalmente no que diz respeito a quaisquer publicações que estes possam pôr a circular.

Perfeito, pois a Imprensa é a denominação do trabalho informativo pelos veículos de comunicação que desempenham o Jornalismo e outras funções de comunicação. Posso me gabar de nunca ter inventado nenhuma linha do que escrevi (a não ser em contos, claro). Nunca ganhei sequer um centavo no jornalismo que eu não tivesse trabalhado para tal e muito menos puxei o saco para conseguir algo. Também já fiz denúncias e peitei figurões neste site aqui. Nem todos podem dizer isso.

Sou fã de muitos bons jornalistas do Amapá e do resto do Brasil, que investigam, apuram e publicam informações de forma livre e sem censura.

Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultos. Critico-as. É tão incomum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica, às vezes é estúpida. O leitor que julgue. Acho que quem ofende os outros é o jornalismo em cima do muro, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom às vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito, ou, até, se quiserem, a irritação do amante rejeitado” – Paulo Francis.

O jornalismo não sabe que há o abatimento moral, o cansaço, a fadiga, o repouso. Se ele repousasse, quem velaria pelos que dormem?” – Eça de Queirós.

Enfim, vida longa à Liberdade de Imprensa, que foi fundamental nos quatro anos do desgoverno Bolsonaro. Que com ela nós continuemos a informar o povo, combater injustiças, fiscalizar, denunciar, contrariar interesses de grupos, instituições ou qualquer agente danoso para a sociedade, dar informações exclusivas, fazer análises sérias. E sem medo de processos, com o direito de ocultar a fonte. É isso!

Elton Tavares – Jornalista e editor do site De Rocha

Hoje é o Dia do Jornalista – Meu texto em homenagem ao nobre ofício. Viva nós!

Jornalista Rafa Marques – Arte: Nina Ellen – Ascom TJAP

Hoje é o Dia do Jornalista. A data que celebra os profissionais da mídia foi criada pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) como uma homenagem a Giovanni Battista Libero Badaró, médico e jornalista que chegou ao Brasil em 1826. Ele lutou pelo fim da monarquia portuguesa, denunciou abusos do Império na época de D. Pedro I e era apoiador da independência do país.

Em novembro de 1830, foi assassinado por inimigos políticos, em São Paulo. Historiadores acreditam que a morte foi encomendada pelo imperador, que, em 7 de abril de 1831, abdicou do trono, o que fez D. Pedro II, seu filho, assumir com apenas 14 anos de idade.

Foi só em 1931, cem anos depois do acontecimento, que surgiu a homenagem e o dia 7 de abril passou a ser o Dia do Jornalista. Também em 7 de abril de 1908 que a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), com a missão de garantir os direitos dos jornalistas.

O conceito da profissão diz: “Jornalismo é a atividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados factuais e divulgação de informações. Também se define o Jornalismo como a prática de coletar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos atuais”.

Quem me conhece sabe, sempre trabalho com responsabilidade. Passei por algumas redações da imprensa aberta, mas sou assessor de comunicação há 15 anos, atividade que me faz muito feliz. Já tive o prazer de trabalhar com muita gente boa e aprendi com eles. Também trampei com alguns canalhas, que são ótimos exemplos de como não proceder.

Certa vez, li a seguinte frase: “no fundo, jornalistas se acham. No raso, têm certeza”. É engraçado, mas alguns agem assim mesmo, é uma tal de autopromoção sem fim. Sempre digo: jornalista não é artista.

Ah, para ser um bom jornalista, além de ler e ter bom relacionamento com os colegas, é preciso ser competente. É a única maneira de você não se tornar um puxa-saco, pois será respeitado pelo trabalho e postura.

E como disse minha amiga manauara Juçara (jornalista): “não podemos dizer sempre o que pensamos por conta da obrigação de ser neutro, apesar das inúmeras ‘artimanhas’, com ética sempre, para dar uma indireta”. Tá, ainda aprenderei essa parte de não dizer o que penso diretamente.

Outra coisa, gosto de tomar uma cerveja e jogar conversa fora com colegas, ô raça para ter assunto bacana. Graças a Deus, fiz muitos amigos nessa loucura das pautas.

Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultos. Critico-as. É tão incomum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica, às vezes é estúpida. O leitor que julgue. Acho que quem ofende os outros é o jornalismo em cima do muro, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom às vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito, ou, até, se quiserem, a irritação do amante rejeitado” – Paulo Francis.

Claro que já sofri com ameaças de processos por desafiar poderosos com denúncias pertinentes, mas o jornalista que ainda não passou por isso, vai passar. Ou pelo menos deveria. Sobre os ameaçadores, não deu em nada. A verdade sempre vence!

“Quem não tem dinheiro, conta história”. Esse é o bordão do personagem “Paulinho Gógó” e se aplica a maioria de nós, jornalistas. Operários da informação que cortamos um dobrado, mas amamos essa doideira. Sou grato por trabalhar com o que amo fazer e ser pago pra isso. Além de ter o respeito dos que me são caros.

Sobre a programação da cena cultural do Amapá, aqui nesta página, somos incansáveis divulgadores. Pois fiz disso uma missão do De Rocha e minha, Elton Tavares, como jornalista.

Eu durmo e acordo interligado. Dedico-me à assessoria de comunicação, meu ofício principal e ao site Blog De Rocha, onde diariamente busco informar e divertir os leitores.

Arte: Camila Karina

Sem mais, parabéns a todos vocês nas redações de jornais e revistas, estúdios de rádio e TV, mídias eletrônicas e assessorias de comunicação, que trampam nessa profissão fascinante e que é um dos pilares da democracia. Afinal, esse ofício é como rapadura: doce, mas não é mole não. Obrigado a todos que, de uma forma ou de outra, já deram uma força. Valeu demais!

Jornalistas, oh raça!‘ Viva nós’!

Elton Tavares

“About Time” (“Questão de Tempo”) – Resenha desse filme sensacional!

Ontem, assisti novamente ao filme “About Time” (“Questão de Tempo”). Um misto de romance, comédia e drama que me fez rir e me emocionar (deu aquele suor nos olhos). Com história fantástica, roteiro sensacional, viagens temporais e trilha agradável, o filme me lembrou várias experiências tão pessoais ao mesmo tempo. O longa possui 2h03, mas você nem vê a hora passar, de tão leve e legal que é a película. Ah, a primeira vez que vi esse filmaço foi em 2016.

A trama começa com Tim Lake (Domhnall Gleeson), que, ao completar 21 anos, seu pai (Bill Nighy) revela que os homens de sua família possuem o poder de viajar no tempo. Basta ir para um local escuro e pensar na época e no lugar aonde deseja regressar.

Desajeitado, Tim leva toco de uma amiga de sua irmã (Lydia Wilson), a engraçada e louca varrida Kit Kat e decide mudar pra Londres (ele morava numa cidadezinha da Inglaterra). Na capital inglesa, começa a advogar e conhece Mary (Rachel McAdams). O cara se apaixona perdidamente pela linda e espirituosa, que é fã de literatura.

O enredo não foca na viagem do tempo, muito menos é uma comédia romântica água-com-açúcar. E longe de um dramão lacrimejante (mas confesso que os ninjas cortadores de cebola ficaram perto de mim em alguns momentos).

Assim como nos também ótimos filmes “Donnie Darko” e “Efeito Borboleta”, Tim descobre que viajar no tempo e alterar o que já aconteceu pode provocar consequências inesperadas.

Com roteiro e direção de Richard Curtis (tenho mania de ir atrás dos responsáveis por filmes legais), “Questão de Tempo”, de 2013, é sensacional. O diretor é o mesmo de “Um lugar chamado Notting Hill”, “Simplesmente amor” e “O Diário de Bridget Jones”. Belo currículo, não?

O enredo muito bem construído é surpreendente e nos faz refletir sobre relação paternal, atenção com as pessoas que nos cercam e amor aos que nos são caros. É uma história lindona, tocante e repleta de lições de vida.

“Nenhuma viagem no tempo faz alguém amar você”. É com essa frase que Tim, o protagonista, sintetiza o filme. “Questão de Tempo” te desperta para o óbvio: viver sem se preocupar com coisas supérfluas e sim com aqueles que amamos. Decididamente, um filme poético, inspirador e que, apesar do suor nos olhos, te deixa feliz.

Assista ao trailer de Questão de Tempo:

Elton Tavares

Sou uma anamorfose ambulante! – Por Janisse Carvalho

Com minha querida amiga Janis Carvalho.

Certa noite de 2010, por sinal muito divertida, eu e alguns amigos conversávamos no Bar Norte das Águas, sobre sermos as “ovelhas negras” de nossas respectivas famílias. Em um momento brilhante, minha amiga e mestra em Psicologia, Janisse Carvalho, disse: “Nós somos anamorfoses”. Claro que nenhum de nós entendeu o significado do termo. Leiam o texto:

Sou uma anamorfose ambulante!

Por Janisse Carvalho

Uma anamorfose (do grego anamorphosis) é uma imagem deformada que aparece em sua verdadeira forma quando visto em alguns “não convencionais” caminhos. É a representação de uma figura (objeto, cena, etc.) de maneira que observada frontalmente parece distorcida ou mesmo irreconhecível, tornando-se legível quando vista de um determinado ângulo, a certa distância, ou ainda com o uso de lentes especiais ou de um espelho curvo.

As anamorfoses sociais têm sido estudadas pela psicologia social, o professor Antonio da Costa Ciampa, da Universidade de São Paulo (USP), compara o conceito que vem das artes visuais com as chamadas personas non gratas de nossa sociedade, os marginais. Aqueles que burlam as regras!

Uma anamorfose se diferencia do comportamento corrupto, pois este é carregado de mau-caratismo e se caracteriza em querer se dar bem em cima dos outros. As anamorfoses são almas transgressoras que, segundo o rabino Nilton Bonder, líder espiritual da Congregação Judaica do Brasil e autor do livro “Alma Imoral”, são necessárias para a evolução do mundo.

Em sua obra, Bonder compara o sujeito que deu o primeiro passo diante do Mar Vermelho como um transgressor. Ou seja, uma anamorfose é o sujeito que, por não concordar, consciente ou inconscientemente, com o que lhe é imposto, com aquilo que o oprime de alguma maneira, transgride!

Anamorfose estática – May Machado

Eu diria que pessoas consideradas “loucas” por muitos, em suas respectivas épocas, eram anamorfoses. Ícones como Van Gogh, Pablo Picasso, Raul Seixas, Janis Joplin, Jimmy Hendrix, Freud, Chico Xavier, Nietzsche, Jesus, etc. O problema não está em cometer erros, está em não compreender os sentidos que estes mesmos erros podem alcançar e significar para a sociedade o que está por trás deles. Anamorfose é, no final das contas, outra forma de dizer a verdade! Por isso são, na sua grande maioria, incompreendidas.

Diante da explicação de Janis (como chamamos nossa ilustre e inteligente amiga), brindamos a nossa saúde, as ovelhas negras, ou melhor, anamorfoses. Daí, o resto da noite foi regado a dezenas de boêmias bem geladas e muitos outros assuntos interessantes, como sempre. É por essas e outras que adoro essa galera. “Mas louco é quem me diz que não é feliz…”

(*) Janisse Carvalho é psicóloga, militante da Cultura, professora universitária, atriz e professora de Teatro.

Amar é o lance! – Crônica de Elton Tavares

Escuto sempre que a vida é simples e somos nós que complicamos. O lance é viver sem frescura, fazer o bem, fazer o certo, cercar-se de gente que realmente importa. O lance é ter vergonha na cara, sem muita conversa ou muito explicar, se fazer feliz.

O lance é ser autêntico, verdadeiro, bom e amoroso. Também respeitado, aguerrido e combativo se preciso. O lance é ser bem humorado, espirituoso e até irônico, se necessário.

O lance é identificar amigos que não só pedem, mas também se dão. O lance é fazer o que gostamos, seja no bar o ou na igreja, tanto faz.

 

O lance é honrar a família, não toda, só os que lhe aquecem no frio e apoiam quando dá merda. O lance é respeitar os colegas, seja de trabalho, de copo e pessoas em geral.

O lance é puxar a fila, trazer novidade, não ser só mais um. O lance é, às vezes, usar palavras duras, mas também elogiar e até pedir desculpas. O lance é, se preciso, assumir e confessar erros, bater e apanhar, mas jamais deixar de amar aos seus e a si mesmo. Esse sim é o grande lance!

Elton Tavares

Querido Anderson Miranda, o “The Clash”, gira a roda da vida pela 47ª vez. Feliz aniversário, irmão!!

Sabem, gosto de uma porrada de gente. Tenho muitos amigos, graças a Deus. Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amor ou amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Quem roda a roda da vida pela 47ª vez neste nono dia de julho é o querido Anderson Miranda, o irmão “The Clash” e lhe rendo homenagens.

The Clash foi o apelido dado nos anos 90 pela galera que curtia “roquenrou” com o Anderson. Mas a gente começou a tomar cerveja na casa dele e descobrimos que seu apelido familiar é “Macaco”, portanto o chamamos pelo seu nome e mais essas duas alcunhas.

Bom, trata-se de um cara sensacional. Educado, inteligente e gente fina no nível hard. Anderson sempre foi um brother porreta para bater um papo sério ou pirar no sentido literal da palavra.

Quem não gosta do Macaco é doido ou não presta. Pois o figura possui o respeito, admiração e o amor de sua família e amigos. Pois além de grande sacana, The Clash é um excelente filho, irmão, tio e brother.

Anderson é o filho mais velho da dona Sabá e do seu Waldemir, gerente da Caixa Econômica Federal, marido da querida Adê. Sofre por suas escolhas no futebol, já que é torcedor convicto do Vasco e do Remo. Entre outras muitas coisas legais que o figura é, ele é batuqueiro/tocador de tambor, amante de Rock and Roll, e o ateu mais cristão que conheço, pois pouca gente que convivo faz tanto o bem quanto ele.

Eu, Emerson e Patrick já viajamos muito juntos com o Anderson. Para ver shows de Rock fora do Amapá ou em viagens mais intimistas por aqui mesmo. The Clash é nosso comparsa, confidente, socorrista, enfim, parceiro de tudo que é coisa firme nessa vida e ainda podemos contar com ele se der merda em alguma coisa. Ele já me ajudou incontáveis vezes – e por motivos diversos. Sou sempre grato a este grande amigo.

Já disse e repito: com uma história de batalho e sucesso formidável, Anderson Miranda é um cara inspirador. Por sorte, conheci esse bicho há mais de 20 anos, lá no Colégio Amapaense. E tenho o prazer, sorte e orgulho de ter sua amizade há décadas.

O sacana às vezes me enche o saco, mas sei que é para o meu bem. Das poucas vezes em que fiquei puto com Anderson, nem lembro da maioria, de tão rápidas e sem importância. Lembro muito é de seus feitos por mim, pela sua família, pela galera, por estranhos.

Também é um figura contemporizador, boa praça, agradável. É sempre firmeza bater um papo com ele sobre qualquer assunto, desde as nossas bobagens ou conversas sobre política, cultura, entre outras coisas legais. Anderson Miranda é um cara safo, inteligente, incorruptível, bem-humorado e com um coração maior que ele.

Anderson é um mestre em cuidar da própria vida. Sério. Se o cara não te ajudar, ele não te atrapalha. Nem com comentários ou julgamentos quando estás fazendo merda. Ou seja, o Macaco é PHoda. Ele é, sobretudo, um cara do bem.

Anderson, tu és um cara que posso contar para qualquer coisa. Aqui é na reciprocidade sempre, tu saaaabes. Obrigado por tudo. Que teu novo ciclo seja ainda mais porreta. Que tu tenhas sempre saúde e sucesso junto aos seus amores. Te amo, manão! Parabéns pelo teu dia e feliz aniversário!

Elton Tavares

Amor da minha vida, Maitê faz oito anos e agradeço a Deus pela vida da minha sobrinha. Feliz aniversário, princesa do tio!

Não sei se vocês sabem, mas assim como as bruxas (que são boas), as princesas existem. E não tô falando da realeza inglesa ou de qualquer país que tenha a monarquia como mandatária. Falo das lindezas encantadas dos filmes e desenhos animados. Hoje é o dia da nossa princesa. A Maitê!

Maitê Ferreira Tavares, que gira a sua linda e colorida roda da vida hoje, completa oito anos de idade. Ela é o amor da minha vida. Aliás, das nossas. E aí incluo a minha mãe também, que é uma avó apaixonada.

Desde que a Maitê nasceu, entendo os meus amigos que têm filhos, entendi o sentimento dos meus pais e olho diferente para as crianças. E amo “a pureza da resposta das crianças”, elas são realmente um barato. Incrível como pequenos seres despertam os melhores sentimentos em nós, adultos de coração duro.

Quem me conhece sabe que sou doido por aquela molequinha. Sempre perspicaz, ela vive com suas antenas ligadas. Apesar da pouca idade, Maitezinha é uma figura. Linda, inteligente, cheia de traquinagem e com sacadas impressionantes para alguém que chegou ontem neste mundo.

Aliás, por falar em mundo, toda vez que falo com ela – o que ocorre quase todas as noites – me apaixono de novo pela pequena lindeza e pela vida. Sempre que falo com minha sobrinha, esqueço dos amargores da jornada e reforço minha esperança no futuro.

Maitê é uma bênção. Uma mistura de bom humor, gaiatice, doçura, inocência (claro), desconfiança (quando não manja das pessoas e lugares), inteligência, sapequice e ternura. Já disse e repito: ela é amada e reflete isso – com aquela luz que só o amor sabe dar.

Sim, a Maitê é em nossas vidas ‘uma luz que não produz sombra’ – aqueles amores raros que iluminam toda nossa existência. Nossa princesa desperta o que há de melhor de nós e reforça ainda mais nossos laços de amor.

Por tudo dito/escrito acima agradeço a Deus pela Maitezinha. Ela é um dos meus fios condutores com ELE. E aqui fica a pequena homenagem do tio, que não dá conta de resumir tanto amor em apenas um texto de felicitações.

Não existem palavras que descrevam tudo que a sua pequena roda da vida já trouxe de bom e o quanto tocou infinitamente nossos Universos. A gente se conhece há oito anos nessa existência, mas certamente nosso amor vem de muitas outras estações.

Meus parabéns, Maitê. Titio ama-te de forma desmedida. Feliz aniversário!

Elton Tavares

Escrotos legais, falsos bacanas e a velha conveniência – Crônica de Elton Tavares (ilustrada por Ronaldo Rony)

Um dia, durante uma conversa com uma amiga, ela disse: “existem pessoas com grandes qualidades, que abafam seus defeitos, mas ninguém está imune de ser escroto”. Concordo plenamente! Não que eu possua conhecimento amplo sobre a natureza humana. É só meu achômetro mesmo.

Não sou santo. Procuro não fazer mal a ninguém. Meu falecido pai sempre dizia: “Não faça mal a ninguém e já estará fazendo o bem”, e tento me nortear por essa filosofia. Mas muitos me acham escroto – ledo engano. Só sou autêntico e sei dizer não. Também não faço média, não me iludo ou me empolgo facilmente.

Sei que é preciso respeitar a liberdade, seja das ideias, artística, comunicação, etc. Até aí, tudo bem. Pois discordar é preciso, afinal, o debate de ideias é que formula teorias e métodos para o desenvolvimento humano. O problema é a minoria impertinente e maldosa. Esses me deixam aporrinhado.

Acredito que existem pessoas más tentando ficar boas e que figuras que foram legais a vida toda se tornam babacas, da noite para o dia, muitas vezes por conta de motivos pífios.

Como eu já citei em outro texto, em um de seus contos, o escritor alemão Franz Kafka disse uma vez: “existem bestas-feras”, que detonam tudo, ferram com a sua vida. Mas mesmo sendo feras, não deixam de ser bestas”. Cirúrgico!

Por exemplo, muitos, que não me conhecem, pensam que sou um boçal. A quantidade de amigos que tenho (e me gabo sempre disso), que são muitos, desmente tal discurso. Tudo bem, às vezes sou insolente, pois nunca fui dado a hipocrisias e acredito que, em dadas ocasiões, uma porrada é mais do que justificável.

É com coração entrecortado de tristeza que vejo pessoas queridas embarcarem na onda desses vermes numa passagem subterrânea escurecida. Um dia esse show de horrores acaba por si só. Pois esse pessoal não consegue fingir pra sempre. Esse texto é um recadinho para os que acham que não sei das coisas. Detesto meias verdades e mentiras sinceras. E isso é coisa séria. Muito séria.

Conheço muitos escrotos legais, que são turrões, geniosos e até mal educados, mas possuem boa índole e falam tudo pela frente. Mas também saco falsos bacanas, que distribuem simpatia, fazem sala, capa e demais artifícios comportamentais para algum tipo de proximidade. Estes são verdadeiros mestres em sua escrotidão.

Enfim, bondade e maldade são trabalhadas de acordo com seus respectivos interesses e conveniências. Mas fica a dica: eu sei!

Quem só tem martelo pensa que tudo é prego.” – MARK TWAIN.

Elton Tavares

Há nove anos: trampo e pororoca no Araguari, uma aventura no “Rio Encantado”

Há nove anos, viajamos, eu e a fotógrafa Márcia do Carmo, juntamente com uma equipe de técnicos da Prefeitura Municipal de Macapá (PMM) para as localidades do Igarapé Novo e Bom Amigo. Essas duas comunidades, apesar de fazerem parte do território da capital do Amapá, ficam isoladas, localizadas no Rio Araguari.

A expedição foi denominada “Pororoca Solidária”, pois consistiu em ações sociais da PMM, em parceria com um grupo de surfistas da onda (fenômeno natural) homônima a missão nas referidas localidades. Duas embarcações fazem parte da ação, um barco de madeira de porte mediano e uma balsa, onde os surfistas nos seguem.

O barco, nomeado “Renascer I”, partiu para a foz do baixo Rio Araguari com 13 pessoas, sendo três homens na a tripulação (comandante Celso e os embarcadiços “Farinha” e “Botinho”) e a equipe da PMM (eu, Márcia, Gláucia, Renata, Sandro, Diléia, Adélia, Galma, Roberta e Débora) – pessoal gente boa, com quem dividimos trampo, andanças por quilômetros em pura lama, comida, água, picadas de mosquito, entre outras coisas.

A viagem de ida foi um pouco tensa, por conta de um estranho nevoeiro que surgiu às 4h da manhã . O piloto me disse que nunca tinha visto algo parecido e a visibilidade estava comprometida. Como se já não bastasse, a profundidade, cerca de 23m, não permitiu que o comandante ancorasse o barco, o que nos fez seguir – com velocidade mínima – totalmente cegos, pelo Rio Amazonas (por onde navegamos antes de chegar ao Rio Araguari). Mas correu tudo bem.

Eu e Márcia fizemos fotos lindas. As imagens vão desde a alvorada no Rio Araguari aos guarás (pássaros da região). As noites foram longas, muitos mosquitos. Haja repelente! Foi osso!

Fomos até a comunidade de Igarapé Novo. Andamos cerca de 1,5 km (distância para ir e o mesmo para voltar ao barco) com lama até o joelho até chegar às casas dos ribeirinhos onde distribuímos alimentos e fizemos o recadastramento deles no programa Federal “Bolsa Família”. Além disso, cruzamos com a TV Amapá (Globo local), que também cobriram a ação social da sexta-feira, na comunidade Bom Amigo. O dia foi proveitoso!

Após as missões de trabalho, a ansiedade de ver a Pororoca tomou conta da maioria de nós.

Na manhã de sábado, pela primeira vez na vida, vi e vivi a Pororoca. A grande onda dos rios da Amazônia. Foi muito melhor que eu imaginava. Eu, a fotógrafa Márcia do Carmo e três colegas esperamos a onda na “curva da onça”, local onde a Pororoca arrebentou sobre nós. O fenômeno nos atingiu e logo alagou a enseada onde estávamos. Aliás, ficamos em um local bem de frente para a onda. Foi sensacional!

No domingo, fomos novamente acompanhar a Pororoca, mas agora, de cima da lancha “voadeira”. Ficamos muito perto da grande onda. Pena que eu e Márcia fomos em embarcações diferentes. A que eu estava deu problema no motor e logo mudei para a lancha pilotada pelo prático Riley.

Já a que a Márcia estava, encalhou e foi pega pela onda. Graças a Deus ninguém se machucou. A adrenalina de estar na crista da Pororoca, mesmo em uma lancha, é incrível! As fotos falam mais que palavras.

Nosso retorno à Macapá ocorreu após o almoço de domingo. Todos extasiados pela visão e sacodes da Pororoca. A viagem de volta não foi tão tranquila, pois a maré estava revolta, mas chegamos bem.

A expedição foi uma experiência de vida inexplicável e única, que adorei ter vivenciado. Aprendi muito naqueles oito dias. Tudo bem que nem tudo foi como eu pensava nesta viagem. Mas nossa missão foi cumprida.

Obrigado a todos que viveram esses momentos comigo, pois foi demais paid’égua e inesquecível. Saio dessa odisseia maravilhado com a beleza da região, com a Pororoca e peculiaridades do Araguari que como cantou Amadeu Cavalcante: é um rio encantado! É exatamente isso!

Parafraseando outro poeta, Gonzaguinha (que hoje completa 31 anos de embarque para o além) disse: “o movimento da vida não deixa que a vida seja sempre igual”. É isso! Modéstia à parte, monotonia é algo que não está incluso na minha rotina de jornalista. Já estou com saudades de uma aventura dessas . Boa sexta-feira pra todos nós!

Elton Tavares

*Adaptado e republicado por motivos de saudades dessas coisas.

“Modern Love”: sobre os amores do século XXI – Por Fernanda Fonseca

Por Fernanda Fonseca

A citação de Liev Tolstoi, escritor da obra Anna Karenina, traduz bem o espirito da relativamente nova série da Amazon Prime “Modern Love”, cujos oito episódios derivam de uma famosa coluna do The New York Times com o mesmo nome.

A coluna em questão já existe faz algum tempo (mais de uma década pra falar a verdade) e se tornou um dos pontos mais populares do conhecido jornal estadunidense, que passou a carregar em suas páginas crônicas que estão longe de retratar apenas relatos românticos. No começo desse ano, a editora Rocco publicou uma coletânea das melhores histórias de Modern Love, organizada por Daniel Jones que selecionou algumas das crônicas mais interessantes e peculiares dentro dos quinze anos de existência da coluna norte-americana. Assim, Modern Love: histórias reais de amor, perda e redenção cumpre bem o seu papel de guiar o leitor por eventos bem pessoais, que longe de serem ideais e perfeitos, mostram a realidade do amor em todas as suas formas de manifestação. Um homem termina seu quarto encontro promissor numa sala de emergência. – Uma advogada com transtorno bipolar vivencia os altos e baixos do namoro. – Um homem divorciado, na casa dos 70, contempla a beleza e os escombros de antigos relacionamentos. Essas são só algumas das narrativas presentes no livro, algumas que chegaram até a ter seu próprio episódio na série, sendo personificadas por figuras ilustres como as atrizes Anne Hathaway e Tina Fey.

Essa que é, pra mim, a beleza da obra – tanto no livro quanto na séria – a sua pluralidade. Nem todas as histórias são necessariamente divertidas de assistir (ou de ler), mas mostram como o amor não tem apenas uma definição e pode se manifestar de formas bem confusas e, às vezes, até mesmo embaraçosas. Mas é isso que torna Modern Love tão tocante, porque, de uma forma ou de outra, é familiar. Todo mundo tem uma história de amor porque todo mundo já amou alguém. E eu não estou falando só do tipo de amor que te deixa completamente apaixonado e fora de si. Amar um amigo, por exemplo, também é amar. Na série, a gente consegue ter um vislumbre dessa perspectiva no primeiro episódio intitulado “Quando o porteiro é o seu homem principal”, que traz a construção da amizade entre uma mulher grávida e o porteiro do seu prédio que, durante muitos anos, foi a figura masculina mais constante e presente em sua vida. A escolha dessa crônica para inaugurar os oito episódios da temporada é interessante, já que, por não protagonizar o amor romântico, serve como um prefácio para os telespectadores, anunciando que a série vai muito além do que seria convencional ao retratar relacionamentos.

Outro ponto interessante é como Modern Love foge da ideia do que seria um “final feliz” para cada história. Aprendi a gostar dessa abordagem porque, por mais frustrante que possa ser algumas vezes, é real. Em comédias românticas “tradicionais” nos acostumamos tanto em assistir desfechos fabulosos, com flores, corridas em aeroportos e declarações de amor profundas que esquecemos que na vida cotidiana as coisas podem não acontecer exatamente assim. É satisfatória a existência de uma obra que consiga dialogar com a realidade dos relacionamentos contemporâneos, mesmo que essa realidade não seja ideal. Em “No hospital, um interlúdio de clareza”, por exemplo, acompanhamos uma história de amor que até poderia progredir, mas no final não é isso que acontece. Nela, o primeiro encontro de Rob e Yasmine acaba na emergência, após um acidente que abre um corte consideravelmente grave no braço do rapaz e ele precisa ser socorrido e levado ao hospital. Embora seja visível no decorrer do episódio uma aproximação entre os dois (devido principalmente aos acontecimentos e circunstâncias peculiares), o desfecho não é promissor. A trama do quase casal se encerra em clima de despedida e, por mais decepcionante que seja para o telespectador que se afeiçoou à ideia dos dois juntos, o final não é necessariamente negativo, ele apenas é o que é. Assim como na história de Rob e Yasmine, na vida real nem todo primeiro encontro termina em um grande romance.

O meu episódio favorito da série acabou sendo o último. Não me entendam mal, todos os oito episódios têm o seu charme, mas “A corrida fica mais doce perto de sua volta final” para mim foi o mais tocante. A narrativa que acompanha a capacidade do amor de se reinventar e se reerguer independente do estágio da vida é algo realmente especial. A história começa com uma sensação de ausência, e mesmo que não seja verbalizada, ela é perceptível porquê de alguma maneira você como telespectador sente que falta alguém. E esse pressentimento é confirmado quando conhecemos a trajetória de Margot e Kenji, um casal de idosos que se conheceram correndo (literalmente) e, desde então, mesmo com o peso da perda de companheiros passados, criaram um amor novo e só deles. E foi verdadeiramente bonito enquanto durou, porém descobrimos mais a frente do episódio que em algum momento da vida dos dois juntos Kenji adoeceu e não resistiu, deixando Margot. Não vou falar exatamente o que acontece no final (isso fica pra quem se interessar e decidir mergulhar no universo da série), mas o que posso dizer é que a mensagem que fica é, além de gratificante, certeira, pois de uma forma confirma a escolha da série em apostar no amor como algo que se recria e que surge todos os dias e em qualquer lugar.

Modern Love está longe de ser algo perfeito, mas o saldo deixado é de um universo de narrativas tão abrangentes que é impossível não refletir sobre as múltiplas possibilidades do amor e o quão longe nós como sociedade chegamos em termos de respeito e aceitação à individualidade.

* Fernanda Fonseca é estudante do 4º semestre de jornalismo na Universidade de Brasília (UnB). É criadora do escrevi Elas, um site sobre cultura pop e que tem como objetivo discutir cinema, literatura e TV sob uma perspectiva de gênero e feminista.

Fonte: Escrevi Elas.

“Ninguém sabe o que mudo quer” – Crônica de Telma Miranda – @telmamiranda

Crônica de Telma Miranda

Mesmo que não existam pessoas mudas e sim surdas, cresci ouvindo uma frase que acho que falo nem que seja “de eu para mim” todos os dias: NINGUÉM SABE O QUE MUDO QUER. E assim procuro expressar, ora de forma discreta e prudente como um elefante numa loja de cristais, ora dando a deixa sutilmente para que seja captada, dependendo do destino, sigo tentando não deixar rastros de mal entendidos. Se existirem diferenças, sejam de opinião ou de qualquer outra natureza, tento esclarecê-las no momento em que nascem. Mesmo assim, sempre haverão interpretações diferentes.

A grande maioria (mesmo!) dos desentendimentos ocorrem por problema de interpretação ou falta de comunicação e quando isso acontece, o que grande parte das pessoas faz? Exatamente! Fica tentando adivinhar o que o outro está pensando. E aí começa o problema.

Um dia você chega no trabalho num dia não tão bom, tá com aquela cara de terçado, cumprimenta as pessoas do ambiente em voz baixa e aí alguém não escuta o cumprimento e fala pro colega: “Você viu? Nem falou comigo! Que será que eu fiz pra pessoa não gostar de mim?”. Aí essa mesma pessoa fica matutando isso e transforma cada atitude sua em indireta para ela e quando você percebe tem um “inimigo” no trabalho que nem sabe como isso começou. E dá um puta trabalho esclarecer/recuperar isso.

A mesma coisa acontece em qualquer grau de relacionamento, seja romântico ou fraterno. Pequenos eventos mal interpretados ou “adivinhados” se transformam em grandes conflitos que poderiam ter sido evitados se na primeira dúvida sobre a mensagem recebida nós perguntássemos se é aquilo mesmo. Gente: O ÓBVIO PRECISA SER DITO! Nem sempre o que é óbvio pra mim, é pro outro e vice-versa. Mesmo que possa ser chato, melhor chato que ter um prejuízo emocional incalculável de pôr a perder boas relações por imaginação fértil ou interpretação errada. Já vi amizades lindas acabarem por motivos banais e quando se escuta os dois lados da história percebemos que tudo poderia ter sido resolvido numa boa conversa. FALE! PERGUNTE! ESCLAREÇA! Todos só têm a ganhar.

* Telma Miranda é advogada, fã de literatura, música e amiga deste editor.

Há 24 anos, morreu meu pai, Zé Penha Tavares (o meu herói)

Meu pai, Zé Penha. Um cara sensacional!

Um discurso que sempre pautou a minha vida foi o amor pela minha família. Há exatos 24 anos, em uma manhã de segunda-feira cinzenta, no Hospital São Camilo, morreu José Penha Tavares, o meu pai. O meu herói. Já que “Recordar, do latim Re-cordis, significa ‘passar pelo coração”, como li em um livro de Eduardo Galeano e dito também em outro texto pelo amigo Fernando Canto, passo pelo meu essas memórias.

Filho de João Espíndola Tavares e Perolina Penha Tavares, nasceu no município de Mazagão, em 1950, de onde veio o casal. Era o primogênito de cinco filhos.

Ele começou a trabalhar aos 14 anos, aos 20 foi morar em Belém (PA), sempre conseguiu administrar diversão e responsa, com alguns vacilos é claro, mas quem não os comete? Na verdade, papai nunca se prendeu ao dinheiro, nunca foi ambicioso. Mas isso não diminui o grande homem que ele foi.

Após o seu falecimento, li no jornal da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), onde ele trabalhava: “Feliz, brincalhão, sempre educado e querido por todos. Tinha a pavulagem de só querer menina bonita a seu lado, seja em casa ou entre amigos, mas quem se atreve a culpá-lo por este extremo defeito?”.

Zé Penha pode não ter sido um marido exemplar, mas com certeza foi um grande pai. Cansou de fazer “das tripas coração” para os filhos terem uma boa educação, as melhores roupas e bons brinquedos. Quando nos tornamos adolescentes, nos mostrou que deveríamos viver o lado bom da vida, sacar o melhor das pessoas, dizia que todos temos defeitos e virtudes, mas que devíamos aprender a dividir tais peculiaridades.

Papai e mamãe, em 1990.

Penha não gostava de se envolver em política. Ele gostava mesmo era de viver, viver tudo ao mesmo tempo. Família, amigos, noitadas, era um “bom vivant” nato. Tinha amigos em todas as classes sociais, a pessoa poderia ser rica ou pobre, inteligente ou idiota, branca ou preto, mulher ou homem, hétero ou homo, não importava, ele tratava os outros com respeito. Aquele cara era extraordinário!

Esportista, foi goleiro amador dos clubes São José e Ypiranga, dos times do Banco da Amazônia (BASA) e Companhia de eletricidade do Amapá (CEA) e tantos outros, das incontáveis peladas.

Atravessamos tempestades juntos, o divórcio, as mortes do Itacimar Simões, seu melhor amigo e do seu pai, João Espíndola, com muito apoio mútuo. Sempre com uma relação de amizade extrema. Ele nos ensinou a valorizar a vida, vivê-la intensamente sem nos preocuparmos com coisas menores a não ser com as pessoas que amamos. Sempre amigo, presente, amoroso, atencioso e brincalhão.

Com ele aprendi muito sobre cultura, comportamento, filosofia de vida, e aprendi que para ser bom, não era necessário ser religioso. “Se você não pode ajudar, não atrapalhe, não faço mal a ninguém” – Dizia ele.

Acredito que quem vive rápido e intensamente, acaba indo embora cedo. Ele não costumava cuidar muito da própria saúde, o câncer de pulmão (papai era fumante desde os 13 anos) o matou, em poucos meses, da descoberta ao “embarque para Cayenne”, como ele mesmo brincava.

Serei eternamente grato a todos que ajudaram de alguma forma naqueles dias difíceis, com destaque para Clara Santos, sua namorada, que segurou a onda até o fim. E, é claro, minha família. Sempre que a saudade bate mais forte, eu converso com ele, pois acredito que as pessoas morrem, mas nunca em nossos corações.

Zé Penha, com as mãos nos ombros da Clara (sua namorada na época), eu (em pé com a mão no ombro do meu irmão) e Emerson. 1997.

José Penha Tavares foi muito mais de que pai, foi um grande amigo. Nosso amor vem das vidas passadas, atravessou esta e com certeza a próxima. Ele costumava dizer: “Elton, se eu lhe aviso sobre os perigos da vida, é porque já aconteceu comigo ou vi acontecer com alguém”.

Meu mais que maravilhoso irmão, Emerson Tavares, disse: “Papai nos ensinou o segredo da vida: ser gente boa e companheiro com os que nos são caros (família e amigos). Sempre nos espelhamos nele. Para mim é um elogio quando falam que tenho o jeito dele, pois o Zé Penha foi um homem admirável, um verdadeiro ser humano!

“Quem já passou por essa vida e não viveu, Pode ser mais, mas sabe menos do que eu”. A frase é do poeta Vinícius de Moraes. Ela define bem o meu pai, que passou rápido e intensamente por essa vida.

Queria que o Zé Penha tivesse vivido pra ver a Maitê, pra sacar que consegui me encontrar e ser um bom profissional, pra ver o grande cara que o Emerson se tornou. Enfim, pra tanta coisa legal. Também faço minhas as palavras do escritor Paulo Leminski: “haja hoje para tanto ontem”.

Ao Penha, dedico este texto, minha profunda gratidão e amor eterno. Até a próxima vez, papai!

Obs: Texto republicado todo ano nesta data e assim será enquanto eu sentir saudade. E essa saudade, queridos leitores, nunca passa!

Elton Tavares