Hoje – Crônica porreta de Fernando Canto

Hoje eu larguei a bengala de lado. Depois da queda não quero adquirir o vício do apoio para que ele vire permanente.

Assim como o jogador pendura as chuteiras, eu vou guardar a bengala para o esforço necessário da velhice se um dia dela vier a precisar.

Hoje eu larguei o meu terceiro pé, mais que um enigma esfíngico. Largo meu entendimento seguro pelas estradas que ando, sob o desespero mortal de um ser monstruoso que se jogou do precipício quando eu me dispus a enfrentar meu destino e, vejam, o meu passado, viajando por águas de diversas cores e volumes, de sabores e profundezas.

Larguei, sim, um objeto de angústia e lassidão e o pendurei num cabide atrás da porta, como um cigano que tem teto e não se vale mais das noites estreladas para sonhar e amar.

A bengala deixará de me apoiar para que eu, já calcinado pelo tempo, ache no fulcro da terra e no calor da vida a solidariedade e o amor pulsante da humanidade. Assim, esse instrumento que nasceu da madeira torneada, e que me deu segurança no caminho também me tornou digno de olhar para trás.

Com isso deixarei diluir em mim antigos sentimentos calcificados no coração e anzolarei em gestos bruscos, de ruptura, os mais diversos símbolos que a própria academia não conseguiu interpretar no empirismo de seus laboratórios e dos seus paradigmas positivistas.

É um objeto muito útil a bengala. Sua curva da extremidade recebe a mão para sustentar o apoio do andar do pé deficiente pelos caminhos sinuosos e empedrados da cidade.

Ah, um olhar seguro não cabe mais nos olhos. Até a baixa luminosidade do anoitecer e o intenso brilho do nascer do sol remetem ao uso extremo do objeto que deixei de lado.

Mas hoje eu aposentei minha bengala. Dela não mais quero dependência ou vício. Por onde andei com ela cavei no chão pequenos buracos nos quais semeei sementes de perdão, após cansadas viagens.

Depois, por cima desses rios de minha terra, eu a inverti definitivamente em minha vida para transformá-la em âncora.

*Crônica de 2017, após o amigo Fernando Canto se recuperar de um acidente e finalmente parar de usar sua bengala.

O encontro dos astros – Crônica de @JackeCarvalho_

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Crônica de Jack Carvalho

2004 não foi um ano qualquer. Na beira de completar 19 anos, o que eu mais queria era ter um punhado de dinheiro no bolso para tomar minha cerveja, ao som de um bom rock. E qual o caminho mais certo? Arranjar um emprego.

Foi quando coAlanisRiv10.13.2012-245nsegui meu primeiro trampo de carteira assinada na Faculdade Famap. Eu era auxiliar administrativa, atendia os alunos que queriam saber das notas, faltas, resultado de requerimentos e tal. Trabalho suave, sem muito mistério. A sala ficava bem na entrada da faculdade e parecia mais um aquário, cercada de vidros.

Às vezes parecia mais um guichê da Caixa Econômica Federal, cheio de alunos preocupados mais com o número de falta que com as notas. Mas às vezes ninguém passava pela frente. Eram nesses momentos que era tranquilo acessar a internet e navegar suavemente. E naquela época, quando o Orkut não era tão popular no Brasil, quando nem se imaginava que o Facebook ou WhatApp seria as duas principais redes sociais, o Bate Papo da UOL era a saída para conhecer e interagir com pessoas com diversos lugares do país.

Mas claro: eu entrava na Sala AP. E como eu, na época, era meeega fã de Alanis Morrissette, sempre usava o nome da cantora canadense como nickname na sala. O que consequentemente (e porque não intencionalmente?) filtrava os contatos. Pois conhecer a referência feita com o nick, queria dizer que existia uma afinidade musical. Foi quando um belo dia outro cantor apareceu na sala: Ian Curtis.

Que massa!! Qual a probabilidade de você conhecer alguém que gosta das mesmas bandas que você, que escreve um português correto (não se engane: isso sempre foi um critério no BP da UOL) e que mora na mesma cidade?aeb7cffa00470ac167dc41753931fd4e

As tardes no aquário ficaram mais divertidas. Entre trocas de músicas e papos cabeça, a relação entre Alanis e Ian ficava cada vez mais estreita. O que inevitavelmente resultaria num encontro off-line entre os astros. A expectativa aumentava a cada dia. Muito pela afinidade musical quanto pela possibilidade de me envolver com um cara legal (sim, na época eu era mais chegada!!).

Ao passo que a gente acertava o lugar, fomos descobrindo muito mais coisas em comum. Como, por exemplo, o lugar em que o Ian Curtis estudava. Era na mesma faculdade em que eu trabalhava. A coisa começou a ficar muito estranha. Mas legal. Foi quando marcamos o lugar e o horário para nos conhecermos. Por volta das 19h, lá mesmo na faculdade, avistei aquele com as descrições repassadas. A única coisa que eu pensei na hora em que o vi: – Não boto féeeeee!!!!!

O Ian Curtis era nada mais, nada menos que Elton Tavares, que já era meu amigo na época. Mas era mais do que isso: Elton é filho da professora Maria Lucia Neves Vale, que era supervisora na Escola Santina Rioli lá nos idos dos anos 90. Como eu frequentava bastante a sala da supervisão da escola (eu não era uma propriamente uma mocinha na escola), sempre via o Elton ir buscar a mãe nos fins de tarde.

Voltando ao encontro. Quando nos aproximamos, as duas faces eram um misto incredulidade com satisfação.

– Então tu és a Alanis??
– E tu és o Ian Curtis??

Estouramos no riso e confirmamos aquilo que a humanidade conhece: a música aproxima as pessoas. Mesmo as pessoas que já se conhecem. Passados mais de 10 anos, todas as vezes que lembramos dessa história na mesa de bar, o riso solto é certo. Ainda bem, né?

*Isso tudo é a mais pura verdade. História engraçada, muito doida e real. A Jack é uma queridona até hoje e desconfio que sempre será. Valeu pelo texto, broda! – Elton Tavares. 

O dia em que esquentei a cerveja do Arnaldo Antunes na B*****ta – Por Jack Carvalho – @JackeCarvalho_

Por Jack Carvalho

2013 foi um ano incrível para todo macapaense fã de música. O Festival Quebramar, maior evento de música do norte do país totalmente free, trazia nada menos que Arnaldo Antunes, Emicida, Curumin e muitos outros artistas massa. E nesta edição, eu fiquei responsável por coordenar o funcionamento dos camarins.

Aos poucos, cada produtor foi mandando a lista de exigência que tínhamos que providenciar para atender aos pedidos dos artistas. Emicida, por exemplo, pediu chá verde. Outros pediram Red Bull. O Edgar Scandurra pediu whisky. E o Arnaldo pediu cerveja. Muitas packs de cerveja. O problema era adequar esses pedidos ao orçamento disponível para o camarim. Em alguns casos, eu mesma preparei em casa diversos itens das listas, como suco, bolo e o chá.

Público da primeira noite do Festival Quebramar – Foto: Cobertura Colaborativa

Assim consegui equilibrar os gastos e garantir todos os itens. Faltando 1 dia pro início do festival, peguei as listas e fui ao supermercado comprar o que não dava pra fazer, pra no dia seguinte já ter tudo pronto pra quando o festival começasse. Tudo certo na sexta e sábado. Todos os pedidos foram e atendidos e os artistas ficaram satisfeitos.

No domingo era o dia de tocar Curumin e Arnaldo Antunes. Cheguei cedo no palco no pé do muro da Fortaleza de São José e comecei a limpar e arrumar as mesas dos camarins. Coloquei todas as bebidas no gelo, arrumei as pedras pras doses de whisky, petiscos, entre outros detalhes. As primeiras bandas começaram a tocar logo cedo, umas 19h40. Em seguida começaram a chegar os integrantes da banda do Arnaldo. Recepcionei o grupo me apresentando como responsável pelo camarim e que caso precisassem de algo era só chamar. E chamaram!

Foto: blog Galera do Rock (http://glrdorock.blogspot.com/2013/12/resenha-festival-quebramar-2013.html)

Minutos depois que a banda se instalou na sala reservada pra eles, a produtora do Arnaldo Antunes perguntou: – Cadê as Heinekens naturais? Eu dei uma de João sem braço e disse que não tinha sido especificado. Ela puxou a lista do bolso e mostrou: – Olha aqui, são 6 long necks naturais. Ele não pode beber nada gelado antes e durante o show. Ou seja: FUDEU!

Foto: blog Galera do Rock (http://glrdorock.blogspot.com/2013/12/resenha-festival-quebramar-2013.html)

Minha primeira reação foi de sair e ir comprar nos bares da Beira Rio. Mas eu estava muito distante pra deixar tudo e ir comprar cerveja. O jeito foi tirar as 6 long necks da cuba e tentar “amornar” as cervejas. Olha o trampo da porra. Nisso, eu e mais duas pessoas que auxiliavam no camarim, cada uma pegou uma long e começou a esfregar na mão. Essa porra não vai esquentar.

Então tive a ideia de botar a cerveja entre as pernas. Isso mesmo: na B****ta pra ajudar a esquentar mais rápido. E aja esfregar a garrafa igual o Aladdin. E eu pensava: esse porra vai ter que tocar O Pulso. E aí dele que não faça um show bacana. Bicho, essa porra tá queimando feio aí embaixo. Foram longos minutos gelados aonde se costuma a ser bastante quente, diga-se de passagem. Ainda ligamos ventilador do carro no modo quente pra ajudar o processo. Da feita que a cerveja ia amornando, alguém levava no camarim e ele bebia.

Foto: blog Galera do Rock (http://glrdorock.blogspot.com/2013/12/resenha-festival-quebramar-2013.html)

Conseguimos esquentar as 6 heinekens antes dele entrar no palco. Confesso que algo ficou dormente por alguns minutos, mas depois que ele começou a tocar A Casa é Sua, o corpo esquentou e tudo voltou ao normal. E lá estava o Arnaldo Antunes tomando cerveja quente, no copo on the rock que meu pai tinha ganhado de brinde da Monte Casa e Construção um zilhão de anos atrás. E tudo pra dizer que: missão dada é missão cumprida!

*Jack Carvalho é jornalista e Mestre em Ciências da Comunicação.

Datas curiosas: 14 de junho é o Dia Universal de Deus – Meu texto sobre

Como faço todos os dias, pesquisei sobre a data de hoje. Para minha surpresa, descobri que o 14 de junho é “Dia Universal de Deus”. Meu Deus! Deus, para muitos, é mitologia cristã. Apesar de não ser religioso, para mim, é a Força que rege tudo isso aqui. Afinal, cada um com suas crenças e descrenças. Mas como frisou escritor William Shakespeare: “existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”.

Não encontrei a origem da data, mas como uma porrada de outros dias comemorativos, todo dia é dia de Deus, das mulheres, das mães e etc. A data de hoje nos possibilita a reflexão sobre a figura abstrata de Deus (mitologia pra muitos).

Não duvido da fé alheia e nem da existência de Deus, seja lá qual for o nome DELE. Bom, falar de religião e assuntos ligados a ela são sempre complicados. Acredito que cada um de nós deve rezar, orar ou proceder como lhe aprazia. Rezo por pessoas falecidas, rezo para pedir ajuda e rezo para agradecer, do meu modo, claro.

Acredito que tem alguém, ou alguma coisa, no controle de tudo. Só se que não sou eu. Prefiro conversar na boa com Deus. Agradecer a ELE por tudo de bom que me acontece e por ELE me ajudar sempre quando estou em perigo. Costumo brincar, dizendo “Papai do Céu é meu brother!”.

Não há uma única religião que argumente com exclusividade sobre essa data, na verdade o dia procura reunir as concepções ao invés de separá-las.

Quando se fala a respeito de Deus, muitos associam essa poderosa figura à eternidade, à onipotência, à divindade e ao sobrenatural. Entretanto, a existência do criador de todas as coisas é interpretada de forma diferente pelos povos, variando de acordo com a crença ou discurso religioso.

Como escreveu meu amigo Fernando Canto: A palavra “Deus” tem a particularidade de se escrever apenas com quatro letras na maioria dos idiomas conhecidos. Vejam alguns:

Em Português – Deus; Francês – Dieu; Alemão – Gott; Em Assírio – Adat; Germano – Godt; Árabe – Alah; Sânscrito – Dova; Espanhol – Dios; Grego – Toos; Japonês – Shin; Hindu – Hakk e Egípcio – Amon.

Já o escritor Rubem Alves, no livro de crônicas intitulado “Pimentas”, disse: “a gente fala as palavras sem pensar em seu sentido. ‘Benção vem de bendição’. Que vem de ‘dizer o bem ou bem dizer’. De bem dizer nasce ‘Benzer’. Quem bem diz é feiticeiro ou mágico. Vive no mundo do encantamento, onde as palavras são poderosas. Lá, basta dizer a palavra para que ela aconteça”.

No meu caso, agradeço a Deus por ter uma sorte dos diabos. Considero God um amigo e acredito que ELE é como Baruch Spinoza descreveu.

Não faço promessas a Deus, não rezo para santos ou outros interlocutores. Minha aliança é direta com ELE. Um acordo bem simples: eu trabalho e tento não fazer mal a ninguém e ELE me livra de quem quer me ferrar por aqui.

Sinto a presença de Deus o tempo todo, sobretudo no amor e carinho da minha família e amigos. Afinal, ELE é amor, porra!

Deus está no sorriso da minha sobrinha, da minha mãe e do meu irmão, no bom trabalho feito, nas recompensas pelo batalho diário, na vida feliz. Acredito em muita coisa, mas NELE tenho a certeza da existência.

Sei que 2020 foi um ano para testar nossa fé. Igualmente 2021, que tem sido bem difícil. Mas Deus é bom o tempo todo. Não tenho dúvida disso.

A verdade é que já recebi muitas bênçãos na vida. Sei que a vida é feita de vitórias e derrotas que quase sempre dependem de nós mesmo, mas que ELE dá uma força, ah, isso dá. E no final das contas, Deus acerta um bocado e só tenho a agradecer por ser abençoado. Valeu, God!

Ilustração de Ronaldo Rony

Então, por que não ter um “Dia Universal de Deus”? Ah, e “Ele não está acima de tudo” e sim, no meio de nós. Deus que continue nos abençoando!

Elton Tavares
Fonte: Mundo das Tribos.

QUEM SOMOS NÓS? – Crônica legal de Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena

Crônica de Lorena Queiroz

Hoje entrei no quarto da minha filha de onze anos e ela, enquanto dobrava umas roupas, assistia na TV um clipe do A-ha. Eu sempre soube que ela é uma menina um pouco estranha (e quem não somos?), mas saber de mais esta preferência dela me fez adicionar mais uma característica a reformulação diária em saber quem elas são, por isso trabalho no que serão. Mas será que realmente eu saberei algum dia, acertadamente, quem ela, você ou eu realmente somos?

Um, Nenhum e Cem Mil – Luigi Pirandello

Quem me conhece sabe, minha cabeça anda meio surtada nestes tempos pandêmicos, o que me faz ir nos lugares mais sombrios e divertidos, por isso cheguei no escritor italiano e ganhador do prêmio Nobel de literatura, Luigi Pirandello, mais exatamente na obra Um, nenhum e cem mil. O personagem Moscarda, enquanto olhava sua imagem no espelho, é informado por sua mulher que seu nariz era torto e ele nunca teria percebido.

A partir daquele momento ele percebe que as pessoas tinham uma imagem dele que era dissociada da imagem que lhe refletia o espelho. Experimente pedir para alguém fazer um avatar seu, pontuando suas qualidades e defeitos nele, e por fim, seja sincero em sua avaliação quanto a assertividade dele. O fato é que nós somos alguém para nossa mãe, alguém para um amigo no trabalho, outra pessoa para determinado amigo e, a despeito de qualquer coisa, um filho da puta pra alguém. Sim, ninguém nunca escapa disso. Mas será que cada uma destas pessoas que você é representado, em cada um, corresponde a quem você realmente é?

Vivemos em uma sociedade que é regida por costumes sociais que mudam, se alteram e se reformulam o tempo inteiro. Acredito que seja por este necessário eterno ciclo de mudanças que fica mais difícil ser livre para ser quem somos, ou melhor, para mostrar quem nos tornamos. Que vai desde um modismo á um conservador que tem dificuldades de viver com as mudanças, bem como aqueles que tem vergonha de dizer que mudaram de ideia. Aquilo que chamamos de julgamento. E é este o ponto, nos tornamos mais um todos os dias. Pirandello, através de Moscarda, diz na mesma obra que, os acontecimentos do passado são as piores e mais injustas das prisões. Pois ficamos eternamente presos á eles. Você pode não ser mais àquela pessoa que cometeu determinado ato no passado, mas para alguém, você sempre será conhecido por algo que não mais te pertence, seja pra bem ou para mal. A personalidade que temos é algo muito mais pessoal e que temos a necessidade de ponderar ou até mesmo polir, pelos costumes que já mencionei anteriormente. Menino não chora, veste azul. Essas coisas. Ou você não fumar na frente da sua mãe. Não minta, sabemos que é bem mais que respeito. Até porque esse respeito também é proveniente do que nos foi ensinado onde vivemos.

Ter a consciência de saber quem somos para nós e para o mundo, será sempre difícil pela própria volatilidade das coisas. Zygmunt Bauman, disse que você tem que passar a vida redefinindo a sua identidade, porque o estilo de vida que é considerado bom por um, não é nada para o outro. E que as coisas atraentes mudam tantas vezes nas nossas vidas. Quem será você na semana que vem?

Mas mesmo assim, nos temos uma identidade que apresenta pistas algumas vezes, nós temos a tendência de nos aproximarmos de pessoas que, a princípio, se assemelham á nós. Pessoas que se juntam por que reconhecem umas nas outras um pouco do que são, ou do que querem ser. Sabe aquela máxima: “um tatu cheira o outro”. Pois é, a gente tem necessidade de ajuntamento com quem nos identificamos, mas mesmo assim, quantas pessoas diferentes tem aí na tua roda de amigos? E quantos tem a mesma imagem um do outro? E isso nunca deveria ser problema para ninguém porque sabemos que somos diferentes. E a gente sempre vai ter um guardado para uma novidade que vai surgir.

No filme Eu, eu mesmo e Irene, Hank Evans, a segunda personalidade e total oposto de Charlie, toma seu corpo e reage violentamente aos abusos que as pessoas cometiam costumeiramente contra Charlie. Na minha opinião nada técnica e só para fins de achismo mesmo e interpretação lúdica, todos nós carregamos um Hank dentro de nós, não falo de um louco, mas de outros que vão surgindo conforme o rumo que as coisas tomam para cada um.

Ainda dentro deste contexto lembrei de um episódio de uma animação, Hora de aventura. O personagem Rei gelado, quando ainda era Simon, estava em um apocalipse zumbi. Portava uma coroa que o transformava em Rei gelado e lhe dava poderes. Ele protegia Marceline ainda criança. Mas a cada vez que ele colocava a coroa, a personalidade de Rei gelado tomava um pouco mais o corpo de Simon, até Simon sumir. Ele fez isso pelo amor a Marceline, o que foi lindo, mas ele se perdeu dele mesmo. Acabou por se tornar um vilão. E o triste é que ele não se lembra quem ele foi.

É didático revisitar quem fomos, nos ajuda a rever ações, opiniões e até saldar algumas dividas consigo mesmo. Assim como é importante ter a consciência que cada um é muito mais do que se vê. Mas o mais importante, para mim, é ser fiel a quem vamos nos tornando a cada dia e sempre estar de braços abertos para o próximo que virá depois de uma música que se descobre, ou de um livro que nos apresentou mais uma parte de nós. Somos metamorfoses ambulantes, agora toca Raul.

* Lorena Queiroz é advogada, amante de literatura, devoradora compulsiva de livros e crítica literária oficial deste site.

Hoje é o Dia de Santo Antônio (o Dia do Amor)

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Hoje é o Dia de Santo Antônio. Somente agora tive tempo de publicar um texto sobre, afinal, temos a Sessão Datas Curiosas neste site.

Também chamado pelos católicos por Santo Antônio de Lisboa ou Santo Antônio de Pádua. De acordo com a história, ele foi inicialmente um frade agostiniano, tendo mais tarde entrado na ordem Franciscana (1220). Nascido em Lisboa no d13450776_10206153164258574_8358576784586467668_nia 15 de agosto entre os anos de 1191 e 1195, ele morreu em Pádua, na Itália, no dia 13 de junho do ano de 1231. Daí a celebração neste dia.

Foi muito conhecido pela sua vida despojada de riquezas, apesar de ter nascido em uma família influente. O seu trabalho com os pobres foi essencial para que fosse rapidamente reconhecido como santo após sua morte.

A canonização de Santo Antônio aconteceu poucos anos após sua morte, e muitos consideram que terá sido uma das canonizações mais rápidas da história.

208010076509598990_BlE1Lsrt_cSanto Antônio é considerado um dos santos mais populares entre os brasileiros e portugueses. No Brasil, Santo Antônio é conhecido por ser o “Santo Casamenteiro”, sendo que o Dia dos Namorados é comemorado no dia 12 de junho no Brasil por ser a véspera do Dia de Santo Antônio. Hoje é que as pessoas que desejam casar ou conseguir um namorado preparam simpatias para Santo Antônio, acompanhadas de orações.

Para a umbanda esto_antonio_exu1 o candomblé, no Brasil, Santo Antônio é sincretizado como Exú, que é um orixá africano, também conhecido como: Exu, Esu, Eshu, Bara, Ibarabo, Legbá, Elegbara, etc. Ou também Ogum, que é o orixá da guerra, capaz de abrir caminhos na vida. Por isso, costuma ser identificado com Santo Antônio, o “santo casamenteiro”.

Exú é o orixá encarregado de ligar o mundo dos espíritos ao mundo material, proteger as fronteiras, as casas, templos, cidades. E também é responsável pelas ligações amorosas, o que faz do dia 13 de junho uma data especial para trabalhos espirituais ligados ao a13453061_1207803865939309_1015662742_omor.Por isso, hoje também é o dia Exú ou Dia do Amor.

Outra denominação para Santo Antônio é Hermes, na Mitologia Grega o Deus da medicina, do comércio e dos ladrões, é também o mensageiro dos deuses.

Dizem que Santo Antônio, quando ainda não era santo, decidiu ajudar duas moças pobres a se casar, não sabia a dor de cabeça que estava criando pra si mesmo. O coitado agora tem que conviver com as ordens pedidos de mulheres que são capazes de qualquer coisa pra acabar com a solteirice. Essa santidade que as moças teimam em deixar de cabeça pra baixo , afogam e até sequestram o Menino Jesus e barganhar o refém por um namorado ou casório.santo

Portanto, hoje é festa junina nas igrejas, terreiros de umbanda e candomblé. Viva a diversidade religiosa e suas denominações sobre divindades e seres encantados, seja Santo Antônio, Hermes ou Exú, meu respeito. Com sua energia e poder, que ele ajude quem ainda não tem um amor . É isso!

Elton Tavares (compilação).
Fontes: Calendar, Tenda Cigana e Raízes Espirituais.

Se foi o Carlos Alberto – Por Marcelo Guido

Professor Carlos Alberto

Por Marcelo Guido

Poucas são pessoas que são marcantes na formação de muitas pessoas. Que exercem com maestria o sagrado ofício de ensinar. Em um país, onde o fracasso da educação é um projeto governamental, caras como ele realmente fazem diferença.

Professores são seres mágicos, são druidas na arte do ensinar, moldam caráter, escrevem destinos e se enxergam no sucesso e fracasso de cada pupilo.

O Carlos, que com o passar de anos tornou-se meu amigo era um desses, sempre fui grato a ele por todo conhecimento que me passou, aprendi com professores como ele que quem educa é pai é mãe,  o professor inspira.

Hoje recebi a notícia que não esperava, na realidade torci muito por sua recuperação e aceitar tal realidade tá sendo difícil.

O Carlos Alberto , ou o ” Pop” foi meu professor no primeiro e segundo grau, onde lembro de todo seu entusiasmo a ensinar. O cara não dava aula, dava espetáculos. Procurava extrair de cada aluno o seu melhor, e antes de tudo sempre valorizou o pensamento crítico. E eu cara, te agradeço muito por isso.

Fui um cara de muita sorte por ter convivido e ainda conviver com professores assim,  como a Professora Elzanice que lá pela quinta série me disse quem era o Renato Russo e o Belchior, ou a Professora Vera Leão que me ensinou que existem muitos ” Brasis” dentro do Brasil. Teve o Alexandre, os já saudosos Marcelo e Agnando ( Fera), o Alonso , o Geovanni , o Max e muitos outros que quando me aventurei pelo magistério eu extrai um pouco de todos em minhas aulas.

Pessoas como essas e o Carlos Alberto, não morrem, elas são eternas nas vidas de quem fica. Deixam legados pois formam futuros.

Meu Caro Amigo, infelizmente tu fez a passagem, partiu pra Caiena ( como gostavas de dizer), em mais um ato criminoso deste governo pelo qual estamos passando.

Ainda falei contigo antes da tua internação, quando essa enfermidade parecia estar passando longe de ti, a gente achou graça,  rimos juntos e prometemos tomar algumas sentados naquele banco que tu tava fazendo na frente da  tua casa, vais ficar me devendo essa.

Mas antes de tudo eu te agradeço, pelo exemplo de dedicação ao ofício, pela minha formação como pessoa e principalmente por ter aprendido a ficar sempre do lado certo da história.

Obrigado por tudo.
Descanse em Paz.

*Marcelo Guido é pai do Bento , da Lanna e marido da Bia. É jornalista e professor e torce sempre para que tudo isso passe e que os responsáveis desse verdadeiro genocídio realmente paguem por isso.

**Fotos encontradas pelo Marcelo na internet. 

SOB RELÂMPAGOS – Por Fernando Canto

Por Fernando Canto

Já falei que sempre tive muitos amigos, Graças a Deus. Alguns foram embora chamados pela voz do Alto. Outros, por teimosia, se adiantaram a essa chamada. Outros, ainda, me fizeram a sacanagem de me deixarem só, com uma saudade imensa que só pode ser controlada com a memória sempre coerente da esposa e da família.

Eu os listaria, se não estivesse triste. E em cada linha do caderno pautado ouviria suas vozes e vontades de estarem comigo comemorando meu aniversário em casa, como eu também fazia na casa
deles.

Todos eles, pretos como eu do bairro do Laguinho, alargariam seus sorrisos e cantariam suas dores e vitórias, que de alguma forma participei.

Não é que eu chore pelas suas mortes, aquelas inevitáveis por doenças, choro pelos novos amigos que adquiri ao longo da minha existência material e que se põem ternos e admiráveis nesta trajetória cósmica, pois eles também sofrerão o mesmo. Mas, rapaz, é foda tu saberes que a iminência desta praga apocalíptica te leva a pensar que a gente não é nada , nem mesmo pó.

Claro que estou triste. Tenho esse sentimento umano (sem h) e uma índole de nimal (sem a) febril e idiota como um robô útil dos senhores do Império do Star War. A palavra animal lembra lâmina ao contrário, e o que temos no nosso país são lâminas-chibatas que cortam a pele dos pobres brasileiros.

Por isso, amigos, me tenho mortalmente atroz, por me sentir um cidadão que ama seu país, seguindo sinais de um trânsito sem rumo, onde idosos e crianças trafegam no portal do inferno.

Tenho amigos de todos os lados. Uns até discutem com os outros em uma cerração etílica que só leva mais à bruma do que à clarividência de um Brasil politicamente próspero e esperançoso. Eu me despeço deste texto, enfatizando que a pandemia, a tristeza, a bunda da Anita e a Copa América jamais irão superar meu sonho de estar com os queridos e ver um Brasil melhor, ainda que surjam relâmpagos no céu nublado desta tarde no Laguinho.

Discos que formaram meu caráter (parte 8) Cabeça Dinossauro- Titãs (1986) – Por Marcelo Guido (por conta dos 35 anos do Cabeça Dinossauro)

É gente ano novo, muita coisa para ser feita e muita coisa pra ser deixada pra depois. Mas vamos lá com nossa insólita viagem pelo mundo irreal no qual me coloco à disposição de vocês neste blog do agora municipal Elton Tavares.

O disco a ser tratado hoje se chama “Cabeça Dinossauro”, terceiro trabalho de estúdio dos paulistas Titãs. Chegou para nossas vidas no sexto ano da “Década Perdida”, ou para os mais saudosistas a “Década Divertida”, melhor falando de 1986.

Antes de tudo, é necessário dizer que o ano de 85 não tinha sido uma maravilha para os caras,  eles que já tinham feito a juventude cantarolar com “Sonífera ilha”, se divertir em “Televisão” e dançar agarradinho em “Insensível” (Faixas presentes nos outros discos da banda), agora tinham que lidar com estigma de “drogados e subversivos”.

Falo da prisão de Arnaldo Antunes e de Tony Bellotto por porte de heroína. De repente a banda engraçadinha formada por oito caras esquisitos (tinha até um ruivo) que alegrava as tardes de sábado no Chacrinha tinha caído em desgraça. A barra andava pesada como já disse, não dava mais pra ser uma banda “Pop”, os pais das garotinhas não gostavam mais deles, a família brasileira não os tolerava mais, promotores de justiça os utilizavam como exemplo em suas esdrúxulas sentenças. Pra onde correr agora?

A resposta veio tão forte quanto um soco no meio da cara, tão libertador como um chute na costela (quem desfere o golpe, quem recebe, sinceramente não sei se concorda comigo). O clima de “sem saber o que fazer” foi logo transformado em um belíssimo “Foda-se”, e esse clima nos proporcionou esse belíssimo álbum.

Estudando a Bolacha:

Bom a “BOMBA” no bom sentindo começa coma faixa titulo “Cabeça Dinossauro”, pra avacalhar logo só tem 3 versos, “Cabeça Dinossauro”, “Pança de Mamute” e “Espírito de Porco”, com uma sonoridade bem pesada é o abre alas (carnaval minha gente), pra todos verem que os caras estavam realmente putos, vai para sugestiva “AAUU”, que vem com porrada extrema do vocal de Sergio Brito, nos fala das regras que temos, ou não que respeitar e seguir “Esta na hora de almoçar, está na hora de jantar” está bela canção virou até trilha de novela, chega em  “Igreja”, uma verdadeira critica as instituições religiosas mas enfaticamente a igreja católica , causou furor dentro e fora da banda, Arnaldo Antunes que se dizia religioso não concordava com as criticas inseridas na canção e se retirava do palco quando a musica era executada no palco, e claro eles tinham que falar em “Policia”, escrita pelo ex- encarcerado Tony Bellotto faz criticas duras e ferozes contra a intuição de segurança, foi regravada anos depois pelo Sepultura, “Estado Violência”, nos faz pensar em nossa relação com as leis, sobre ate onde nos realmente somos livres para pensar e agir, ate onde vai nossa liberdade em uma sociedade corroída pela hipocrisia, “Face do Destruidor”,  com apenas 34 segundos é um porrada seca nos ouvidos e por ser tão rápida nem chegou as rádios, “Porrada”, saúda, parabeniza e enche de mimos os que fazem algo, e mostra o que merece quem não faz nada.

“Tô Cansado”, mostra o cansaço com a rotina, cansaço com o comum, o igual já não satisfaz mais o conformismo já era, “Bichos escrotos” executada pela banda desde 1982, veio a luz nesse disco, foi censurada nas rádios por um bipe sonoro no magistral verso “Vão se foder”, já era hora da terra dar lugar para os bichos escrotos, “Família”, escroteia com classe as relações familiares, sua família comum onde tem um bebê chorão, cachorro, gato, galinha onde as manias são comuns e a filha não pode fugir de casa, “Homem Primata” nos mostra a verdadeira realidade que vivemos, não fazemos nada de diferente do que os primatas já faziam criamos e destruímos no nosso dia-dia. E somos escravos do nosso “Capitalismo Selvagem”. Chegamos em “Dívidas” fala da nossa relação com nossas contas, como nossas vidas são baseadas em uma relação de “corre-corre” atrás de valores, como nossos momentos mudam quando não conseguimos ou quando conseguimos saldar nossos credores. Termina com “O que” que nada mais é que uma poesia de Arnaldo e é um divisor de águas na sonoridade da banda, batidas eletrônicas passam a partir dessa musica a fazer parte da vida da banda.

Esse emaranhado de emoções fortes, criticas coesas, e um foda-se generalizado, foi lançado sem nenhuma expectativa e acabou rendendo disco de ouro, virou clássico e trouxe do limbo os Titãs. Não se pode deixar de mencionar que os caras estavam afiados e que apostaram tudo no que queriam realmente fazer. Um Discão.

Dizer que o disco é punk pode parecer exagero, existem viagens por dentro do reggae (Familia), Funk (O que), batidas da tribo Xingu (Cabeça dinossauro), mas a possibilidade discussão sobre vários pilares da sociedade valeu a pena. Ninguém sabia o que aconteceria  com os caras a pecha de drogados, fracassados e incompreendidos ainda estava em cima. Depois de “Cabeça” o milagre se fez. Trata-se de um trabalho radical, feito sem pressão de mercado por caras putos e ariscos que estavam vivendo uma estranha realidade. O alto nível não cai em nenhum momento.

A partir de “Cabeça Dinossauro”, os Titãs passam a ser levados a sério. Considero este um dos melhores discos da minha vida. Bem vindo há os anos 80.

Marcelo Guido é Punk, Mario, Pai, Jornalista e professor. “Também não gosta de padre, madre e muito menos monta presépio”. 

*Republicado pelos 35 anos desse disco completados hoje. 

A privatização do estado – Por Gian Danton – @giandanton

Por Gian Danton

Em recente entrevista, o ministro da economia Paulo Guedes afirmou que estima-se que metade do servidores públicos brasileiros vão se aposentar nos próximos quatro anos. Isso, claro, inclui policiais, professores, médicos. Mas ele avisa: não haverá concurso para substitui-los.

Essas áreas já sofrem com uma falta crônicas de profissionais, em especial a área de Educação. Na maioria das escolas os alunos passam meses sem aulas de algumas disciplinas por falta de professores.

A solução do governo parece ser jogar para o cidadão a obrigação que deveria ser do Estado. Prova disso é toda a campanha feita para promover a educação domiciliar e contra a educação pública gratuita.

O argumento é simples. Quer educação? Eduque seu filho em casa. Quer segurança? Compre uma arma. Quer saúde? Faça um plano de saúde. Quer aposentar? Faça um plano privado.

E isso em um dos países com maior carga tributária do mundo. Cerca de 40% de todo dinheiro que circula no Brasil vai para o governo. E a carga tributária não dá mostras de que vai diminuir. Como não houve correção da tabela do imposto de renda, este ano os brasileiros vão pagar mais imposto que em 2018.

Fonte: Ideais Jeca-Tatu.

20 anos do gol do Petkovic (uma crônica para flamenguistas)#flamengo

Arte: Ronaldo Rony

Em 27 de maio de 2001, há exatos 20 anos, um gol inesquecível. Eu estava no antigo apartamento do Adriano e Silvana, meus primos. Assistíamos a final do Campeonato Carioca de Futebol daquele ano, juntamente com o amigo Aílton. Aquele dia tem um valor especial na vida dos milhões de flamenguistas no mundo.

O Vasco tinha ganhado o primeiro jogo por 2×1, o Flamengo precisaria vencer por dois gols de diferença para levar o título da competição.

Edílson abriu o placar pro nosso time e Juninho Paulista empatou pro Vasco. Acabou o primeiro tempo. Na segunda etapa da partida, o “Capetinha” meteu mais um. Mas o Mengão ainda estava em desvantagem, pois precisava vencer pela diferença de dois gols.

A torcida do Vasco já comemorava nas arquibancadas. Já eram 43 minutos do segundo tempo. Aí Edílson sofreu falta na intermediária, só que o gol de Hélton não tava tão perto. Petkovic arrumou a bola, deu três passos para trás e respirou fundo.

Bateu forte, colocado e com a precisão cirúrgica que lhe era peculiar. A batida foi perfeita. A bola pegou efeito e saiu do alcance do goleiro Helton. Aliás, o goleiro bem que tentou, saltou alto e se esticou todo, mas a defesa não foi possível. Nem dois goleiros ali embaixo daquela trave evitariam o gol quase sobrenatural. Foi lá onde “a coruja dorme”, no canto superior esquerdo da rede. Naquele momento, vibrei, quase choro, ri e me senti o cara mais feliz do mundo. Coisa de quem ama o futebol, sobretudo, o Flamengo.

Épico e eternamente na memória e coração dos torcedores dos rubro-negros, 3 a 1, porra! Era o tricampeonato carioca ao Rubro-Negro. A gente correu pra Praça Zagury, agora Beira-Rio, bebemos logo pelos três títulos consecutivos. Naquela noite, vi um amigo virar a casaca, tirou a camisa vascaína e vestiu o manto sagrado Rubro-Negro. Ele, o Frank Bitencourt, disse que tinha cansado de sofrer. Até hoje é possível vê-lo em algum bar durante as transmissões dos jogos do Flamengo.

Helton salta, mas não alcança a falta cobrada por Petkovic (Foto: Hipólito Pereira / O Globo)

Há alguns anos, Petkovic foi convidado pelo Globo Esporte para bater a falta novamente, do mesmo local. Adivinhem? O sérvio colocou a bola do mesmo jeito, no mesmo lugar. Ah, gringo foda da porra! Não à toa, é um dos maiores ídolos da era atual do Flamengo. Uma lenda viva, já que se tornou o jogador estrangeiro mais decisivo da história do clube e talvez até do futebol nacional.

Filme “43′ – Na hora de acabar”

Cartaz do filme 43′ – Na hora de acabar

A façanha de Pet virou documentário. O filme “43′ – Na hora de acabar”, traz, além das entrevistas exclusivas, visões diferentes daquele gol. Assista o DOC aqui:

Desde então, já se passaram 20 anos. Assim como a vida, o futebol é feito de ciclos. Mas é sempre bom lembrar dos momentos felizes e foi o que ocorreu.

“Nóis” é Mengão até depois de morrer e hoje é o atual campeão brasileiro. Ou seja, o melhor time do Brasil e um dos melhores do mundo!

Ao Petkovic, autor daquela obra-prima que ficará marcada para sempre na minha memória e coração, nossos milhões de obrigados!

Elton Tavares

Irineu Ribeiro gira a roda da vida. Feliz aniversário, “Preto Velho”! – @irineuribeiro69

Tenho a sorte de já ter trabalhado com muita gente PHODA no jornalismo. São redatores, editores, fotógrafos e cinegrafistas experientes e talentosos, além de queridos. Uma dessas feras das imagens gira a roda da vida nesta quinta-feira (27), o jornalista cinematográfico Irineu Ribeiro, o “Preto Velho”.

Servidor público, basqueteiro, fã de Rock and Roll e brother querido, o nosso popular “Preto” é um cara honesto, prestativo, tranquilo, boa praça, dono de bom humor inabalável e gentebonisse nível ninja. Gosto muito desse sacana.

Irineu é um dos melhores cinegrafistas com quem trabalhei. Um cara trabalhador, de ótima índole, sempre com muita boa vontade para com os que lhe cercam. Ele é um puta profissional, me deu dicas importantes quando comecei a trabalhar em assessoria de comunicação.

Irineu é um batalhador, malandro (no sentido de não ser otário) e, sobretudo, um homem de bem.

Em 2010, quando comecei a trabalhar em assessoria de comunicação (sem saber nadinha dessa área de atuação) o preto velho foi uma das pessoas que me ajudou e que me ensinou. Eu tinha experiência em escrever para portais e produzir programa de rádio e Tv. Mas de assessoria, necas. O preto era o cinegrafista da Secom.

Na primeira pauta que fui cobrir com ele e com o fotógrafo Sal Manoel Lima de França (outro irmão que essa profissão me deu), peguei o microfone para entrevistar o então governador. Eu tremia, inseguro e tals. Irineu Ribeiro me deu um ralho bacana. Voltei pro eixo e o trabalho saiu. Preto velho sempre foi bom conselheiro e malandramente dava a letra pra gente se tocar. Virou brother. O levo sempre no coração.

Preto, mano velho, que tu tenhas sempre saúde, sabedoria, felicidades e sucesso. Que tua vida seja longa e tomara que um dia nós possamos trabalhar juntos novamente.

Meus parabéns pelo teu dia e feliz aniversário!

Elton Tavares

Frases, contos e histórias do Cleomar (primeira Edição de 2021)

Tenho dito aqui – desde fevereiro de 2018 – que meu amigo Cleomar Almeida é cômico no Facebook (e na vida). Ele, que é um competente engenheiro, é também a pavulagem, gentebonisse, presepada e boçalidade em pessoa, como poucos que conheço. Um maluco divertido, inteligente, gaiato, espirituoso e de bem com a vida. Dono de célebres frases como “ajeitando, todo mundo se dá bem” e do “ei!” mais conhecido dos botecos da cidade, além de inventor do “PRI” (Plano de Recuperação da Imagem), quando você tá queimado. Quem conhece, sabe.

Assim como as anteriores, segue a primeira Edição de 2021, cheia de disparos virtuais do nosso pávulo e hilário amigo sobre situações vividas em tempos pelo ilustre amigo. Boa leitura (e risos):

Hulk Pão

“Capinar um quintal pra arranjar dinheiro pra casar tu não quer né HP, rezar pra tu não emprenhar essa pequena, capaz de tu querer que a gente crie também”.

Futebol

“Hoje eu torci pra o Vasco e definitivamente, isso não é vida”.

Carnaval

“Uma hora dessas eu já tava muito a toa na vida”.
“Eu já tava muito gambá uma hora dessas no ano passado”.
“Ano que vem, só pra descontar, vou dar duas voltas no percurso da Banda”.
“Uma hora dessas no ano passado, eu já tinha prometido parar de beber dez vezes”.

Defeitos

Um brinde aos nossos defeitos, já que as qualidades, nós tem pouquinho mesmo.

Bolsonaro & Bolsonetes

“Não vejo problema em bolsominion querer se vacinar, só acho que deveriam ser os fonas”.
“Biroliro acha que comprou o Centrão, problema é que o Centrão vai “afubitar” ele. Espera pra ver”.
“Enche tanto o saco defendendo Bolsonaro que esqueci te perguntar, já arrumastes um emprego?”
“Complicado esse negócio de acreditar em Deus e no Bolsonaro numa mesma vida, queria saber como conseguem”.
“Impressionante, todo Bolsominion tem um parente ou conhecido que quase morreu após tomar a vacina”.
“Época terrível pra se ter um presidente filho de puta”.
“A felicidade de destruir um Bolsominion no argumento não tem preço”.
“Aquele papo de “se fizer merda a gente tira” ainda tá de pé, ou tá pouca merda?”

BBB 2021

“Uma vez fiquei com uma “pequena” numa festa de São João lá no Pacoval, no outro dia não quiz mais ficar com e ela e ela mandou os malandros da rua dela me darem uma surra. Acho que eu era o Arcrebiano”.
“Sou parece a Sarah, fraco velho pra quebrar uma promessa”.
“Koncá podia passar lá no São Paulo Saldos e comprar uma beca pq tá difícil, se veste parece eu na Banda. Demais jegue”.
“Se a Carla Diaz que é morta de gata tá nesse nível de carência, faço uma ideia tu, com essa feiúra toda!!”.
“Esse papo de tirar o cara pq é homofóbico, machista e racista só serve pra o Rodolfo? Bolsonaro tá cagado por acaso!?”
“E eu, que meu apelido era Urso do Cabelo Duro”.
“Quando tu pensas que és otário, me vem o Gil”.
“Fiuk poderia ter sido garoto propaganda do cigarro Hollywood na década de 80. “Hollywood, O Sucesso”.
“Se ta ruim pra o Fiuk, que é filho do Fábio Jr, imagina pra nós !!!”

Profético

“Quando mais novo tu olhas pra uns caras e pensa, esse aí quando crescer vai ser babaca. 30 anos depois tu encontra os caras e eles não te decepcionam, são muito babacas mesmo”.

Amapalidade

“Energia voltando: a
Macapaense: liga a bomba misééééria!!”

Páscoa passada

“Quero só ver minha cara de surpresa amanhã, quando eu ganhar o ovo de Páscoa que eu comprei pra mim mesmo”.

“Sábado de Aleluia: Uma hora dessas eu já tinha rodado na porrada”.

Nostalgia

“Fui ao supermercado mais cedo, me bateu uma saudade do tempo que eu era filho”.

Depois da pandemia

“Quando isso tudo passar, vai ter tanto churrasco e cerveja aqui em casa que vcs vão dizer: Galera, na casa do Cleomar hoje não, já enjoei de lá!”

Família

“Aqui em casa temos uma tradição, a gente compra um jogo de copos, na outra semana quebra os que já tínhamos”.

Realeza

“Toda família tem um membro metido a príncipe Harry, que arruma uma mulher e sai da casa onde vivia escorado, falando mal até da avó”.

Paulo Tavares gira a roda da vida. Feliz aniversário, tio! – @paulorptavares

Vez ou outra, venho aqui me gabar que sou amigo de muita gente Phoda. E também tenho a pavulagem de dizer que na minha família, muitos são desse jeito em suas respectivas áreas de atuação. Pois bem, hoje um dos meus familiares mais fodas, meu tio Paulo Tavares, gira a roda neste vigésimo sexto dia de maio. Além de irmão caçula do meu pai, ele também é meu amigo e por isso lhe rendo homenagens.

Filho mais novo da Peró e Juca, Paulo Roberto Penha Tavares é um cara bem sucedido na vida. Com inteligência acima da média, sempre foi organizado e safo nos estudos e seguiu assim em sua carreira profissional multifacetada. Sim, o figura é administrador, contador, advogado e empresário. Ele também desempenha com maestria os papéis de pai da Paula, Jamila e Ana e marido da Dacivone. Tio é um vencedor em todos os aspectos.

Há alguns anos, Paulo virou maratonista (dos bons). Aliás, ele sempre foi também do esporte, pois jogou vôlei na juventude. Realmente virou um corredor focado e já participou de corridas por todo o Brasil e em outros países. Quando ele se tornou atleta, a gente perdeu, em parte, um parceiro de birita. Confesso que sinto falta de quando tomávamos umas com mais frequência, bem antes da pandemia.

Ah, o tio também é um estudioso da doutrina espírita. E eu sempre brinco com ele sobre este jornalista tentar deixar de ser espírito de porco (só com os canalhas) e parar de ganhar “vale karma” (risos).

Eu e tio Paulo, na antiga casa dos pais dele, meus avós – Primeira metade dos anos 80.

Já disse em outro texto sobre o Paulo: quando eu era moleque, uma das coisas legais das férias é que tio Paulo, então universitário em Belém (PA), vinha passar o mês de julho ou janeiro em Macapá. O cara sempre foi divertido, brincava comigo e com o meu irmão. Como sempre gostamos (ele e eu) de boa música, outra boa lembrança, é dele gravar o vinil do A-HA (banda de rock australiana dos anos 80) em um fita cassete TDK 90 minutos, dos dois lados, pra gente escutar, “charlando” na brasília amarela da tia Maria. Bons tempos. Também já falei que eu e Paulo discordamos sobre muita coisa. Mas o amo e sei que é recíproco.

Os anos de 2020 e 2021 não foi e não está fácil para nenhum de nós. Este ano, nós, os Tavares (assim como centenas de famílias no mundo), levamos um baque forte, a perda da nossa matriarca. Sempre pensei, escrevi e disse, que a Peró nos unia. Não, não é. Seguiremos unidos, tenho certeza disso. Paulo e seus irmãos Maria e Pedro serão essenciais nisso.

A “frieza” (ou serenidade) do cara até incomoda às vezes, pois sou destemperado e passional em tudo. Mas é com esse discernimento sóbrio e cirúrgico que ele sempre resolve as coisas. Foi assim nas partidas do vovô João e papai, no acidente do tio Pedro, na passagem da vovó, entre outras situações em que Paulo foi “impávido que nem Muhammad Ali, tranquilo e infalível como Bruce Lee“, como diria Caetano Veloso. Invejo isso nele, pois sou o inverso.

Em resumo, Paulo Tavares é um cara do bem, muito culto, trabalhador, honesto e que lutou muito pra chegar onde chegou, no topo. Trata-se de um cavalheiro. Um homem culto, com visão estratégica e sempre um plano B na manga. E, ainda, uma apaixonado por seus afetos e fiel aos seus ideais.

Tio, parabéns pelo teu dia. Tu sabes, te amo. Aliás, todos nós te amamos. Nós sempre fomos nós e assim será até o fim dessa jornada. Que tua tenhas ainda mais sucesso, se é que isso é possível. Pra ti, todo o amor que houver nessa vida. Que neste novo ciclo, sigas com saúde e que tua existência seja longa, por pelo menos mais 59 maios. Feliz aniversário!

Elton Tavares