Cadê vocês? – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Lembro de um moleque que estudava comigo na terceira série do primário (o que hoje é ensino fundamental). Jogava muita bola, mas não vi seu nome entre os craques que ocuparam os gramados profissionais de futebol.

E a menina que estudou comigo no terceiro ano do segundo grau (o que hoje se chama ensino médio)? Ela dizia que ao ficar adulta seria uma estrela das passarelas. Também não ouvi falar nela, mas isso não quer dizer que não tenha atingido seu intento. Talvez eu estivesse desatento, já que os nomes das estrelas das passarelas nunca me interessaram.

Nunca vi alguém que se destacasse em algum ofício e tivesse sido meu colega na escola. Assim como ninguém da galera da minha rua atingiu o estrelato ou destaque em alguma área. Eles também não apareceram nas páginas policiais como bandidos. Menos mal.

Será que eles têm essa curiosidade sobre mim? Supondo que se lembrem daquele moleque tímido e franzino, de quem faziam zombarias e mesmo partiam para agressões físicas (o que hoje se chama bullying).

Tenho muita curiosidade sobre como estão as pessoas que passaram pela minha vida. Para algumas dessas, que chegaram a ter uma breve convivência comigo, eu gostaria de perguntar por que me descartaram, não quiseram seguir sendo minhas amigas pela adolescência e vida adulta.

Quem sabe seja só saudade do que poderia ter sido, as aventuras que poderíamos ter vivido. Como disse um desses que não quiseram continuar meu amigo, quando me viu depois de o tempo ter passado para nós dois:

– E aí, Ronaldo! O que o destino te reservou?

Pois é! Essa é a pergunta que faço a respeito de todos os que hoje não constam das minhas relações. Talvez o passar dos anos nos leve a pensar nisso: o que aconteceu com cada um? Quais suas profissões? Quem sobreviveu à lida diária? Como a vida se desenrolou depois daquele tempo em que havia um futuro gigantesco e que agora, para o bem ou para o mal, esse futuro é o nosso presente?

Procurei no Facebook e nessas modernas redes onde se pode encontrar de tudo, mas esses personagens da minha existência permanecem na sombra, incógnitos. Talvez não queiram me dar a chance de saber sobre eles. Será que alguém dessa galera que conheci em tempos remotos lembra de mim e tem a mesma curiosidade sobre o que nos tornamos? Será que um dia vou satisfazer essa curiosidade?

Quem sabe encontro alguém um dia. Enquanto isso, vou torcendo para que essas pessoas, mesmo aquelas que demonstravam uma certa violência juvenil, tenham se tornado gente legal, os vários heróis anônimos que estão por aí, educando, salvando vidas e formando cidadãos respeitosos. Tomara!

Manoel Cordeiro – Um gênio da música (Por Humberto Moreira – @hmoreiraap) – Via Porta Retrato

Por Humberto Moreira

“Realmente a população de Macapá ganhou, com o passar do tempo, muitas facilidades e avanços que deixaram a vida mais tranquila. Mas já fomos uma cidade onde não havia supermercados e atacadões. Foi no tempo dos pequenos comércios de gêneros alimentícios, comumente chamados de “tabernas”. Lembro de minha mãe me mandando diariamente a esses estabelecimentos para comprar arroz, farinha, açúcar e todo tipo de gêneros de primeira necessidade. Na época não se comprava em grandes quantidades e tínhamos de voltar diariamente às tabernas do bairro para comprar o que era necessário.

E foi nessas idas e vindas que conheci a Casa Novo Horizonte, que ficava na esquina da Hildemar Maia com a Mendonça Furtado, na chamada rua do aeroporto. Haviam alguns outros pequenos comércios que eram mais perto de casa. Porém uma coisa me atraiu ao local desde o primeiro dia. Naquela taberna havia um senhor e seu filho que tocavam e quando eu chegava lá acabava ficando um pouco mais para ouvir as músicas executadas pela dupla. Sentava em cima da sacaria e acabava atrasando o mandado da Dona Dulce.

O velho era Seu Mundinho. Um paraense de Ponta de Pedras e o garoto, filho dele, era nada mais nada menos que Manoel Cordeiro. Fui me aproximando devagar e fiz amizade com aquele garoto pois, eu já participava dos programas de música ao vivo na Rádio Difusora e vi ali a oportunidade de mais um parceiro.

Do outro lado da rua havia um bar chamado Casa Três Padroeiros, de propriedade de um enfermeiro chamado Francisco Monteverde. Lá aos domingos, se reunia a nata da música macapaense. Estavam por lá artistas como Francisco Lino, Manoel Sobral, Beni Santos, Geraldo do Pandeiro, Fernando da Cheirosa, Amilar, Vitaleiro, Treze e tantos outros.

Nas minhas idas e vindas à Casa Novo Horizonte fui ficando cada vez mais amigo do Manoel Cordeiro, chegando à ponto de convida-lo pra gente ir se meter no meio dos bambas que domingo frequentavam o bar da frente.

Tomamos coragem suficiente e atravessamos a rua num domingo. No repertório cantado pelos frequentadores da Casa Três Padroeiros, bolerões de Nelson Gonçalves e sambas de Ataulfo Alves muito aplaudidos na época.

Lá chegamos nós meio tímidos, Manoel com seu violão e eu querendo uma oportunidade pra soltar a voz. Não demorou muito para sermos chamados ao palco. A gente havia ensaiado um samba que tocava muito no Carnet Social da RDM chamado “Ilha do Marajó” de Zito Borborema. Tacamos Ficha. Dois moleques atrevidos em meio às feras musicais da cidade: ‘Recebi um telegrama do meu velho pai me pedindo pra voltar…”. A casa se derreteu em aplausos depois que terminamos. Saímos de lá felizes pelo resultado da nossa audaciosa aventura.

Anos depois, já adultos, integramos os grupos de bailes. Mas nunca estivemos num mesmo conjunto. Ele foi para Os Inimitáveis e Embalo Sete e eu para os Joviais e depois Cometas. Ele seguiu sua carreira fazendo sucesso com a Banda Warilou e eu continuei por aqui na vidinha de sempre.

Há mais ou menos um mês atrás aquele garoto, meu companheiro, hoje famoso maestro da música da Amazônia e conhecido no Brasil inteiro, foi infectado pelo Corona Vírus. Fiquei com o coração apertado, pois essa doença arrancou de mim algumas pessoas queridas. Gente da música também, como Fábio Mont’alverne e Siney Saboia. Não sou de rezar toda hora, mas fiz uma oração pedindo pela cura do meu amigo. Nossos laços, apesar da distância, não se desfizeram nunca e eu ficaria ainda mais triste se ele partisse.

Graças a Deus Manoel Cordeiro está se recuperando e eu o vi na semana passada no programa da Ana Maria Braga, acompanhando a Fafá de Belém. E fiquei feliz sentindo um alívio de ver que esse gênio da música ainda vai continuar conosco. Saúde irmão. Você não pode nos deixar agora porque se for, levará consigo muito da nossa alegria.

Humberto Moreira é radialista, jornalista e cantor amapaense (que publicou este texto na sua página na rede social Facebook).

Trajetória de Manoel Cordeiro

Manoel Cordeiro começou a tocar aos 12 anos. O avô era maestro no Ceará. A mãe, cabocla marajoara, tocava cavaquinho. Curioso e autodidata, o então jovem músico ingressou em bandas de baile na primeira metade dos anos 1970. De 1976 a 1986, deixou o talento de lado e foi funcionário do Banco do Brasil, onde chegou a ser supervisor de operação. Mas, em 1983, voltou aos estúdios, desta vez para tocar ao lado do irmão. Nessa época, Manoel recebeu de Alípio Martins uma proposta irrecusável: montar uma banda base que acompanhasse vários artistas.

E assim ele contabiliza, por alto, mais de 700 participações em discos. Na década de 1980, trabalhou na criação do estúdio Gravasom, de Carlos Santos, que tinha selo, rádio e loja de discos. Quem emplacasse no Pará, tinha distribuição nacional pela Polygram. Em 1987, Manoel Cordeiro foi contratado como músico e arranjador de Beto Barbosa e, logo depois, começou a produzir o artista, que chegou a vender 1,5 milhão de cópias por álbum, um sucesso estrondoso que acabou atraindo quem não era do ramo.” – Informações da Agência Pará (SECOM).

Fonte: Blog Porta Retrato.

*As fotos usadas nesta publicação são de outras divulgações do artista neste site. 

Os cães do Campus da Unifap – Crônica porreta de Fernando Canto

Crônica de Fernando Canto

Aproximadamente dez cães moram no campus da Universidade. São vira-latas que dormem durante o dia e à noite se tornam verdadeiros vigias. Rosnam para os desconhecidos que se aventuram por lá de forma suspeita, mas reconhecem os vigilantes pela farda que usam e alguns professores mais antigos, talvez pelo cheiro de livros velhos.

Deitam pelos corredores sem que ninguém lhes incomode, pois descansam após o trabalho de uma noite inteira, em que seus argutos olhares e latidos alarmistas com certeza foram úteis. São cães fortes, uns completamente negros e outros com manchas marrons. Às vezes se levantam com o forte cheiro das queimadas no cerrado do campus, mostrando-se impotentes diante dessas devastações tão próprias dos seres humanos.

No meio do mundo os cães trabalham na noite como se revigorassem a missão permanente do ancestral Cérbero, o demônio do abismo da mitologia grega, com suas três, cinqüenta ou cem cabeças, que vigiava as almas no Inferno. Para amansá-lo, os mortos tinham que oferecer-lhe um bolo de mel, acrescentando o óbolo destinado ao pastor Caronte. Cérbero devorava sem piedade todos aqueles que tentavam forçar a porta do Inferno: atacou Pirito e Teseu que queriam levar Perséfone de volta; foi enfeitiçado pela lira de Orfeu quando o mesmo foi reclamar Eurídice; deixou passar Eneu, que lhe deu o bolo de mel preparado pela Sibila. Mas foi derrotado e acorrentado por Héracles (Hércules), que o levou a Trezena antes de levá-lo de volta ao Inferno.

Não há dúvida, afirmam os mitólogos, que mitologia alguma não tenha associado o cão à morte, aos infernos subterrâneos e aos impérios invisíveis regidos pelas divindades ctonianas ou selênicas. Sua primeira função mítica, universalmente atestada é a do “psicopompo”, guia do homem na noite da morte, após ter sido seu companheiro no dia da vida. O cão emprestou seu rosto a todos os grandes guias de almas, em todos os escalões de nossa história cultural ocidental.

Ele existe em todo o universo e aparece em todas as culturas, com variantes que enriquecem esse simbolismo fundamental, como os cinocéfalos (macacos de cabeças semelhantes a do cão), da iconografia egípcia, que têm por missão aprisionar ou destruir os inimigos da luz e guardar as Portas dos locais sagrados. Na mitologia Romana a loba que amamentou Rômulo e Remo, bem como outros canídeos, são heróis civilizadores e estão sempre ligados à instauração do ciclo agrário.

Apesar de a sua fidelidade ser louvada pelos muçulmanos, o Islã faz do cão a imagem daquilo que a criação comporta de mais vil. È o símbolo da avidez e da gula. Sua carne é utilizada como remédio contra a esterilidade, a má sorte, etc. Segundo uma tradição do Profeta, este declarou que um recipiente no qual tiver bebido um cão deve ser lavado sete vezes, sendo que a primeira lavagem deverá ser feita com terra. Diz-se que o Profeta proibia matar os cães, salvo os cães negros que tivessem duas manchas brancas por cima dos olhos, pois essa espécie de cão era uma encarnação do diabo. Já os monges dominicanos eram os cães do Senhor, aqueles que protegem a Casa pela voz ou os arautos da palavra de Deus.

Os cães do campus também trazem o seu simbolismo. São alimentados carinhosa e diariamente pela dona Nilza. E como Cérbero protegem a entrada da Universidade daqueles que nele querem entrar sem merecerem. O conhecimento e a luz estão lá, protegidos pelas trevas do desconhecido, envolvidos pela mão de muitos Lucíferes. Aqueles que quiserem o saber terão que dar aos guardiões o bolo de mel e o óbolo de Caronte nessa travessia que não terá retorno.

Nossa Pérola hoje virou rosa no jardim de Deus (um texto sobre amor e gratidão)

O escritor Ariano Suassuna escreveu uma vez: “No Sertão do Nordeste a morte tem nome, chama-se Caetana. Se ela está pensando em me levar, não pense que vai ser fácil, não. Ela vai suar!“. Pois é. Assim como com o autor da frase, a “Caetana” suou, e muito, para levar Perolina Penha Tavares, minha mais que maravilhosa avó. Mas hoje, as portas do jardim de Deus se abriram para receber a nonagenária mais linda do mundo, que fez a passagem neste décimo quinto dia de março.

A Páscoa da Peró nos deixa tristes, muito tristes, mas sabemos que ela seguirá na luz que sempre emanou aqui, com sua existência inesquecível e a bondosa força do amor que tanto construiu e regou em nós.

Peró, apelido carinhoso pelo qual nós a tratávamos, foi e é a nossa “Pérola”, como meu saudoso avô, seu marido, João Espíndola, a chamava. Vovó viveu 94 anos. Com toda a certeza, além de longevidade, foi uma mulher muito feliz. Casou, teve cinco filhos. Dividiu amor e multiplicou em nós, somou forças na construção de uma família unida e feliz.

Dia desses, brincando com uma amiga, após a vovó dar entrada no hospital, eu disse: “quando o velho dos outros morre, a gente sempre diz: tava velho, viveu muito”. Mas quando é o nosso, a parada é diferente. Pois é. Posso viver muito, mas nunca vou me acostumar com a partida de alguém que amo. Quando chega o momento, sempre concordo com o escritor Mario Quintana: “a morte chega pontualmente na hora incerta”.

No filme “Amor Além da Vida”, Albert Lewis (personagem interpretado pelo ator Cuba Gooding Jr.) disse: “O inferno verdadeiro é a vida que deu errado”. Vovó é o avesso e disso temos orgulho, pois a dela deu muito certo! Perolina Penha é exemplo de pessoa bem sucedida, mulher extraordinária, uma pessoa sensacional, sábia, ponderada, discreta e bem humorada. Sempre teve muita força em toda sua delicada forma de existir.

Vovó foi acometida pela Covid-19, essa doença que nos leva os afetos e parte nossos corações há mais de um ano. Para nossa família e todos que a amavam e admiravam, é momento de uma breve despedida, pois vovó fez a passagem. Seguimos aqui, certos do amor que recebemos e que sempre honramos.

A Peró é a personificação do amor familiar. Essa lição deixou em nós, aprendemos muito bem. A gente vai sentir uma falta danada dessa elegante e educada senhora cheirosa. Mas depois que parar de doer, vão ficar as inúmeras lembranças felizes e saudade gostosa de nossa matriarca.

Li em algum lugar que “Recordar’’, vem do latim Re-cordis, que significa ‘passar pelo coração’. E todas as passagens da minha vida passam pela tua, Vó. Amei a Peró por toda a minha vida e fui correspondido. Agradeço a Deus a honra de ser o mais velho entre seus nove netos e três bisnetos. Em resumo, já disse, sou razoavelmente bom em escrever textos de parabéns, mas as despedidas são difíceis. Sobretudo, de pessoas que são partes da gente.

Nossa Pérola virou uma rosa no jardim de Deus, e como disse Cartola: “ Que Deus e a natureza, as aves nos seus ninhos, as flores pela estrada perfumem todos os caminhos. E eu ficarei por aqui. Por você, rezarei”.

À Peró, dedico este texto, minha profunda gratidão e amor. Um beijo em ti, vovó. Estejas tu nas estrelas ou em qualquer lugar, além do meu coração. Agradeço à Deus por ter a tua vida ligada à minha, que honra! Amo-te, pra sempre. Até a próxima vez!

Elton Tavares

Um ano de pandemia: a gente perde o chão quando falta saúde – Crônica de Elton Tavares

2020 não foi fácil pra ninguém. 2021 não está diferente. Cada um de nós perdeu um amigo, parente ou conhecido que gostava. Realmente a gente perde o chão quando falta saúde. Este mês fez um ano que estamos travando uma guerra desleal contra esse vírus. Este março está mais pesado para mim. Muitos amigos tratando de Covid-19 e uma muito amada familiar doente de Covid.

Continuo grato a Deus por nenhum dos que são do meu núcleo de amor ter partido por conta da pandemia e por eu mesmo ter driblado a doença até aqui. Me solidarizo com os que não tiveram a mesma sorte.

Estamos há um ano fazendo esforços. A maioria de irresponsáveis não quis fazer e não faz. Um ano de negação, torpeza e omissão criminosa do mito satânico e seus asseclas que plantam um jardim de lapides. Só lamento pelas estúpidas atitudes nestes tempos tão difíceis. Pagamos a penitência de ter colocado esses caras no poder, mas a esperança não morre sem ar.

Fico triste e puto com os irresponsáveis que seguem quebrando as regras de prevenção e distanciamento social. É como diz o adágio popular: “a ignorância faz devotos”. A populaçao está há um ano assistindo a tudo numa calma quase hipnótica. Mas quem não acorda com a triste realidade, a gente surra com fatos.

Chegam telefonemas doloridos, mensagens assustadoras, posts terríveis sobre partidas nas redes sociais. As mortes somam mais de um quarto de milhão. Isso só no Brasil. Destes, são 1.181 no Amapá. Parece uma cruel uma realidade paralela. Uma distopia, um purgatório e, às vezes, um inferno contínuo. E sigo rezando pelos meus afetos, sobretudo os enfermos, para passarem por isso da melhor forma.

Nas melancólicas escuras e silenciosas horas da noite, resmungo, suspiro, oro, me indigno e choro. Algumas vezes, um pouco de álcool para flutuar na tormenta.

Seguimos obstinadamente lutando por nossas vidas. Continuo cauteloso, amedrontado, com cuidados e orações. E deixo um recado para os imbecis: parem. Não levem a culpa pela morte de seus pais ou avós. Pois a verdade é que a gente perde o chão quando falta a saúde de quem amamos. Pense nisso e cuide bem dos seus amores!

Elton Tavares

Você é abençoado? Eu sou! – Crônica de Elton Tavares (ilustrada por Ronaldo Rony)

Pensando sobre sorte, por conta de nos livrarmos de situações perigosas e as portas se abrirem, cheguei à conclusão de que sou abençoado. E muito!

Significado da bênção: “quando você bendiz a alguém, também está atraindo a proteção de Deus para você. O efeito de abençoar é multiplicador, já que é dado por Deus a seus filhos. A bênção invoca o apoio permanente de Deus para o bem estar da pessoa, fala de agradecimento, confere prosperidade e felicidade em toda pessoa que a recebe da nossa parte”.

O escritor Rubem Alves, no livro de crônicas intitulado “Pimentas”, disse: “a gente fala as palavras sem pensar em seu sentido. ‘Bênção’ vem de ‘bendição’. Que vem de ‘dizer o bem ou bem dizer’. De bem dizer nasce ‘Benzer’. Quem ‘bem diz’ é feiticeiro ou mágico. Vive no mundo do encantamento, onde as palavras são poderosas. Lá, basta dizer a palavra para que ela aconteça”.

Então, mesmo quando rolam situações adversas, circunstâncias estranhas, tempestades em copos d’água ou cagadas violentas na minha vida, sempre me saio bem.

Deus, para muitos, é mitologia cristã. Para mim, é a força que rege tudo isso aqui. Afinal, cada um com suas crenças e descrenças. Mas como frisou escritor William Shakespeare: “existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”.

Quem me conhece sabe: não sou muito religioso. Até brinco e digo que graças a Deus, tenho uma sorte dos diabos.

Bom, só sei que, toda vez que posso, peço (ou tomo) a benção de minha mãe e avós. E de também alguns tios e tias. Talvez esses “bendizeres” sejam o fio condutor de Deus, quem sabe?

A verdade é que muitas bênçãos têm acontecido comigo ultimamente. Sei que a vida é feita de vitórias e derrotas que quase sempre dependem de nós mesmo, mas que ELE dá uma força, ah, isso dá. E no final das contas, Deus acerta um bocado e só tenho a agradecer por ser abençoado.

Valeu, God!

Elton Tavares

David Gilmour, um dos maiores astros do Rock, completa 75 anos hoje #HappyBirthdayDavidGilmour

David Gilmour, o lendário guitarrista, letrista e gênio da música (a voz e guitarra do Pink Floyd), completa 75 anos hoje (6). Ele ganhou espaço após a saída de Roger Waters da banda, em meados dos anos 80 e tornou-se a principal figura da banda.

Foi considerado o 14º melhor guitarrista do mundo pela revista Rolling Stone. Estreou como guitarrista no primeiro disco do Pink Floyd com A Saucerful of Secrets, de 1968. Com a saída de Roger Waters, Gilmour seguiu com a banda e lançou nos anos 90 dois álbuns que se tornaram clássicos na nova era da banda: The Divison Bell e Pulse, ambos ao vivo.

David, assim como Eric Clapton, é um guitar hero, um dos sobreviventes de uma longa vida repleta de sexo, drogas e rock and roll. Dono de uma música fantástica, é um gênio e uma lenda vida da música mundial. O cara que transforma amor ou dor em arte. A sublime arte da música. Seus riffs já entraram para a galeria dos Deuses e ecoaram pela eternidade. Vida longa à Gilmour (alguns caras até disseram, há alguns anos, que ele morava aqui no Amapá, no município de Mazagão. Mas isso é outra estória).

Créditos da imagem : acervo da fanpage Pink Floyd

Pink Floyd

Pink Floyd foi uma banda de rock inglesa, de música psicodélica e progressiva. Seu trabalho foi marcado pelo uso de letras filosóficas, experimentações musicais, capas de álbuns inovadoras e shows elaborados. Trata-se de um dos grupos de rock mais influentes e comercialmente bem-sucedidos da história, tendo vendido mais de 200 milhões de álbuns ao redor do mundo.

A banda foi formada pelos estudantes Roger Waters, Nick Mason, Richard Wright e Syd Barrett.

O guitarrista e vocalista David Gilmour juntou-se à banda em 1968, meses antes da saída de Barrett do grupo, devido ao seu estado de deterioração mental, agravado pelo uso de drogas.

Na sequência da perda de seu principal letrista, Roger Waters tornou-se o principal compositor e líder conceitual do grupo, com Gilmour assumindo a guitarra solo e parte dos vocais. Com essa formação o Pink Floyd atingiu o sucesso internacional com álbuns como The Dark Side of the Moon, Wish You Were Here, Animals e The Wall. O resto é história e saudade. Esses caras são tidos como a excelência da música.

Para celebrar a data, o Canal Bis fará uma homenagem ao lendário vocalista e guitarrista do Pink Floyd, com uma programação especial hoje noite. Inicialmente, às 21h30, será exibido o documentário “David Gilmour: Wider Horizon”, que retrata toda a carreira do artista. Em seguida, às 22h45, o show “David Gilmour: Live At Pompeii” será transmitido pelo canal de TV por assinatura. Se quiserem saber quais canais, pesquisem aí (risos).

Créditos da imagem : acervo da fanpage Pink Floyd

Por tudo que foi e é, agradeço ao velho David. Vida longa ao Gilmour!

Elton Tavares, com informações das revistas Rolling Stone, centenas de Bizz’s que li na vida, Wikipédia e porrada de rockadas da vida regadas a cerveja e o som de David Gilmour e seus companheiros lisérgicos.

25 anos da morte dos Mamonas Assassinas

Há exatos 25 anos, morreram os integrantes da banda Mamonas Assassinas. Os músicos faleceram em um trágico acidente aéreo, em 1996. Os caras eram irreverentes , faziam um som escrachado e divertido. Naquela manhã, não acreditei ao ver no noticiário que o avião deles tinha caído na Serra da Cantareira, nos arredores de São Paulo. Inevitavelmente, a comoção tomou conta do Brasil e eu, também fã, fiquei triste pela morte de todos os integrantes daquele grupo que fazia a alegria de todos.

Mamonas Assassinas, lançado em 1995, foi o único álbum oficial de estúdio lançado pela banda brasileira Mamonas Assassinas. O álbum vendeu mais de três milhões de cópias e receberam o Disco de Diamante da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD).

Durante uma das apresentações, realizada em julho de 1990, os músicos entraram em contato com Alecsander Alves (Dinho). Ele se comprometeu a subir ao palco para cantar “Sweet Child O’ Mine”, do Guns N’ Roses. Através do novo vocalista, os demais integrantes conheceram Júlio Rasec, que tornou-se o tecladista do Utopia. Paralelamente a isso, o “Utopia” passou a se apresentar na periferia da cidade de São Paulo. Aos poucos, seus membros decidiram abandonar os covers e introduziram uma série de parodias nos shows.

Após o lançamento do primeiro e único disco, entraram em contato com o produtor Rick Bonadio. Aconselhados por ele, mudaram o nome do grupo para “Mamonas Assassinas do Espaço”. Felizmente a ideia não vingou, e o nome adotado passou a ser “Mamonas Assassinas”. Alguns dias depois, o grupo decidiu, enfim, enviar uma fita demo para as gravadoras Sony e Emi. No material, estavam contidas as músicas “Robocop Gay”, “Jumento Celestino” e “Pelados em Santos”.

Lembro da primeira vez que eu e Edmar ouvimos “Pelados em Santos” lá no Xodó, em 1995. Rimos muito daquele som. Era só o início da hilariante trilha sonora que os Mamonas nos proporcionaram.

Os Mamonas Assassinas não foram só irreverentes, subversivos e palhaços. Eles foram brilhantes. Eles satirizaram os Beatles, os Metaleiros, o Pagode e a homofobia. Os caras passaram rápido por essa vida. Sacanearam geral e fizeram a alegria do povo brasileiro. A eles, nossas eternas saudades e reconhecimento.

Fui convidado pra uma tal de suruba, não pude ir Maria foi no meu lugar. Depois de uma semana ela voltou pra casa, toda arregaçada não podia nem sentar!” — Assassinas, Mamonas.

Elton Tavares

Malandro é malandro e mané é mané… – Crônica de Elton Tavares (com ilustração de Ronaldo Rony)

Crônica de Elton Tavares

Tem nego que é leso por natureza. Peseta mesmo, sem muito uso de massa cinzenta. Destes, não sinto na da além de pena. Há outros, que sabem como fazer e o que fazer, mas preferem ser meros repetidores de palavras de terceiros. São verdadeiros papagaios de pirata. Vadiagem ou mau-caratismo, não sei, mas é um tal de copia tudo no Ctlrl C + Ctlrl V.

Quando usava frases, expressões ou trechos de colegas, avisava (brincando): “fulano (a), vou te plagiar um tantinho, pois não tenho como mudar muita coisa”. Outra maneira é assinar: Beltrano de tal, com ajuda do Cicrano de tal.

Acho normal, mas ser plagiado sistematicamente dá um ó-d-i-o!

Ultimamente, vejo cópias de escritos meus, refeitos e muito pouco alterados. Às vezes, o tema é o mesmo, noutras, não (escrevi sobre tanta coisa num certo período aí…). Só que a estrutura, desenvolvimento e finalização do release é o mesminho.

É preguiça?

Só pode.

Nunca vi ninguém regredir, desaprender ou algo assim.

O mais engraçado é que o texto chega ao meu e-mail, como a maior novidade redigida. Ainda bem que o figura não é meu amigo, senão deixaria passar na boa (meus brothers sabem disso).

Nunca fui e nunca serei só mais um. E não é por causa de seriedade no trampo ou competência e sim pela amizade que conquisto por onde passo (quem trabalhou comigo sabe que é verdade).

Mas a “chupação” de conteúdo sem o devido crédito (eu credito texto e fotos de todo mundo. Isso é respeito com o trabalho alheio) é uma assinatura triste de incapacidade profissional e intelectual.

Fica aqui o registro da indignação com uns três ou quatro aí. Publiquei este texto pela primeira vez em 2014, por conta do roubo de material intelectual. Quem plagiava naquela época era o Gollum (pessoal sabe quem é e nunca mais soube desse ser infitético), mas há alguns anos, a prática voltou com tudo. Se liguem.

Como já disse o Bezerra: “malandro é malandro e mané é mané”.

O plágio é o aplauso entusiasmado do incompetente” – Fernando Brandi.

Orlando Júnior gira a roda da vida. Feliz aniversário, brother! – @Orlando_Fla_Jr

Tenho alguns companheiros (brothers) com quem mantenho uma relação de amizade e respeito, mesmo a gente com pouco contato. E graças à Deus ou qualquer que seja o nome da força que rege tudo, muita gente já me ajudou na vida profissional. Uma das pessoas se encaixam nestes dois casos é Orlando Júnior, que gira a roda da vida neste vigésimo oitavo dia de fevereiro e lhe rendo homenagens.

Professor universitário, bacharel em Direito, servidor do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (/TRE-AP), ex-jogador de futebol, dirigente de carnaval, remista enjoado, flamenguista fervoroso, fã de Rock and Roll, pai e marido dedicado, além de meu brother, Orlando Júnior é um baita cara porreta!

No início de 2013, comecei a trabalhar na assessoria de comunicação do TRE. Cheguei com muita vontade de fazer valer a grande oportunidade profissional em 8 anos de jornalismo (na época). Orlando foi a primeira pessoa que entrevistei. Ele me ajudou muito na minha passagem pela Justiça Eleitoral.

Sempre sério no Tribunal, o cara é um gozador fora de lá. Gente boa pra caramba e com afinidades descobertas, nos tornamos amigos. Ele está no grupo de amigos que fiz nos quatro anos que trampei no TRE.

Com o Orlando, já passei perrengues de trampo em Macapá e no interior. Viajamos juntos algumas vezes e ele sempre foi parceiro. O baixinho, que é invocado quando preciso, vive me chamando de gordo. Ambos os apelidos apropriados (risos). Além de inteligente, o cara é malandramente safo, pois “manja das paradas”, por assim dizer.

A gente nem sempre consegue fazer amigos no trabalho. Tenho a sorte de conseguir na maioria das vezes e o Orlando é mais um grande parceiro que o trampo me deu. De vez em quando, a gente molha a palavra, bate muito papo, escuta som e ri. Dou valor nesse cara e boto fé que o consideramento é recíproco.

Orlando, mano velho, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com essa garra, sabedoria, coragem e talento em tudo que te propões a fazer. Que a Força sempre esteja contigo. Saúde e sucesso sempre, amigo. Parabéns pelo teu dia e feliz aniversário!

Elton Tavares

Rumo ao Enea (Deus da Bola) – Sobre o Octacampeonato Nacional do Flamengo – Por Arthur Muhlenberg – @Urublog

Foto: Alexandre Vidal

Por Arthur Muhlenberg

Entre todos os oito títulos de Campeão Brasileiro que o Flamengo conquistou durante seus primeiros 125 anos de vida o de 2020 será lembrado pelos rubro-negros pelas suas curiosidades. Foi a primeira vez que o Flamengo foi campeão brasileiro jogando de calção preto. Também foi pela primeira vez que o Flamengo, que já tinha sido campeão brasileiro vencendo, empatando e até tomando chope em cima de um trio elétrico na Candelária, conseguiu ser campeão perdendo.

Foto: Alexandre Vidal

Apenas mais uma esquisitice de um campeonato disputado sob a sombra macabra da pandemia que em um ano já matou um quarto de milhão de brasileiros e não dá sinais de arrefecimento. Em um campeonato disputado em meio ao caos circundante, todos nós corremos pra ele pra encontrar paz, ordem e alguma normalidade, que andam escassas fora das quatro linhas. A busca não foi muito bem sucedida, porque futebol não tem nada a ver com isso e foi aquela zona. O que não deixa de ser uma espécie torta de normalidade.

Foto: Alexandre Vidal

Foi um Brasileiro tão esquisito que todos os times, principalmente o Flamengo, fizeram um esforço sobre-humano pra não ser campeão. Parecia que ninguém tava muito a fim. Isso dentro de campo, porque do lado de fora os 20 times da Série A, independente da colocação, estão de parabéns pelo simples fato de terem encontrado forças para ir até o fim. Ninguém vai esquecer do perrengue que todos passaram para colocar em campo 11 atletas não infectados durante 38 partidas.

Apesar de todo cu-doce que o Flamengo fez, o título acabou na Gávea. Muito pela superioridade do elenco do Flamengo e muito também pela parte organizacional, em que os dirigentes, os profissionais e os métodos do Flamengo também se mostraram muito superiores aos dos adversários. Essas superioridades combinadas criaram um campo gravitacional tão poderoso que nada podia escapar da sua órbita. Mesmo nos momentos mais cabulosos o Flamengo, não importava a colocação de momento, foi sempre o grande favorito.

Foto: Alexandre Vidal

A confirmação do favoritismo só confirma que aquele patamar alcançado pelo Flamengo na temporada passada ainda está bem longe dos pretendentes ao posto de melhor time do Brasil. Vão ter que relar muito. A trajetória do Flamengo no Brasileiro 2020 estabeleceu novos parâmetros de fuderosidade. Foi passando rodo desde a lanterna na 1ª rodada até ser Campeão na 38ª.

E a conquista do Octa Brasileiro consolidou a temporada de 2020 como a mais vitoriosa na história do clube desde que Alberto Borghert e seu bonde de brabos deixaram para trás as futilidades sociais cultivadas no ground tricolor e caminharam heroicamente até o 22 da Praia do Flamengo para escrever páginas centrais da história do Brasil do século XX.

O resultado mais recente daquela caminhada histórica em 1911 é o oitavo Campeonato Brasileiro conquistado dentro de campo. Comemorado por torcedores, jogadores, pela imprensa, e até pela CBF, no mesmo dia da sua partida final. Algo tão raro no Brasil que o Flamengo é o único que tem oito. São lembranças como essas que ficarão gravadas na memória da mulambada junto com os perrengues máximos enfrentados e vencidos.

Foto: Alexandre Vidal

O sapatinho simplesmente não saiu do nosso pé. Que é o que acontece quando as estritas normas do protocolo do Deixou Chegar, Fudeu são seguidas com rigor. Foi um jogo atrás do outro, sem Oba-Oba e sem empolgação fora de hora. Liderança só na penúltima rodada. A torcida deu show, principalmente na guerra psicológica, onde a exibição impudica da nossa certeza no triunfo deixou a arcoirizada revoltada durante 38 rodadas.

Foto: Alexandre Vidal

Claro que a torcida também deu uns chiliques, mas é normal, acontece em todo campeonato. O Flamengo perde um jogo de bobeira, e isso aconteceu em quase 12 % das partidas, o cara pixa o muro da Gávea, vai pra porta do CT xingar, mas aí não desconta na mulher e nos filhos as frustrações da vida. E assim o Flamengo também ajuda no combate à violência doméstica. Como se pode ver, com a taça em mãos tudo vira motivo de orgulho.

Gabi Gol – Foto: Yahoo Notícias

Tudo, em termos, calma aí. O Flamengo jogou mal à beça, principalmente nossos craques Gabriel, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Gerson e Bruno Henrique. Mas eles tomaram porradinhas do jogo inteiro, os caras fizeram 200 faltas. Mas foram mais letais que a gente, que toda hora tava lá na frente do gol dos caras e não chutava. Os caras foram duas vezes lá e meteram.

Foto: Alexandre Vidal

São Paulo tá de parabéns, não só pela vaguinha marota na fase de grupos da Liberta, que 4º lugar do G4 é como entrar na festa pela porta dos fundos e subir de escada, mas principalmente pela classificação junto com os Atléticos Goianiense, Mineiro e Paranaense pro quadrangular final da Taça Ganhei do Flamengo. Uma proeza pra um time de mascaradinhos, perninhas, ingratos do caralho.

Foto: Alexandre Vidal

Como o jogo em si não deu muitos motivos, muita gente ficou orgulhosa na noite de ontem só de ter aguentado o jogo, e principalmente o pós-jogo, sem morrer do coração. A pressão que vinha se acumulando desde a noite de domingo, e só aumentou nas horas que antecederam o apito inicial, foi gigantesca, descomunal, absurda. Mas não se comparou ao sufoco dos dois minutos finais da jornada esportiva.

Olha o homem aí! #BolaDePrataESPN pra ele! Parabéns, Coringa! – Foto: André Porto

Com um olho no peixe e outro no gato, o torcedor do Flamengo passou por aquela experiência dos 30 segundos antes da morte, com túnel de luz e filminho da vida em fast-forward na hora em que a tela dividida da TV mostrou o gol do Edenílson em clamoroso impedimento.

Foto: Alexandre Vidal

Se não fosse a pronta intervenção do bandeirinha, que anulou o gol ilegal sem pestanejar, sei lá onde estaria este que vos escreve. As lembranças do time reunido no gramado do Engenhão após um 3×0 sobre o Lanús para ver a classificação pras oitavas da Liberta de 2012 serem frustradas pelo terceiro gol do Emelec em Assunção vieram à tona imediatamente. Foi absolutamente bizarro ficar torcendo pro VAR de outro jogo, mas fomos obrigados. Pelo Octa eu me sujeitaria de novo a tal indignidade.

Foto: Alexandre Vidal

Mas depois que o maluquinho lá em Porto Alegre apontou pro centro do gramado foi só lazer. Quem não morreu em Lima não ia morrer no Morumbi. Foda-se que jogou mal, o Flamengo é Octa do Brasil. A festa é nossa e agora todo mundo vai ter que aturar. Para a arco-íris mal vestida e rancorosa o título do Flamengo em 2020 traz uma mensagem assustadora: o Flamengo foi campeão brasileiro, dando vários vacilos, jogando masomeno e sem a torcida.

Foto: Alexandre Vidal

Atentem para o tamanho da façanha, o Flamengo foi campeão sem torcida! O impacto dessa notícia é análogo à ideia do automóvel com direção autônoma dirigindo sozinho pelas ruas do mundo. Ninguém está a salvo! Imagina o terror que vai ser quando a gente voltar pras arquibancadas pra jogar junto com esse time. É O Sistema, mané!

Zenon de Eleia, filósofo da Escola Eleática contemporâneo de Sócrates, queimou a mufa pensando na ideia de Deus. Através de uma poderosa dialética Zenon chegou a algumas conclusões foda, como a da eternidade e da unidade de Deus, que são a base do monoteísmo. Já seriam duas tremendas realizações do pensamento, mas Zenon foi ainda mais longe e usando apenas a racionalidade argumentativa concebeu a forma de Deus. Zenon provou, dando um show de lógica, que Deus é uma bola.

Foto: Alexandre Vidal

“Sendo Um, é em toda parte igual, ouve, vê e possui também, em toda a parte, os outros sentimentos, pois, não fosse assim, as partes de Deus dominariam uma sobre a outra, o que é impossível. Como Deus é em toda parte igual, possui ele a forma esférica; pois não é aqui assim, em outra parte de outro modo, mas em toda parte igual.”

Foto: Alexandre Vidal

Ou seja, Zenon, há 2400 anos, explicou direitinho o poder que tem, o fascínio que exerce e a razão por trás da adoração que a bola recebe de nós. O que prova que o futebol não é irracional, é místico. Se Deus é bola não existe ateu no mundo. E chega de papo, é óbvio que eu tô doidão.

Foto: Alexandre Vidal

É Octa!

Mengão Sempre

Fonte: República Paz & Amor

Resenha do livro “Menina Má”, de Willian March – (Por Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena)

Por Lorena Queiroz

Este livro é um clássico do suspense escrito por Willian March e publicado pela primeira vez em 1954. Muito bem recebido pela crítica e elogiado por Ernest Hemingway que, inclusive, escreveu para March, enaltecendo sua obra. Ocorre que Willian March faleceu um mês após a publicação do livro que inspirou uma série de filmes e personagens como Damien de A profecia, Chucky o boneco assassino, Anabelle, entre outros.

O livro conta a estória de Rhoda Penmark, uma menina de oito anos que, aparentemente, é a criança perfeita. Rhoda é aplicada nos estudos, organizada, educada, simpática e adorada pelos adultos, pois Rhoda sabia – como uma espécie de instinto – como tratar e agradar as pessoas. Ao contrário da relação que a menina tinha com os adultos, Rhoda não possui amigos de sua idade, as crianças não brincam com Rhoda.

A mãe de Rhoda, Christine Penmark, tem como tarefa a criação e os cuidados com a menina, já que seu pai, Kenneth, ficava meses fora de casa viajando a trabalho.

A trama se desenrola a partir de um concurso de caligrafia em que Rhoda se dedicava incansavelmente com a finalidade de ganhar a medalha de vencedor. Ocorre que o prêmio é dado para um menino de sua escola. Durante um piquenique ocorre um “acidente”. O episódio desperta as desconfianças da mãe da menina que, após recapitular algumas situações igualmente estranhas e trágicas no passado de Rhoda, inicia sua investigação sobre o caráter da filha.

A mulher então começa a se auto indagar sobre o comportamento da criança, pois percebe a falta de compreensão da filha no que tange os sentimentos. Rhoda apenas tinha coisas que lhe interessavam e sabia muito bem calcular de que forma agir para consegui-las, inclusive na relação com a mãe, que ela tratava diariamente com indiferença, mas sabia como agradar quando queria retirar algo: “Mamãe, o que você me dá se eu te der uma cesta de beijinhos ?” .

O livro se mostra sob a ótica de três personagens, Christine Penmark, a amiga Sra Breedlove e Leroy, um detestável zelador que nutre uma estranha atração por Rhoda, onde seu odioso cortejo consiste em irritar a menina. Dentro das três visões, o leitor nunca sabe o que se passa realmente na mente de Rhoda Penmark.

A obra não aborda só Rhoda como protagonista, a mãe de Rhoda, Christine, na minha humilde opinião, é a verdadeira protagonista do livro. Seu sofrimento materno, suas indagações e, posteriormente, suas investigações acerca do próprio passado, revelam fatos e sentimentos que, para ela, poderiam ser a origem do mal que a filha carrega.

É uma leitura interessante, pois aborda temas incomuns para a década de 50, que vai desde o homossexualismo à maldade criminosa proveniente de crianças.

Muito já se discutiu sobre a origem da psicopatia. Não tenho conhecimento técnico e científico para falar sobre o assunto, pois até os estudiosos do tema, ainda não têm uma opinião pacificada sobre como e quando a patologia se manifesta, mas ela existe nas mais diversas idades e parafraseando o príncipe palhaço: “A loucura é como a gravidade, só precisa de um empurrãozinho”.

* Lorena Queiroz é advogada, amante de Literatura, devoradora compulsiva de livros e crítica literária oficial deste site.

 

Jovem do Amapá faz relato no Twitter para alertar famílias sobre o Alzheimer

Por Leandra Vianna

A jovem Paula Sibbele Santos, de 28 anos, habitante da cidade de Macapá, no Amapá, fez um emocionante relato na rede social Twitter no intuito de mostrar para outras famílias a importância de reconhecer os sintomas do Alzheimer (doença progressiva que destrói a memória e outras funções mentais importantes como a coordenação motora) precocemente.

“Eu nunca imaginei, há sete anos, que minha mãe/avó estivesse com algo tão grave, não me atentei. Infelizmente, fui aprender com o passar dos anos e a evolução da doença. Hoje, eu interajo com pessoas que leem no Twitter. Pessoas que me mandam mensagens dizendo que sabem o que estamos passando. Essas experiências têm me dado forças para continuar na luta com minha avó”, relata a filha adotiva.

Paula precisa conseguir ajuda para melhorar a qualidade de vida da sua mãe adotiva e avó, Joana Líbia Santos, de 67 anos, que teve um desenvolvimento precoce do Alzheimer e hoje vive acamada.

“A doença começou a desenvolver os sintomas há mais ou menos seis anos. Ela trabalhava como servente em uma escola pública, assim que se aposentou, começamos a notar os sintomas”, afirma a neta/filha.

Diagnóstico difícil

“Nós, desde o início, lutamos para o diagnóstico dela. Mas nenhum médico fechava o quadro. Fomos em cinco neurologistas”, conta Paula.

Fique atento aos sintomas do Alzheimer

Perda da memória recente, declínio mental, dificuldade em pensar e compreender, confusão durante a noite, confusão mental, delírios, desorientação, esquecimentos, invenção de coisas, dificuldade de concentração, incapacidade de fazer cálculos simples e incapacidade de reconhecer coisas comuns são alguns dos sintomas da doença.

Convivendo com o Alzheimer

“Hoje, eu me emociono em dizer que eu estou vendo minha mãe definhar aos nossos olhos. Ela já não conversa mais, só verbaliza poucas palavras. Por exemplo, ela chama a mim e minha tia de ‘mamãe’ porque nós cuidamos dela”, relata a jovem.

Nos últimos três anos, o desenvolvimento da doença acelerou muito e dona Joana foi perdendo os movimentos, o raciocínio e a fala. O quadro tem se agravado e são raras as reações da idosa.

“Às vezes, quando eu chego em casa ela tem lapsos de memória. Quando me vê, fala: Oi minha filha. Mas é muito raro mesmo acontecer. Do meu avô ela ainda lembra, marido dela né? Ela lembra um pouco, às vezes ele fala e ela responde: Oi amor. É bem engraçado”, descreve Paula.

O avô/pai de Paula Sibbele, Raimundo Paulo dos Santos, de 70 anos, é diabético e sofre de pé diabético — uma complicação do diabetes que ocorre quando uma área machucada ou infeccionada nos pés desenvolve uma ferida. Ele teve que fazer uma raspagem em parte do pé no final de 2020 e também inspira cuidados.

Ajuda para tratamento paliativo

“O nosso dia a dia com ela é o seguinte: acordar, fazer o mingau, dar banho e fazer curativo nas escaras. O máximo que conseguimos é sentá-la na cadeira”, lamenta Paula.

A jovem, que é professora de inglês e tem um filho de três anos, ficou sem trabalhar por causa da pandemia. Hoje, dá aulas online e precisa de ajuda financeira para dar mais conforto a dona Joana.

“Eu queria muito ter condições de pagar uma cuidadora, porque está muito pesado só para mim e para minha tia o cuidado. Só a gente se reveza sabe? Quando uma de nós precisa sair, ir ao médico ou algo assim, temos que revezar. Além disso, eu tenho um filho pequeno e os gastos com a minha mãe/avó são altos demais”, conta.

Paula Sibbele faz um alerta importantíssimo! “Eu gostaria de alertar as pessoas a cuidarem dos seus idosos, a levá-los ao médico assim que perceberem algo de errado. Infelizmente, com minha mãe/avó a doença veio muito cedo e de forma arrebatadora”, finaliza.

A família precisa de auxílio para a compra de fraldas geriátricas, produtos de higiene pessoal e medicamentos.

Acompanhe a história pelo Twitter: @paulasibbele.

Para contratar aulas de inglês online para jovens e adultos com Paula Sibbele, entre em contato pelo WhatsApp: (96) 8142-0980

Caso possa contribuir com ajuda financeira, faça o seu depósito pelos meios abaixo:

Pix: 01243808241
PicPay: @paulasibbele

*Com a história relatada na rede social Twitter, Paula busca também o apoio de artistas e pessoas influentes que contribuam no compartilhamento. Nesta terça-feira (23), a atriz Tata Werneck foi uma das pessoas que dividiu com seus seguidores a batalha vivenciada pela moradora sexagenária de um dos bairros mais tradicionais de Macapá, o Laguinho.

**Texto da jornalista Leandra Vianna – Publicado no site www.outrosquinhentos.com
***Apoio pelo Twitter (Informação do jornalista Daniel Alves).

Maria Penha Tavares gira a roda da vida. Feliz aniversário, tia!

Gira a roda da vida, neste vigésimo terceiro dia de fevereiro,  uma das primeiras pessoas que me amou e uma das grandes amigas que tenho na vida, minha tia, Maria Conceição Penha Tavares. Ela chega aos 69 anos com saúde e aparência de 50  invernos amazônicos, graças a Deus!

É difícil falar a respeito de pessoas que, de tanto amor e presença afetiva, fazem parte da nossa construção pessoal. É como tentar descrever um pedaço de nós. Nesse caso, de um lindo pedaço.

Tia Maria é a filha mais dedicada de que tenho notícia, irmã preferida do meu pai (que já virou saudades) e filha preferida da Peró e vô João (que também já seguiu para as estrelas).

Tia também foi uma competente bancária durante décadas, é contadora e ex colaboradora da Cunha & Tavares Consultoria. Ela sempre foi empenhada, muito séria, responsável e dedicada em tudo que se propôs e se propõe a fazer.

Às vezes, ficamos muito putos um com o outro. Normal, somos teimosos e geniosos, mas nos amamos demais. Em razão da pandemia, não tenho sido tão presente na vida dela e da vó Peró, nossa matriarca e pessoa muito bem cuidada e amada pela tia (Quem conhece essa linda história sabe da nobreza e total compromisso da titia para com sua mãe). Mas elas sabem que podem contar comigo.

Perdi a conta de quantas vezes Maria Penha me socorreu com grana, quando eu ainda era um moleque doido e perdido na vida. Não que hoje eu seja um cidadão exemplar, é que virei um velho gordo que pira muito menos que antes. E ela sempre morou nesse meu coração transloucado.

Titia é íntegra, honesta, inteligente, batalhadora e decente. Maria sempre foi um dos faróis (assim como mamãe e vovó Peró) na tempestade que sou, sempre foi umas das luzes do meu caminho. João Espíndola e Perolina tiverem a sorte de ter uma filha como ela. Assim como todo o resto de nós, os Tavares.

Quando puxo na memória afetiva, ela sempre esteve lá, desde 1976, quando pintei por aqui. São quase 45 anos de amizade e amor.  Sou só gratidão a ela. Se um dia eu for pra minha sobrinha Maitê a metade do tio que ela foi e é pra mim, a missão estará cumprida com sucesso.

Ah, ela também me educou musicalmente. Graças a ela, gosto de música boa. Ela sempre foi uma espécie de mãe, madrinha, amiga, apoiadora, conselheira, parceira, entre outras tantas coisas maravilhosas que essa pessoa sensacional representa na minha existência.

Maria, às vezes nossas personalidades e rabugices colidem, mas isso passa logo, é somente uma vírgula no lindo livro da nossa vida juntos. Tia, que teu novo ciclo seja ainda mais porreta, iluminado, com paz e muita saúde pra você seguir na jornada e na tua bela missão. Graças a Deus tenho uma sorte dos diabos da tua existência orbitar a minha. Parabéns pelo teu dia. Te amo! Feliz aniversário!

Elton Tavares