Amar é o lance! – Crônica de Elton Tavares

Escuto sempre que a vida é simples e somos nós que complicamos. O lance é viver sem frescura, fazer o bem, fazer o certo, cercar-se de gente que realmente importa. O lance é ter vergonha na cara, sem muita conversa ou muito explicar, se fazer feliz.

O lance é ser autêntico, verdadeiro, bom e amoroso. Também respeitado, aguerrido e combativo se preciso. O lance é ser bem humorado, espirituoso e até irônico, se necessário.

O lance é identificar amigos que não só pedem, mas também se dão. O lance é fazer o que gostamos, seja no bar o ou na igreja, tanto faz.

 

O lance é honrar a família, não toda, só os que lhe aquecem no frio e apoiam quando dá merda. O lance é respeitar os colegas, seja de trabalho, de copo e pessoas em geral.

O lance é puxar a fila, trazer novidade, não ser só mais um. O lance é, às vezes, usar palavras duras, mas também elogiar e até pedir desculpas. O lance é, se preciso, assumir e confessar erros, bater e apanhar, mas jamais deixar de amar aos seus e a si mesmo. Esse sim é o grande lance!

Elton Tavares

Meu céu – Crônica de Elton Tavares – Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”

Ilustração de Ronaldo Rony

Pois é. Escrevi uma crônica sobre como seria o meu “Inferno”. Hoje vou falar/escrever um pouco de como seria o meu céu. Não sei se baterei na porta do céu como Bob Dylan. Nem se vou achar o lugar igualzinho ao paraíso, como sugeriu o The Cure, mas estou atrás da “Stairway To Heaven” do Led Zeppelin. Só não vale ter “Tears In Heaven”, do Eric Clapton. Mas vamos lá:

Meu céu é em algum lugar além do arco-íris, bem lá no alto. Bom, lá, ao chegar ao meu recanto celestial, eu falaria logo com ELE, sim, Deus ou seja lá qual for o nome dele (God; Dieu; Gott; Adat; Godt; Alah; Dova; Dios; Toos; Shin; Hakk; Amon; Morgan Freeman ou simplesmente “papai do céu”) e minha hora já estaria marcada.

Ah, não seria qualquer deusinho caça-níqueis (ou dízimos) não. Seria o Deus de Spinoza, que como disse Einstein: “se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”.

Após este importante papo com o manda chuva do paraíso (tá, quem manda chuva mesmo é o seu assessor, São Pedro, mas eu quis dizer mesmo é do chefão celestial), daria um rolé e encontraria todos os meus amores que já viraram saudade. Ah, como seria sensacional esse reencontro!

Bom, meu céu é todo refrigerado e chove. Chove muito, mas nunca inunda as vielas do paraíso e nem desabriga ninguém por lá. Ah, abaixo dele chove canivetes nos filhos da puta (que não são poucos) que encontrei durante a jornada pré-celestial. Óquei, pode soar meio lunático, mas é o meu céu, porra!

No meu céu não tem papo furado, como no capítulo 22, versículo 15, do livro de Apocalipse. Lá entrarão impuros sim ou seria uma baita hipocrisia EU estar neste céu. No meu céu não toca brega, pagode e sertanejo sem parar, afinal, isso é coisa do inferno. Ah, no meu céu não entra corrupto, pastor explorador, padre pedófilo ou escroques de toda ordem, esses tão lá no meu inferno e eu ainda teria o direito de cobri-los de porrada!

No meu céu as pessoas se respeitam, não tentam a todo o momento tirar vantagens do outro. No meu céu, serviços prestados são pagos na hora, chefes são justos e não rola fofoca. Lá não tem puxa-sacos, apadrinhados ou seres infetéticos desse naipe que a gente, infernalmente, convive na terra diariamente.

No meu céu tem churrasco, pizza, sanduba, entre outras comidas deliciosas e que nunca, nunca mesmo, nos engordam (pois é infernal o preconceito fitness). Lá também não sentimos ressaca. No meu céu tem show de rock o tempo todo, com todos os monstros sagrados que já embarcaram no rabo do foguete e a gente curte pela eternidade.

Lá no meu plano celestial não existe a patrulha do politicamente correto, nem gente falsa, invejosa, amarga, e, muito menos, incompetentes. Se tá no céu, se garante, pô!

Não imagino o céu como um grande gramado onde todo mundo usa branco, ou um local anuviado onde anjos tocam trombetas e harpas. Não, o céu, se é que ele existe (pois já que o inferno é aqui, o céu também é) trata-se de um local aprazível para cada visão ímpar de paraíso, de acordo com nossas percepções e escolhas. Bom, chega de ficar com a cabeça nas nuvens. Uma excelente semana para todos nós!

“Eu acho que há muitos céus, um céu para cada um. O meu céu não é igual ao seu. Porque céu é o lugar de reencontro com as coisas que a gente ama e o tempo nos roubou. No céu está guardado tudo aquilo que a memória amou…” – escritor Rubem Alves (que já foi para o céu).

Elton Tavares (que graças à Deus, tem uma sorte dos diabos).

Foto: Flávio Cavalcante

*Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”.

Meu inferno – Crônica de Elton Tavares – Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”

Ilustração de Ronaldo Rony

Acho que se existir inferno, coisa que duvido muito, cada alma pecadora tem um desses locais de pagamento de dívidas de acordo com suas ojerizas. Nada como no clássico da literatura “A Divina Comédia”, o inferno do escritor italiano Dante Alighieri, que escreveu sobre os nove andares até a casa do “Coisa Ruim”.

Quem nunca imaginou como seria o Inferno? Como seríamos castigados por nossos pecados? Volto a dizer, pra mim o inferno é aqui mesmo. Mas vou pontuar algumas coisas que teriam no meu, se ele está mesmo a minha espera.

Bom, meu inferno deve ser quente. Não tô falando das labaredas eternas com o Coisa Ruim me açoitando pela eternidade. Não. Esse é o inferno mitológico e ampliado da imaginação religiosa. Falo de calor mesmo, tipo Macapá de agosto a dezembro, com quase 40° de temperatura (a sensação térmica sempre ultrapassa isso no couro da gente) e sem ar-condicionado.

Neste inferno, todo mundo é fitness, come coisas saudáveis e é politicamente correto. Meu inferno tem gente falsa, invejosa, amarga, que destila veneno por trás de sorrisos. Ah, meu inferno tem incompetentes, puxa-sacos, gente de costa quente que conta do padrinho que o indicou. E pior, neste inferno sou obrigado a conviver com elas diariamente.

No meu inferno tem gente que atrasa, que me deixa esperando por horas. Ah, lá tem caloteiros e enrolões, daqueles que demoram a pagar serviço prestado por várias razões inventadas.

Neste inferno moldado a mim tem parente pedinchão, “amigo” aproveitador, filas e mais filas para tudo. Tem também muita etiqueta e formalidades hipócritas. E também todo tipo de “ajuda” com segundas intenções. De “boas intenções” o inferno tá cheio.

Neste lugar horrendo só vivo para trabalhar, estou sempre sem dinheiro, sem sexo, sem internet e sem cerveja. Nó máximo Kaiser, aquela cerva infernal de ruim. No meu inferno toca brega, pagode e sertanejo sem parar.

Eu sei, leitor, que devo agora estar lhe aborrecendo. Mas perdoe-me, esta alma é chata e sentimental. Às vezes vivemos infernos mesmo no cotidiano, pois vira e mexe essas coisas aí rolam. Por isso dizem que o inferno é aqui. Ou como explicou o filósofo francês Jean-Paul Sartre, na obra “O Ser e o nada”: o inferno são os outros. É por aí mesmo.

Ainda bem que tenho uma sorte dos diabos e Deus é meu brother, pois consegue me livrar dos perigos destes possíveis infernos cotidianos e nunca fará com que tudo isso descrito acima ocorra por toda a eternidade. No máximo, de vez em quando, para que eu pague meus pecadinhos neste plano (risos).

Este seria mais ou menos o MEU inferno. Como seria o seu?

Foto: Flávio Cavalcante

Elton Tavares

*Do livro “Crônicas De Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias”.

Não descarte pessoas! Uma hora você pode ser descartado – Crônica de Telma Miranda – @telmamiranda

Crônica de Telma Miranda

Amo meus amigos com todas as minhas forças e como eu li dia desses, não sou anti-social, sou socialmente preguiçosa, e por conta disso os vejo pouquíssimo, mas procuro afagá-los, seja por um bom dia inesperado, uma ligação, um comentário em rede social ou do jeito que a oportunidade oferecer.

Falo isso porque já sofri rupturas bruscas de várias naturezas e não há sensação pior do que se sentir descartável. Quando falo descartável, me refiro, por exemplo, a uma pessoa com quem você tem um relacionamento sair um dia da tua casa dando tchau, amanhã a gente se fala e sumir. Modernamente chamamos de “ghosting”, o famoso “saiu pra comprar cigarros e nunca mais voltou”.

Porém isso também ocorre nas amizades. Não que eu seja uma pessoa carente, porque isso realmente eu não sou. Posso ser tola, mimada, manhosa, entre várias e várias coisas, mas amor não me falta, nunca me faltou e se Deus permitir e meu comportamento ajudar, jamais faltará! Mas fico incomodada, quando alguém com quem eu estava convivendo rotineiramente some.

Fico me perguntando se eu fiz algo para contribuir com essa “saída estratégica seja-lá-pra-que-lado-foi”, se a pessoa está ocupada, se tá precisando de ajuda, penso um monte de coisas. Minha cabeça é um parque de diversões 24h pros meus “Divertidamentes”, os seres que habitam minha cabeça e que são hiperativos e tomam todo tipo de estimulante como água e não me deixam em paz um minuto com pautas aleatórias e diversas, mas isso é outra e ótima história!

Por mais que dure pouco o tempo que gasto me perguntando o que aconteceu, acredito que é de bom tom, se existir afeto e respeito, claro, sempre que precisarmos nos ausentar da vida das pessoas, dar um “oi, vou dar uma sumida porque tô enrolada, mas a gente vai se falando!”. Ressalto que EU penso assim, pois jamais quero causar em alguém sentimentos que me causaram e me fizeram muito mal durante um tempo, mas a terapia me ajudou e entender que isso não é meu e nem sou eu. Enfim. Em tempos líquidos, onde tudo é muito intenso, frenético e fulgaz, cuide da água que te cerca, pois tudo o que se descarta pode não ser biodegradável, e de repente água contaminada, turva e cheia de resíduos não é segura pra mergulhar. E que Deus me livre de ser resíduo em oceanos alheios!

* Telma Miranda é advogada, fã de literatura, música e amiga deste editor.

Mário Sérgio – O “Vesgo” – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

O futebol brasileiro  apresenta vários nomes todos os anos, poucos fazem história por várias rivais, sendo reconhecido por várias torcidas como gênio. Mário Sérgio Pontes de Paiva é sem dúvida alguma,  um desses singulares casos.

Cria da Gávea tinha tudo para despontar como mais um craque formado pelo celeiro que mostrou ao mundo Zico, Adílio e Junior dentre outros daquela geração de ouro, mas seu temperamento forte não o deixaram permanecer no time rubro negro.

Oriundo do futebol de salão, tinha uma técnica expirada, como um verdadeiro craque conduzia suas equipes sempre da forma mais ofensiva, muitas vezes fora acusado de ser “fominha”, por puxar o jogo para si e prender muito bola, mas de seu pé canhoto sempre saia algo espetacular, passes que rasgavam o tapete verde e encontravam atacantes ávidos por marcar gols.

Foram 13 camisas vestidas, treze torcidas apaixonadas, títulos nos principais campeonatos do Brasil, e o mundo conquistado em uma carreira de 18 anos  marcada por polêmicas e muito futebol.

Vestiu vermelho e preto na boa terra, e pelo Vitória levantou o campeonato baiano de 72, suas boas atuações o trouxeram de volta ao Rio de Janeiro, para ser uma das principais engrenagens da primeira máquina tricolor, e junto de Rivelino e Edinho levantaram o estadual de 75 e no ano seguinte o bi campeonato. Mas uma indisposição com o mandatário tricolor o fizeram vestir o alvinegro ainda em 76. Pelo Botafogo que tinha formado um senhor time “problemático”, mas bom de bola, com Dé, Renê e Paulo Cesar, esse escrete da estrela solitária foi apelidado de “Time Camburão” pelo jornalista Roberto Porto, que além de escriba também era um botafoguense dos bons.

Mário Sérgio chega para vestir  vermelho no sul do país, a pedido de ninguém menos do que de Falcão. No Internacional foi fundamental na conquista do nacional de 79 de forma invicta. Suas jogadas espetaculares faziam a festa de Bira e realmente o time sobrou em campo de forma absoluta naquele ano. Em 80 chegou a disputar a final da Libertadores, o título não veio, mas com a saída de Falcão para ser o Rei em Roma, tornou-se o principal jogador da equipe que ainda levou o gauchão de 81.

Sua idolatria conquistada por méritos próprios no Internacional não o impediram de vestir as cores do Grêmio, sua habilidade singular o fizeram ditar o ritmo do jogo mais importante da historia do time do olímpico,  O Vesgo, deixava os marcadores alemães extremamente confusos com seus passes, olhar para um lado e lançar para o outro, melhor jogador da partida foi Renato, mas pelos gols, claro o mais importante , mas Mário Sérgio foi sem duvida alguma o responsável central pelas jogadas que pintaram o mundo de tricolor em 83, foi apenas um jogo que trouxe a maior conquista do Grêmio de Futebol Porto Alegrense.

No “Grenal” da entrega das faixas, já em 84 vestindo vermelho novamente recebeu a faixa azul do mundial e foi aplaudido e ovacionado pelas duas torcidas, fato que mostrou toda sua idolatria no sul, ídolo marcante tanto de Colorados e Tricolores.

No Verdão, foi pego no doping depois de um jogo contra o São Paulo, onde vários jornalistas viram um certo Doutor Marco Aurélio Cunha, médico do São Paulo oferecendo uma famigerada “Soda Limonada” ao jogador, resultado positivo para cocaína lhe rendera um gancho de 6 meses. Mário ainda voltaria a mostrar seu bom futebol ao alviverde, mas o clima não estava mais como no começo e depois de uma passagem pelo Botafogo de São Paulo, o craque foi para a Suíça.

Depois do clima gelado dos alpes, o sol da boa terra novamente, agora vestindo as cores do Tricolor de Aço. Pelo Bahia, Mário já não conseguia acompanhar o ritmo dos outros jogadores, contusões e a idade já cobravam o preço e vestindo a 10, pediu para sair depois de um primeiro tempo na quinta rodada do brasileirão de 87, despediu-se dos jogadores, da comissão técnica e encerrou assim sua notável carreira de jogador profissional.

Mário Sergio, foi um dos melhores canhotos que o futebol brasileiro produziu, jogador diferenciado que por seu temperamento não jogou a copa de 82, substituído por Éder na convocação final, que deu tiros ao alto para assustar a torcida do São José, quando atuava pelo São Paulo, um dos primeiros casos de afastamento por doping no futebol nacional, mas nenhuma dessas manchas chega perto de suas conquistas dentro de campo.

O Vesgo foi sem dúvida um dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos.

Mário Sérgio Pontes de Paiva se foi desse mundo no dia 28 de novembro de 2016 no acidente aéreo  que vitimou a delegação da Chapecoense a caminho da final da Copa Sul-americana.
       
*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia, além de vascaíno.

Na minha volta ao Zerão sai como campeão – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Noite de segunda-feira agradável, temperatura boa, nenhum sinal de chuva, tudo ocorre bem para um excelente espetáculo futebolístico.

Neste contexto, saio às 19h. O jogo marcado para as 20 e poucos, dá tempo de sobra para chegar, uma atmosfera vencedora toma conta de mim, dessa vez vai dar certo.

No cardápio, final do campeonato amapaense, Trem e Independente prometiam um bom jogo, digno de uma final, sem surpresas os dois melhores escretes da competição, nada mais justo que chegassem bem para realizar a segunda e derradeira partida, promessa de muitos tentos, jogadas inesquecíveis e muita festa.

Entro no estádio, minha relação com Zerão vem de longe, fui no jogo inaugural, Zico tabelou com Collor, então presidente em um jogo festivo da seleção de másters. Mas meu afastamento daquele singular templo do futebol é grande, acredito que a última vez que tinha entrado lá para ver um jogo fora em 2005, um Remo x São José.

Meu afastamento do estádio tem dia, ano e responsável, o campeonato de 92. Aquele sim foi um senhor campeonato, lembro como se fosse hoje o timaço do Ypiranga com Edgar (craque do ano) Jorginho Macapá, Tiago, Rodolfo, Miranda treinados pelo folclórico tri campeão mundial Dadá Maravilha, sou torcedor do Trem, mas reconheço que aquele time era bom.

Foram 4 partidas seguidas, a final do segundo turno o time do Trem ciceroneado por nomes como Jorge Periquito, Mario Sergio (fenomenal), Jorge Silva, Edmilson Borçal, Roberto Foguete e um endiabrado Edilson Bala derrotou o todo poderoso negro anil por 4 a 2 e forçou as finais, ate aquele jogo, o Ypiranga não tinha perdido um jogo, e seus únicos pontos perdidos tinha sido justamente para o Trem em um 0x0 no Glicério Marques.

Três partidas, 1×1, 0x0 e terceira, um sonoro 3×0 com direito a gol do Fantástico e tudo. Naquele dia eu saí triste.

Trinta anos depois eu estou no mesmo local, mais uma final com o Trem. Não que meu clube não tenha ganho nada, pelo contrário estava defendendo um título. A dívida era minha, eu tinha que ver, sentir, testemunhar a conquista, ver a história ser escrita.

Começa o jogo, lembro do meu Pai que sempre dizia “O Trem tem que começar atacando a favor do vento”, meu pai é um cara que sabe das coisas. Reparei que o campo escolhido para iniciar foi o certo.

Bola rolando, os dois times apresentando um bom futebol, vistoso, aguerrido, com muita vontade não a toa chegaram a final.

Falta para o Trem, cobrança de Tharcio, o vento ajuda a bola no fundo da rede. Vibrei como não vibrava a muito tempo, estava dando certo.

Chuva cai, não chuva um dilúvio que se Noé estivesse presente diria “eu tenho a arca” um verdadeiro toró, raios pra todo lado nesta hora eu torci para os mesmo ficarem longe de nossos transformadores. Volta o jogo, fim do primeiro tempo.

Segundo tempo o Independente começa melhor, bem melhor o carcará tem qualidade e time pra isso, a locomotiva equilibra, mas em jogada trabalhada Joilson empata, lance que gera reclamação dos atletas rubro negros , mas não tem VAR, bola ao centro. Os jogadores sentem o momento, um gol acaba tudo, mas o tempo não para como já dizia Agenor e fim de papo. Pênaltis.

Pênalti no futebol é quase um resumo da própria vida, tiro livre, um homem contra o outro, a bola. Um apito dá o sinal, dali só irá surgir heróis e vilões.

Confesso que não sou muito de ganhar nos pênaltis, na boa ganhei uma Copa, a de 94, mas perdi um mundial em 2000 e realmente meus medos vieram a tona, não pode acontecer.

Cinco cobranças, 4 no fundo da rede. Cobranças Alternadas. Ai sim, a emoção vem a tona e surge o herói. Dida, nome de craque, semblante serio um senhor arqueiro, converteu o seu e defendeu o outro cobrado pelo outro arqueiro.

Festa garantida, Dida o herói da conquista e finalmente depois de 30 anos eu pude comemorar o Zerão. Fiz as pazes com o estádio, olhei para o gramado, vi a festa. Liguei pro meu pai, que não estava lá. Agradeci por me ensinar a amar o clube e que aquele título era nosso, estava guardado, já estava escrito.

Este foi o quinto título do Trem no campeonato profissional, o mais importante, porque eu estava lá.

Menção mais que honrosa para a torcida verde e branca do Independente, vocês são fodas, para que a turma do Trem tomem cuidado com essa taça.

Com chuva, raios e trovões o TREM É CAMPEÃO.

Dida é o melhor goleiro do mundo.

*Errata: no texto do primeiro jogo, por erro de digitação coloquei o placar de 1×1 o correto é 2×2.
**Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Hoje é o Dia Nacional do Escritor (minha homenagem aos confrades literatos) #diadoescritor

Na imagem, os escritores: Mauro Guilherme (in memorian), cronista e poeta falecido em 2021; Fernando Canto e Alcinéa Cavalcante (Imortais da Academia Amapaense de Letras);a escritora quilombola Esmeraldina dos Santos; e da nova geração, Lara Utzig, Pedro Stkls e Tiago Soeiro (os dois últimos conhecidos como Poetas Azuis).

 

Hoje (25) é o Dia Nacional do Escritor. O conceito diz: Escritor é o artista que se expressa através da arte da escrita ou, tradicionalmente falando, da Literatura. É autor de livros publicados, embora existam escritores sem livros publicados (chamados, por alguns, de amadores, mas não para mim).

A data foi instituída em 1960 pelo então presidente da União Brasileira de Escritores (UBE), João Peregrino Júnior, e pelo seu vice-presidente, o célebre escritor Jorge Amado.

O Dia do Escritor, no Brasil, surgiu após a realização do I Festival do Escritor Brasileiro, iniciativa da UBE. O grande sucesso do evento foi primordial para que, por intermédio de um decreto governamental, a data fosse instituída com a finalidade de celebrar a importância do profissional da palavra escrita – profissão que, infelizmente, nem sempre tem sua relevância reconhecida.

Alcinéa Cavalcante e Fernando Canto. Dois imortais da Academia Amapaense de Letras, meus ídolos e queridos amigos. Foto: Flávio Cavalcante (também amigo escritor).

Hoje parabenizo os escritores que conheço e sou fã: Fernando Canto (para mim o melhor escritor do Amapá), o talentoso Paulo de Tarso, o genial Ronaldo Rodrigues, a fantástica Alcinéa Cavalcante, a doce Angela Maria de Carvalho, os impressionantes Lara Utzig, Marven Junius Franklin, Flávio Cavalcante, Mauro Guilherme (em memória), Kassia Modesto, Áquila Almeida, Arilson Souza, Aline Monteiro, Esmeraldina dos Santos, Gian Danton, Mayara La-Rocque, Amanda Moura, Tiago Quingosta, Luiz Jorge Ferreira, Leacide Moura, Renivaldo Costa, Maria Ester, Mary Rocha, Hernani Marinho, Mary Paes, Lorena Queiroz, Jô Araújo, Júlio Miragaia e Lulih Rojanski. Os poetas sensacionais Jaci Rocha, Pat Andrade, Annie de Carvalho, Bruno Muniz, Andréia Lopes, Carla Nobre, Hayam Chandra, os maravilhosos Poetas Azuis Pedro Stkls e Tiago Soeiro e o professor e poeta Carlos Nilson. Admiro muito todos vocês.

Também parabenizo grandes escritores amapaenses que não conheço pessoalmente, mas possuem grandes obras e contribuições expressivas para a literatura do nosso lugar no mundo. Deste grupo, em especial, o admirável Manoel Bispo, de quem sou fã, mas nunca troquei uma palavra. Minhas homenagens aos que viraram saudade há pouco tempo, como Gabriel García Márquez, João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e Ariano Suassuna. Também felicito os meus grandes e velhos amigos Victor Hugo, Mário Quintana, Fiódor Dostoiévski, José Saramago, Franz Kafka, Manuel Bandeira, Mário Prata, Machado de Assis, Luís Fernando Veríssimo, Charles Bukowski Friedrich Nietzsche, Carlos Drummond de Andrade, Nelson Rodrigues, entre outros tantos, que me ajudaram a melhorar a percepção das coisas.

Com os escritores Pat Andrade, Fernando Canto, Ronaldo Rodrigues e Alcinéa Cavalcante. Amigos!!

Os exímios escritores, que com habilidade e criatividade usam as palavras e ajudaram a abrir cabeças e ensinaram pessoas a ler nas entrelinhas, são, como diz a minha amiga jornalista manauara Juçara Menezes, “máquinas pensantes para outros começarem a pensar”. De fato!

Quando perguntavam qual a minha profissão, dizia que “sou jornalista, assessor de comunicação e editor de um site. Mas que, um dia, gostaria de ser escritor”. Pois é, me tornei escritor e estou feliz com isso. Fiz a estreia nas antologias “Cronistas na Linha do Equador” e “61 Cronistas do Amapá”, lançadas em 2020. Sobre essas duas publicações, agradecimentos aos escritores Mauro Guilherme (saudoso amigo que fez a passagem há pouco tempo) e Alcinéa Cavalcante, querida amiga que sempre me apoia.

Também tenho dois livros publicados. São as obras “Crônicas de Rocha – Sobre Bênçãos e Canalhices Diárias” (de 2020) e “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo” (2021). Eles foram os primeiros de muitos que virão, se Deus permitir. Agradeço sempre aos familiares e amigos que contribuíram  e foram fundamentais ambas as publicações da obra.

Voltando à data celebrada hoje, parabenizo ainda os jornalistas que escrevem crônicas e contos. A licença poética (da poesia marginal, claro) e liberdade de expressão me permitem dizer: o que vocês fazem é bom pra caralho!

Ah, aos que nunca conseguiram publicar seus livros, deixo o recado: continuem tentando, sempre!

Enfim, senhores escritores, meus parabéns por rabiscarem ou digitarem seus pontos de vista, histórias e estórias próprias ou de terceiros, causos, contos, devaneios, tudo com muita sagacidade, inteligência e humor. A nós, literatos imparáveis, desejo muita insPiração e um feliz Dia do Escritor.

Elton Tavares – Jornalista e escritor.

Nem sempre nos garantimos – Crônica de Elton Tavares – Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”

Ilustração de Ronaldo Rony

Crônica de Elton Tavares

Em 2012, fui convidado por uma amiga para falar sobre o lance de ser editor de site. Era uma palestra ou algo parecido. Expliquei-lhe que minhas atribuições e horários não permitiriam que eu aceitasse seu convite, mas adorei. Afinal, é um reconhecimento. Ano passado, outro convite sobre o tema e para outra instituição de Ensino Superior.

Logo, lembrei que, há tempos, disse à uma jornalista: “nem sempre conseguimos ser brilhantes”. Acredito mesmo nisso (pior é quem nunca é). Como falar em público de uma atividade que não sei se domino bem? Como ensinar sem saber? Aliás, sou péssimo nesse papo de falar em público.

Conheço muita gente que escreve bem pra caramba. Inclusive pessoas que não são jornalistas, blogueiros, professores, advogados ou seja lá qual a área de atuação que exija (no mínimo) uma redação “marrômeno”. Aliás, sou fã dos textos de várias figuras amapaenses. Eles usam o hemisfério esquerdo do cérebro e conseguem redigir as coisas de forma diferente, irreverente ou não, mas sempre inteligente.

Voltando ao convite, como falar das minhas opiniões, meus “achismos”, minhas conclusões (às vezes errôneas e precipitadas) e minhas imposições, sobretudo musicais? Esse negócio é sério. Muito sério. Pois são as minhas verdades e pontos de vista.

No “De Rocha” falo de coisas sérias, divulgo cultura, publico poesias, músicas, fotografias, ajudo na cena artística, entre outras “paideguices”. Mas, se der na telha, escrevo ou publico doidices e até coloco palavrões nos escritos.

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos”, dizia o saudoso Millôr Fernandes.

Sou fã dos blogs e sites que possuem conteúdos jornalísticos e culturais. Existem páginas com muita qualidade. Mas detesto aqueles que são meramente repetidores de textos de terceiros. Se você se propõe a ter uma página na internet, escreva!

Ser editor de um site é ter sacada, emitir opinião, dar a cara a tapas, ter responsabilidade para não difamar e jamais se achar o dono da verdade. Adoro o fato de minha página eletrônica ter caído nas graças de muitos leitores.

Escrevo, quase sempre, de improviso.

Mas há períodos de entressafra das ideias, em que fico sem inspiração diante do computador. São os e-mails com releases culturais ou informativos, além dos meus colaboradores, que me salvam. Quem dera fosse só querer e baixasse o espírito de Rui Barbosa e eu começasse a redigir como um gênio.

Seria firmeza!

Trocando em miúdos, aqui discutimos o sexo dos anjos, falamos de coisas sérias, de jornalismo, diversão e arte. Mas também perdemos tempo com bobagens. Por que não? Sempre brinco e digo que sou um jornalista de bastidores, pois apurar e escrever é tranquilo. Já falar em público, rádio ou TV, é difícil. Aceito a limitação e gosto de como trabalho.

Sei que tem muita gente preparada para falar sobre blogs, jornalismo e o mundo midiático. Eu não. Acredito que é preciso humildade para assumir quando não nos garantimos sobre alguns temas. Afinal, nem sempre nos garantimos ou somos brilhantes. Pelos menos não como algumas pessoas acham que somos.

É isso. Bom fim de semana para todos nós!

*Do livro “Papos de Rocha e outras crônicas no meio do mundo”, lançado em 2021.

Alguns parágrafos para o eterno – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Eu vejo a luz, mas não sei se é a do fim do túnel. Desconfio, inclusive, de que não há túnel algum.

Abro a janela num ato mecânico. Por que pulam, lá fora, os ponteiros dos relógios? Três dias atrás faltava dois anos para nunca mais. A sombra da torneira lacrimeja momentos de solidão. E por que isso me veio à mente?

Toda vez que tentei seguir a fila, alguém me indicou o caminho contrário. Aí eu vim, vendo muitos rostos passando por mim. Creio que todos os rostos que passaram por mim pela vida inteira. As pessoas, donas dos rostos, ignoraram o meu rosto, meu jeito de ser, minha mente. Mas é assim mesmo: ignorantes ignoram. É o que sobrou para eles.

Sempre fui assim, todo errado, mas, num mundo errado, até que nem destoo tanto da paisagem em volta. Às vezes, percebo o engano, mas insisto nele, para ser sociável, para ser aceito, para fazer alguma coisa.

É de manhã no vale da minha existência. Os pássaros, vindos da noite de ontem, demoram a reconhecer os ninhos e vão depositando as claves de sol em qualquer lugar, até que encontrem os filhotes, ávidos por esse alimento.

Pesadelos me vêm de madrugada. Se eu dormisse numa tumba, dentro de uma cripta, no porão de um castelo medieval, acharia esses pesadelos até naturais. Mas dormindo aqui, debaixo do viaduto, com o sol da meia-noite me batendo na cara, eles são bem estranhos. Ainda bem que também sou estranho.

Sim, existem amanheceres e disposição para abrir os olhos. E eu vou fazer/refazer essa rotina até que ela se torne saudade. Até que se torne eternidade. Até que o lamento se torne canção. Até que o cansaço se torne ânimo. Até que eu pare de vez e comece de novo. E de novo. E de novo…

 

Ah, o Futebol – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Catarse imensa da vida, 90 minutos que decidem quem é herói ou vilão. A cada partida uma história de glória, tristeza ou as duas. Rivalidade imersa em um amor desigual por bandeiras, cores e símbolos, o futebol é a mágica essência da humanidade.

Os deuses da bola brincam com sentimentos humanos, que são os mais obtusos, a raiva se limita ao fulgor do alívio exacerbado de gol. Uma virada heroica no campo adversário.

Levantar um troféu e aplaudir um lance que desafia física. A perfeição de um passe que rasga o gramado verde e encontram atacantes ávidos por fazer sorrir quem torce a favor.

Desavisados, mal amados dizem ser “só um jogo”, se esquecem de que se trata do “Jogo”, não é esporte. Futebol não é exato, não é previsível, futebol é jogado.

Onze contra onze, levando nas costas a responsabilidade de fazer milhões sonharem, de construir um caminho rumo a vitórias, títulos e ao coração do torcedor, futebol é vida.

Um guarda metas que assegura com a própria existência  que a pelota não vai balançar suas redes, zagueiros duros como pedra, meio campo habilidoso, laterais corredores e atacantes com faro, a receita ideal para se seguir sorrindo.

A bola, a senhora de tudo, a donzela a ser disputada, que esteja sempre a nosso favor e que não se atreva nunca a entrar na baliza errada, que os ventos sempre a levem a área adversária e que nunca seja contra a gente.

O gol, o momento sublime de todas as realizações, não se tem registro maior de uma carga de adrenalina do que tal momento a ser gritado, aplaudido, comemorado ou sonhado.

O futebol une pessoas, para guerras, transforma vidas. Desafia a lógica e desmente os fatos.

Não tem favorito, dá crédito científico a superstição e banha em fé quem está presente.

Quatro linhas que delimitam o espaço, dois tempos de 45 e uma infinidade  de emoções postas a prova a cada ano, a cada rodada. Seja peleja, seja pelada seja o que for, nada é mais emocionante que uma partida de futebol.

19 de Julho é o dia nacional do Futebol.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Raí: o genial 10 do Morumbi – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

A lógica imponente que dois raios não caem no mesmo lugar não é respeitada pelos deuses da bola, seguindo esse preceito os ditos senhores celestiais do futebol concederam para outro membro da família Vieira de Ribeirão Preto o dom quase místico de jogar futebol.

E foi assim que Raí Souza Vieira de Oliveira, o irmão do Sócrates veio ao mundo, recheado de talento futebolístico e simplesmente predestinado a grandes conquistas.

Escreveu com muito talento uma história incrível com as camisas do Botafogo de Ribeirão, Ponte Preta e PSG da França, mas escalou o olimpo com o manto listrado tricolor do São Paulo Futebol Clube.

Alçado muito cedo aos profissionais do glorioso de Ribeirão, com apenas 15 anos já demonstrava o talento diferenciado no meio campo. Sua visão de jogo e domínio de bola o faziam se destacar perante seus companheiros, passes precisos que faziam com que a torcida não poupassem comparações com seu já famoso irmão, suas atuações chamaram a atenção dos dirigentes da Ponte Preta e já em 86 ele estreou no Brasileirão. Na volta para Botafogo durante o Paulistão de 87 marcou 3 gols contra Corinthians , tal atuação quase o fizeram a vestir a camisa alvinegra, o destino quis que o São Paulo o contratasse para o campeonato nacional de 87.

Sua chegada ao Morumbi foi cercada de expectativas, pois tratava-se de um jogador que já tinha mostrado seu talento, inclusive com uma convocação para a disputa da Copa América pela seleção Brasileira em 86, quando ainda atuava pela “Macaca”.

Em 89, veio o primeiro título com o São Paulo o campeonato paulista e uma campanha contundente no brasileirão, onde Raí era um dos destaques do time que foi vice-campeão do torneio, em 90 já consolidado como craque, Raí comandou o meio campo do tricolor que mais uma vez disputou a final do nacional. O título mais uma vez escapou, mas a chegada de Telê Santana já mostrava a nova colocação do jogador.

Se até a chegada do mestre Raí tinha marcado apenas 26 gols, atuando mais avançado marcou 28 apenas em 91, sendo 20 e no paulista os que lhe rendeu a artilharia da competição e o Titulo com direito a três gols na final contra o Timão, e após 2 anos consecutivos de derrotas em finais do nacional, o São Paulo com Raí como capitão levantou o troféu do Brasileirão.

Em 1992 um ano mágico tanto para o time como para o jogador, o gol que levou o São Paulo para a disputa de pênaltis na final da Libertadores da América foi marcado por ele, que ainda marcou o seu gol nas cobranças finais, resultado, mais de 120 mil tricolores que estiveram presentes ao Cícero Pompeu de Toledo, comemoram até o dia raiar.

Na final do Intercontinental, uma atuação de gala, como se estivesse jogando de terno, Raí garantiu o título mundial para o São Paulo, com dois gols, um de barriga , outro uma verdadeira pintura, de falta deixou boquiabertos os catalães do Barcelona. Melhor jogador da partida, capitão, o mundo era tricolor. Na volta para o Brasil, mais um troféu, o Raí e o São Paulo levantam pela segunda vez o paulistão, neste campeonato Raí marcou 5 só de uma vez contra o Norusca de Bauru (Noroeste).

Em 93, fez um dos gols na final da Libertadores o que lhe fez levantar mais uma vez o maior troféu das américas o São Paulo era bicampeão, vendido ao PSG ganhou o campeonato francês no seu ano de estreia, além de 2 vezes a copa da liga, 2 vezes a copa da França , 1 vez a supercopa e 1 vez a recopa europeia, 7 títulos, no período de 7 anos no solo francês, em 2020 foi coroado como o melhor jogador da história do Clube.

Pela seleção nacional, foi 10 da amarelinha na seleção tetracampeã, mas perdeu espaço e atuou como titular nas 3 primeiras partidas da campanha do tetra de 94, era o capitão até passar a braçadeira para Dunga.

Em 98, na sua volta para o Brasil, o caminho natural era Morumbi, ai um fato que só os maiores conseguem, Raí fez um gol e ganhou o paulista novamente contra o Corinthians , no dia que desembarcou em solo paulista, só os maiores fazem isso.

Seu faro de gol, sua excelente colocação na área o fizeram ser colocado na galeria dos maiores do futebol, é sem dúvida alguma no panteão maior de heróis tricolores ao lado com certeza de Ceni, Careca e Chulapa.

Foram 17 títulos em 16 anos de carreira, mas sem dúvida alguma foi o rosto que cunhou a história vencedora do São Paulo.

Raí é sem contradições um dos maiores jogadores que vi jogar.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Discos que formaram meu caráter (parte 51) – Metallica … “Kill ‘Em All” (1983) – Por Marcelo Guido

Por Marcelo Guido

Salve nação roqueira, o viajante dos sons volta do multiverso das notas e acordes com mais riffs e solos para o deleite soberbo de vocês.

A bolacha de hoje vem do longínquo ano de 1983, e é o álbum de estreia de uma das mais importantes bandas que já pisaram neste planeta, falo nada mais nada menos que de “Kill ‘Em All” do Metallica, senhoras e senhores todos de Pé.

Como já dito neste texto corria o ano de 1983, uma enxurrada de bandas estavam aparecendo no cenário mundial do rock and roll, varios estilos estavam bombando por ai, tínhamos metal clássico com suas vestes pretas e cruzes do avesso, o farofa, com roupas coladas e cabelos a lá poodle e claro o Thrash Metal, com suas músicas ensurdecedoras, rápidas e com várias influências do hardcore.

Formado em 1981 pelo baterista Lars Ulrich, que colocou um anuncio em jornal de anúncios de São Francisco ( O The Recycler), o Metallica ainda era só uma ideia perto do que é hoje, de tal anúncio brotaram James Hetfield (vocal e guitarra), Dave Mustaine (guitarra) e Ron MacGovney (baixo) que logo começaram a tocar e sair em pequenas turnês começaram a arrebatar fãs e chamar a atenção de nomes já consagrados na cena como por exemplo o Motorhead.

O primeiro registro em estúdio seria uma questão de tempo, mas não sem antes uma mudança radical na banda que trocou Ron MacGovney, que estava longe das pretensões de ser um rock star, por Cliff Burton e Dave Mustaine, que metia o pé na jaca e fazia merda por Kirk Hammet, essa segunda substituição deu pano pra manga, Mustaine chegou a partir pra cima de James, e de tão puto fundou o Megadeth, ainda bem.

Chega o ano de 83 e um mês aproximadamente após as mudanças já citadas acima o Metallica agora de cara nova e com uma sonoridade agressiva entra em estúdio no dia 25 de julho e concebe essa obra prima da porradaria generalizada, vamos a ela.

Dissecando a bolacha temos:

“Hit The Lights”, vamos para “The Four Horsemen”, a incrível “Motorbreath”, na sequência vem “Jump In The Fire”, a instrumental “(Anesthesia) Pulling Teeth, “Whisplash”, o clássico “ Phantom Lord”, “ No Remorse”, a incrível “Seek & Destroy”, e para fechar “Metal Milita”.

Batizado pelos membros da banda como “Metal Up Your Ass”, e rebatizado pela gravadora (que literalmente peidou na farofa com o título) como “kill ‘Em All”, este disco de 10 músicas revolucionou o jeito de fazer música extrema e colocou os caras do Metallica em um outro patamar nas estruturas do universo do Metal.

São um pouco mais de 50 minutos de uma sonoridade crua, visceral, porém bastante sincera, feita por uma banda que ainda era formada por uma molecada jovem que colocava toda a energia nas composições das letras e melodias, bundando para termos técnicos e métricas afins.

Com seu orçamento baixo o disco teve uma ótima recepção pelos fãs e critica especializada, sua tiragem de 15 mil exemplares, quadriplicou em vendas e no primeiro ano vendeu fácil 60 mil copias.

“Kill ‘Em All” é um disco foda, que tem que estar na discografia básica de qualquer um que se meta a entender de som porrada e de rock and roll, se tu não conhece nem cheira uma medalha de foda.

Com quase 40 anos de idade este disco não é só o marco inicial do Metallica e sim um monumento vivo na história do metal , alçando um mar de respeito e qualidade sobre Trash Metal.

Conheci este álbum quando ainda era bastante moleque, ali por 94 e digo que ele fez e ainda faz parte de muita coisa bacana na minha vida, em 2017 foi reconhecido pela revista Rollig Stone como o trigésimo quinto disco mais importante da história do metal.

O Metallica tem uma história de respeito na música e cenário mundial do metal, mas tudo isso que sabemos começou aqui.

Curtam esse disco e lembrem, escutem no volume máximo.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Sempre houve Rock And Roll… – Por @RicardoMacapa #DiaMundialDoRock

Não sou músico, mas adoro música, sobretudo a boa música, além da minha preferência pelo rock and roll. Então hoje falarei sobre música clássica… Bom, daí você perguntaria – O que tem isso a ver com o Rock ?? Tudo, eu respondo!

Na verdade, há muito de música erudita em várias canções do pop/rock. Isso muitos de vocês já sabiam ou perceberam, pois com certeza já ouviram arranjos sinfônicos clássicos orquestrados, ou não, em várias canções e apresentações de bandas maneiras como Pink Floyd, The Who, Queen, U2, Radiohead, Metallica e Coldplay… Só pra citar algumas.

Muitos dos meus amigos não curtem ou não conhecem música clássica. Acham o estilo enfadonho, repetitivo, e que só gente boçal, fresca e metida à inteligente é quem escuta este tipo de música (risos).

O que eu gostaria de propor aqui é um outro prisma nesta leitura/audição. Procurando perceber que há muito de rock and roll na “velha” música clássica… Quero iniciar a conversa, analisando algumas obras primas deste estilo enviesada no que conhecemos hoje como Rock ´n Roll (no que tange a quebras/rupturas, rebeldia e força).

Muitos compositores eruditos também tinham uma veia revolucionária, no contexto de seus tempos, seja nas questões política, social, filosófica ou mesmo em se tratando da própria música à época. Composições como “Cavalgada das Valquírias” de Richard Wagner, a Sinfonia Nº 9 de Ludwig Van Beethoven e “As Quatro Estações “ de Antônio Vivald são exemplos de quebra de paradigmas e propostas de mudanças nas composições clássicas (lembrando que naqueles tempos a mínima quebra já era considerada uma grande afronta) e que trazem consigo esse viés revolucionário do Rock (mesmo de forma inconsciente e atemporal) .

A “Cavalgada das Valquírias” é por si só uma apologia à força do Rock, tendo sido tema no Filme Apocalipse Now, na famosa cena da chegada dos helicópteros à praia, observem:

A 9ª Sinfônia de Beethoven (o qual concluiu esta magnífica obra quando já estava completamente surdo) por sua genialidade, grandiosidade e força para mim está equiparada a shows de rock como o Pulse do Pink Floyd…

“O Inverno” em “As Quatro Estações” de Vivald, que era conhecido pelo apelido de Padre Ruivo (por ser clérigo e de cabelos avermelhados) é o maior exemplo desta minha análise… Em seus 1º e 3º movimentos, mostra a força vibrante dos violinos equiparando-se a magistrais solos e distorções de guitarras de grandes nomes do Rock. Esta é minha estação do ano favorita quando o tema é “As Quatro Estações”…

Sei que o assunto é um tanto complexo para ser tratado apenas em linhas gerais neste texto. Quis aqui provocar um pouco o debate… E sei que este merece uma boa reflexão acerca, acompanhado de saborosas pizzas e cervejas estupidamente geladas no Bar do Francês (bons tempos com o Eltão, no Bar do Francês).

Para os amigos (as) que ainda não curtem música clássica, indico sempre começar por “As Quatro Estações” de Vivald. É como indicar Pink Floyd para um jovem que quer aprender a gostar de Rock (risos) !! E também indico as músicas elencadas aqui neste post… Espero que possam apreciar a música clássica por um novo olhar/audição daqui para frente…

Um abraço a todos, até a próxima e viva o Rock !!

Ricardo Ribeiro, amigo apaixonado por Rock’n’roll.

Viver é uma aposta – Crônica de Telma Miranda – @telmamiranda

Crônica de Telma Miranda

Esses dias assisti um Reels de uma animação onde aparece um caminhão e o áudio do motorista, que fala: “Viver é muito fácil, é que nem andar de caminhão, só que sem volante e descendo uma ladeira, e a ladeira está em chamas e no final tem um precipício, iuhuuu!!!”. O gritinho no final é o tempero a mais! (https://www.instagram.com/reel/Cd3U31Ag00F/?igshid=YmMyMTA2M2Y=)

Achei o vídeo, simples, direto e sensacional, pois viver é exatamente isso. Não sabemos o que nos aguarda a cada dia que inicia. Possuímos um planejamento, achamos que temos o controle, mas no fim sequer podemos afirmar com segurança plena o que será de nós na hora que se segue. Só temos a certeza do agora. Ok! Mas aí vou viver uma vida louca por isso? Eis a questão!

Ouço desde que me entendo por gente, que o ciclo natural da vida é nascer, crescer, se multiplicar (ou não! Vai da vontade de cada um!) e morrer. Então nesse intervalo, sonhamos, projetamos, idealizamos nossos desejos, metas, seja lá a nomenclatura que se use, mas em resumo é o nosso futuro. Uns sonham em casar, ter filhos, outros em conhecer o mundo ou ficar milionário, o fato é que é da nossa natureza projetar o que vamos fazer ou ser, mesmo que ninguém saiba quando será o último dia.

Então, de acordo com o plano de cada um, se vive um dia de cada vez. Uns de forma mais modesta, outros com metas e sonhos grandiosos que demandam muito trabalho e outros vivem no piloto automático de uma dinâmica de acordar, trabalhar pra pagar boleto, dormir e repetir tudo de novo. Uns empreendem bastante energia na realização do que se quer, outros agem como se tivessem vindo ao mundo a passeio e se entregam ao fluir. Cada um (se) realiza como melhor lhe cabe. E o tempo passa. Uns colhem por ter plantado, outros aceitam o que vem, e há os que se rebelam, mas o tempo passa para todos e a dinâmica da vida acontece exatamente como deve ser, com suas recompensas e aprendizados.

A grande questão é que não existem fórmulas e nem receitas. Cada indivíduo escreve sua história de forma única, e cada história possui suas alegrias, tristezas, vitórias, lições, todas ímpares. Casar, formar, trabalhar, ter filhos, sair da casa dos pais, jovem ou maduro, cabe a unicamente a cada um. O que funciona pra mim, não necessariamente funcionará pro outro e por mais que amemos o outro e queiramos seu melhor, a escolha e vivência é pessoal, individual e intransferível. Bem como a consequência das escolhas feitas.

No fim das contas, quanto mais cedo nos apropriarmos de que não controlamos absolutamente nada na vida, mais cedo aprenderemos a valorizar as pequenas conquistas como se fossem enormes, o respirar do acordar se tornará um milagre diário e o tempo passará a ser degustado como uma especiaria rara, tornando absolutamente tudo mais delicioso. Delírio? Talvez! Mas sempre que posso, paro, agradeço antes de seguir e sorrio para dentro agradecendo absolutamente TUDO que me trouxe até aqui. Uns dias eu ganhei, em muitos perdi, mas não paro de apostar que vai dar certo. Experimenta aí!

* Telma Miranda é advogada, fã de literatura, música e amiga deste editor.