A falta que vai fazer o grande Jô Soares – Crônica de Marcelo Guido

Jô Soares morreu na madrugada desta sexta-feira (5) aos 84 anos. (Crédito: Reprodução/Divulgação)

Crônica de Marcelo Guido

Sim, sabemos que gênios existem, são de carne e osso, padecem com o tempo e saem de cena.

Não seria diferente com José Eugênio Soares, o popular “Jô”. José foi na última sexta feira, dia 05. Torcedor do Fluminense, devoto de Santa Rita de Cássia e antes de tudo um verdadeiro estandarte da cultura brasileira e por que não mundial.

Humorista, já não se tem adjetivos de grandeza para mencioná-lo quando o assunto é humor, seus inesquecíveis personagens estão gravados na memória do povo brasileiro desde os tempos da Família Trapo, onde ao lado de Ronald Golias e de grande elenco arrancava risos aos montes como Gordon.

Em “Viva o Gordo”, teve com certeza todo seu reconhecimento, seus personagens em esquetes de humor são marcas registradas até hoje, declaro aqui minha paixão pelo “Capitão Gay”, que com seu fiel escudeiro “Carlos Suely”, combatia o crime nas noites, o “Jornal do Gordo”, que era feito para pessoas mais ou menos surdas, como a tia Cotinha.

Como cantor lembro de sua participação no especial infantil “Plunct, Plact Zuun”, cantando o “Planeta Doce”, realmente uma das muitas memórias que tenho da infância.

“Escritor sensacional, “O Xangô de Baker Street”, onde conseguiu trazer ao Rio de Janeiro o grande Sherlock Holmes e fez com que uma singular “ Pomba Gira”, baixasse em Watson, em “O Homem que Matou Getúlio Vargas”, intrometeu  Borginha nos maiores acontecimentos do mundo. Colocou em duvidas a imortalidade dos imortais em “Assassinato na Academia Brasileira de Letras” e  matou sem dó e piedade senhoras gordinhas em “As esganadas”, o gênero policial era seu forte, e me acompanhou da minha adolescência a vida adulta. Com orgulho digo que li todos.

Como apresentador, foi um craque. Trouxe e popularizou no Brasil o formato gringo “Talk Show”, era  um Jay Leno Tupiniquim, primeiro no SBT ou TVS, com o “Jô Soares 11 e meia”, que tinha como marca nunca começar no horário.

Sua extrema habilidade transformava as entrevistas em verdadeiros bate papos, que deixavam o telespectador por dentro de vários tipos de assunto, da politica a arte, da musica a ciência.

Lembro de assistir a Legião Urbana, Ratos de Porão, assim como o Brizola, Ayrton Senna dentre muitos outros. No “Programa do Jô”, na sua volta a Globo, o formato continuou o mesmo, mas as apresentações mudaram colocando o sexteto , antes quinteto, como personagens assim como o garçom Alex.

As apresentações do e-mail do programa, ou a paixão do chileno Alex por Pinochet foram marcantes.

Sua emoção ao ir trabalhar de luto pelo único filho, ou a generosidade que dava a artistas para se apresentar, como esquecer da primeira aparição de Fábio Porchat, como camisa da seleção de Portugal, ou o monólogo “Mundo Moderno” recitado por Chico Anysio.

Jô se foi sem alarde, estava fora da TV a um tempo, talvez o compromisso de provar algo não existisse mais ou o cansaço natural já não faziam ter o gosto pelo trabalho na telinha, nunca saberemos.

Se foi sem se despedir, sem o beijo do gordo, sem lágrimas nem choro nem vela, nos deixou um último ensinamento: “Viver não é tão importante, o importante é a comédia”.

Termino este texto parafraseando Marcelo Falcão, que sem duvida alguma resumiu quem era Jô em uma das muitas entrevistas do  O’Rappa, “Jô, você é Foda!”.

Jô Soares – Foto: Rede Globo

Este ser que transformou a TV Brasileira, foi cremado em uma cerimônia simples, na manhã do último sábado (6)

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Assessor jurídico e concurseiro, Elder Willott gira a roda da vida. Feliz aniversário, primo!

 

Eu, entre Ana e Elder, no casamento deles. Santarém (PA) – 2019. Queridos!!

Sempre digo aqui que gosto de parabenizar neste site as pessoas por quem nutro amor ou amizade. Afinal, sou melhor com letras do que com declarações faladas. Acredito que manifestações públicas de afeto são importantes. Quem gira a roda da vida pela 34ª vez (moleque tá zerado ainda) neste sexto dia de agosto é o Elder Willott . Um cara porreta e por isso lhe rendo homenagem.

Elder é um baita cara. Um figura demais pai’égua. Já contei aqui, mas repito por motivos de ser uma história firme: paraense natural de Santarém, Willott largou a cidade natal, família, amigos e trampo para morar em Macapá há pouco mais de três anos. Ao ler a primeira frase deste parágrafo, pode ser loucura do cara, mas não foi. Ele casou com a arquiteta Ana Paula Tavares (de quem muito me orgulho ser primo) e em nome do amor por essa maravilhosa mulher, mudou de mala e cuia para o meio do mundo, o nosso lugar neste planeta.

Com o Elder. Sempre um papo porreta!!

Elder é advogado, operador do Direito, profissional competente e responsável, servidor do Judiciário e concurseiro determinado. Admiro quem se dedica de corpo, alma e coração. Esse bicho se trancou numa salinha de estudos (quando não tá trampando) e manda ver na absorção e aprimoramento de seus conhecimentos. Apelidei esse lugar de “Nárnia”, aquele mundo mágico cinematográfico, pois o brother some lá. Brincadeiras à parte, estamos todos torcendo muito para que ele alcance seus objetivos.

Willott, com esse nome de artista gringo, é um homem fiel aos seus afetos, pois é um filho, irmão, sobrinho e marido amoroso, além de um bom amigo. Aliás, gosto do fato dele ser meu amigo, pois é um baita cara. Elder é uma daquelas pessoas de áurea boa, tranquilo, culto, discreto, bem humorado, inteligente pra caramba e um figura sensacional em vários aspectos.

Com meus primos irmãos.

Se todas as qualidades descritas acima não fossem suficientes, Elder é politizado do jeito certo. Sim, pois está mais que provado que existe a forma errada desde que os homens de bem elegeram o demônio (e ainda ameaçam seguir no erro) na terra para presidir esse país desgovernado.

Elder sempre tem argumentos fundamentados e coerentes para explicar o óbvio para essas figuras. Eu o entendo, pois faço o mesmo. Apesar de ser absurdo, nestes tempos trevosos que o Brasil passa, é extremamente necessário fazer isso. Para mim, uma questão de caráter e o aniversariante é um aliado nisso.

Porém, nada disso que contei aqui sobre o amigo que troca de idade hoje é mais firme do que o fato dele fazer a nossa Aninha feliz. E que a gente ama demais essa moleca!

Com tia Maria, Elder e Aninha. Nosso pife-pafe. Diversão!

Mas como ninguém é perfeito, ele é o meu arqui-inimigo no nosso baralho femiliar, pois o Elder legal dá lugar ao “Viloti Ardiloso” e a gente se bate com as cartas. É divertido pra caralho!

Ah, esse bicho também é calado, observador e inteligentão. Ele sempre tem uma boa análise sobre os temas atuais. Conversar com Elder é sempre uma boa troca de conhecimento, informações pertinentes e absorção de cultura. E ele ainda ataca de “profeta”.  Como já dito, cara é Phoda!

No último encontro com meus afetos, na casa da tia Maria. Julho de 2022.

Em resumo, Elder Willott se tornou um brother querido, um primo postiço e alguém que gosto de dividir momentos porretas. Vez ou outra, eu, ele, Aninha e Pedro Júnior (nosso primo) nos reunimos para tomar uns vinhos e conspirar (risos). Sim, é “nóis” da resistência!!

Willott, que teu novo ciclo seja ainda mais paid’égua. Que sigas com essa sabedoria, tranquilidade, coerência e coragem que lhe é peculiar. Que tudo que couber no teu conceito de sucesso se realize. Que a Força sempre esteja contigo e que tua vida seja longa. Saúde e sucesso sempre. Parabéns pelo teu dia, manão. Feliz aniversário!

Elton Tavares

Discos que Formaram meu Caráter (Parte 53) – Sublime …“Sublime” (1996) – Por Marcelo Guido

Por Marcelo Guido

Muito bem amiguinhos do Rock and Roll e afins, o viajante das notas esta volta trazendo mais uma bombástica bolacha recheada de sons, memórias e muita coisa legal pra vocês.

Abrandem seus corações e preparem seus ouvidos para curtir:

“Sublime”, terceiro álbum dos caras do…. Sublime , palmas muitas palmas pra ele.

Bom já corria o ano de 1996, as rádios estavam tocando rock a valer, por aqui a geração 90 estava em alta e os caras dos anos 80 finalmente tinham deixado a preguiça de lado e estavam fazendo trabalhos novos sólidos e embarcando na onda “acústica MTV”, que também lançou trabalhos contundentes, mas essa é conversa para outra hora.

Bom vamos lá, oriundos da Califórnia, terra do sol, surf e do hardcore valioso os caras do Sublime estavam na ativa desde 1988. Com uma pegada mais levada para SKA e Reagge mas sem esquecer dos elementos punk a banda já conseguia um certo reconhecimento pelas quebradas gringas.

Os excepcionais “ 40 Oz. To Freedom” de 92 e “Robbin’ The Hood” de 94, já davam aos caras de Long Beach um norral maiúsculo, a misturada que Bradley Noweel, Bud Gaugh, Eric Wilson e Lou Dog, faziam com sons eletrônicos com os elementos dos ritmos supracitados davam uma certa alternatividade, algo como um novo som, não que outras bandas ainda não tivessem feito, mas os caras realmente arrebentavam. Uma curiosidade, Lou Dog era um dálmata, isso mesmo um “Auau”, que era mais que uma mascote dos caras.

O reconhecimento mundial era algo já esperado e foi alcançado na gravação do terceiro álbum. Na gravação a coisa foi pesada, muita onda braba envolvendo os caras o que culminou com a morte do vocalista Bradley Noweel em decorrência de uma overdose de heroína.

Esse episódio culminou com o encerramento das atividades do Sublime, que mesmo tendo acabado chegou ao topo.

Os hits como “Wrong Way”, “Santeria” ( transformado em algum bem salutar pela galera da Tribo Dejah, por aqui), “Same in The End”, “What I Got”, e outros sons presentes no álbum são uma verdadeira aula de originalidade, uma mistura bem batida de Bad Religion, Noefx com Bob Marley.

Esse disco por si só merece estar na discografia de quem viveu bem os anos 90, mostra apesar de póstumo que a vontade de vencer estava acima de tudo, medalha de ouro pra ele, se tu não conhece, corre atrás que teu certificado de foda vai acabar sendo confiscado.

Conheci este belo míssil sonoro através do meu amigo Antônio “Malária”, do qual sou fã e agradecido até hoje por ter me passado uma cópia no maior esquema “brodagem”, este belo exemplar sonoro abre a cabeça para outras tendências dentro da música e faz reconhecer que o mundo é mais que três acordes.

Antes de tudo é algo simples, para se ouvir com belo semblante no rosto e como diz a letra de genial de “What I Got”, “a vida é muito curta, então ame quem você tem”.

“Sublime” é um álbum que fala de amor, paz e esperança e o Sublime é uma banda que realmente faz muita falta nos dias de hoje.

Por hoje é só. Encontro vocês outro dia.

Jornalista Evandro Luiz gira a roda da vida. Feliz aniversário, Barão!

Grande Evandro Luiz: Arquivo Pessoal do Barão.

Evandro Luiz gira a roda da vida neste quarto dia de agosto. O aniversariante é um grande jornalista, produtor e repórter, cronista, pai e marido amoroso, além de respeitado e querido profissional da comunicação do Amapá.

O popular “Barão” foi o primeiro jornalista formado a se aposentar no Estado. Na TV, ele é um dos pioneiros e pavimentou o caminho para os que vieram depois. O cara fez 18 mil reportagens ao longo de quase 30 anos de televisão. Impressionante!

Evandro é um grande cara. Tive uma passagem curta pela Rede Amazônica, mas o experiente jornalista nunca me tratou como foca (iniciante). Pelo contrário, sempre teve apreço por mim. Quando descobriu que sou neto do delegado Espíndola (que já virou saudade), disse: “cara, trabalhei com teu avô na Guarda Territorial, ele foi meu amigo”.

Barão em sua despedida da Rede Amazônica.

Em janeiro de 2016, ele pendurou as chuteiras. O jornalista Seles Nafes, que trabalhou muitos anos com o Evandro, escreveu um textaço em homenagem ao cara. Em um dos parágrafos, SN disse:

“Evandro Luiz é jornalista com “J” maiúsculo, e não apenas por milhares de reportagens que produziu na televisão, muitas em situações arriscadas, especialmente em aventuras no interior do Estado. Mas pelo exemplo de perseverança e de entusiasmo pelo jornalismo, profissão que o fez faltar ao trabalho raríssimas vezes em 29 anos de Rede Amazônica”. É verdade, o cara foi exemplo dentro e fora do trampo.

Evandro merece, pois é um dos representantes da memória cultural do cenário jornalístico do Estado.

Em outubro de 2017, durante uma conversa com o Barão na casa da jornalista Alcinéa Cavalcante, conversamos sobre as várias vertentes do jornalismo, e em algum momento ele disse algo que para mim é uma honra: “Elton, cada um com o seu talento, para mim tu és um excelente assessor de comunicação”.

Fiquei muito feliz com o elogio do amigo, pois tive a honra de trabalhar com essa lenda da comunicação amapaense e sei da importância de sua opinião.

Com o Barão, em 2017

Em 2020, ele surpreendeu mais uma vez e começou a escrever excelentes crônicas. O jornalista Arilson Freires me mostrou e a maioria delas foram publicadas neste site, pois são porretas demais.

Este ano, voltou a ativa e trabalha na Rádio Diário FM. Seu retorno foi por conta do convite do jornalistas Luiz Melo, que é perspicaz e experiente, aproveitou o talento de Barão. Quem ganha somos nós, fãs desse profissional PHODA.

Ao Evandro, meu respeito e gratidão e votos de saúde e felicidades. Parabéns, amigo. Feliz aniversário!

Elton Tavares

Amar é o lance! – Crônica de Elton Tavares

Escuto sempre que a vida é simples e somos nós que complicamos. O lance é viver sem frescura, fazer o bem, fazer o certo, cercar-se de gente que realmente importa. O lance é ter vergonha na cara, sem muita conversa ou muito explicar, se fazer feliz.

O lance é ser autêntico, verdadeiro, bom e amoroso. Também respeitado, aguerrido e combativo se preciso. O lance é ser bem humorado, espirituoso e até irônico, se necessário.

O lance é identificar amigos que não só pedem, mas também se dão. O lance é fazer o que gostamos, seja no bar o ou na igreja, tanto faz.

 

O lance é honrar a família, não toda, só os que lhe aquecem no frio e apoiam quando dá merda. O lance é respeitar os colegas, seja de trabalho, de copo e pessoas em geral.

O lance é puxar a fila, trazer novidade, não ser só mais um. O lance é, às vezes, usar palavras duras, mas também elogiar e até pedir desculpas. O lance é, se preciso, assumir e confessar erros, bater e apanhar, mas jamais deixar de amar aos seus e a si mesmo. Esse sim é o grande lance!

Elton Tavares

Não descarte pessoas! Uma hora você pode ser descartado – Crônica de Telma Miranda – @telmamiranda

Crônica de Telma Miranda

Amo meus amigos com todas as minhas forças e como eu li dia desses, não sou anti-social, sou socialmente preguiçosa, e por conta disso os vejo pouquíssimo, mas procuro afagá-los, seja por um bom dia inesperado, uma ligação, um comentário em rede social ou do jeito que a oportunidade oferecer.

Falo isso porque já sofri rupturas bruscas de várias naturezas e não há sensação pior do que se sentir descartável. Quando falo descartável, me refiro, por exemplo, a uma pessoa com quem você tem um relacionamento sair um dia da tua casa dando tchau, amanhã a gente se fala e sumir. Modernamente chamamos de “ghosting”, o famoso “saiu pra comprar cigarros e nunca mais voltou”.

Porém isso também ocorre nas amizades. Não que eu seja uma pessoa carente, porque isso realmente eu não sou. Posso ser tola, mimada, manhosa, entre várias e várias coisas, mas amor não me falta, nunca me faltou e se Deus permitir e meu comportamento ajudar, jamais faltará! Mas fico incomodada, quando alguém com quem eu estava convivendo rotineiramente some.

Fico me perguntando se eu fiz algo para contribuir com essa “saída estratégica seja-lá-pra-que-lado-foi”, se a pessoa está ocupada, se tá precisando de ajuda, penso um monte de coisas. Minha cabeça é um parque de diversões 24h pros meus “Divertidamentes”, os seres que habitam minha cabeça e que são hiperativos e tomam todo tipo de estimulante como água e não me deixam em paz um minuto com pautas aleatórias e diversas, mas isso é outra e ótima história!

Por mais que dure pouco o tempo que gasto me perguntando o que aconteceu, acredito que é de bom tom, se existir afeto e respeito, claro, sempre que precisarmos nos ausentar da vida das pessoas, dar um “oi, vou dar uma sumida porque tô enrolada, mas a gente vai se falando!”. Ressalto que EU penso assim, pois jamais quero causar em alguém sentimentos que me causaram e me fizeram muito mal durante um tempo, mas a terapia me ajudou e entender que isso não é meu e nem sou eu. Enfim. Em tempos líquidos, onde tudo é muito intenso, frenético e fulgaz, cuide da água que te cerca, pois tudo o que se descarta pode não ser biodegradável, e de repente água contaminada, turva e cheia de resíduos não é segura pra mergulhar. E que Deus me livre de ser resíduo em oceanos alheios!

* Telma Miranda é advogada, fã de literatura, música e amiga deste editor.

Mário Sérgio – O “Vesgo” – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

O futebol brasileiro  apresenta vários nomes todos os anos, poucos fazem história por várias rivais, sendo reconhecido por várias torcidas como gênio. Mário Sérgio Pontes de Paiva é sem dúvida alguma,  um desses singulares casos.

Cria da Gávea tinha tudo para despontar como mais um craque formado pelo celeiro que mostrou ao mundo Zico, Adílio e Junior dentre outros daquela geração de ouro, mas seu temperamento forte não o deixaram permanecer no time rubro negro.

Oriundo do futebol de salão, tinha uma técnica expirada, como um verdadeiro craque conduzia suas equipes sempre da forma mais ofensiva, muitas vezes fora acusado de ser “fominha”, por puxar o jogo para si e prender muito bola, mas de seu pé canhoto sempre saia algo espetacular, passes que rasgavam o tapete verde e encontravam atacantes ávidos por marcar gols.

Foram 13 camisas vestidas, treze torcidas apaixonadas, títulos nos principais campeonatos do Brasil, e o mundo conquistado em uma carreira de 18 anos  marcada por polêmicas e muito futebol.

Vestiu vermelho e preto na boa terra, e pelo Vitória levantou o campeonato baiano de 72, suas boas atuações o trouxeram de volta ao Rio de Janeiro, para ser uma das principais engrenagens da primeira máquina tricolor, e junto de Rivelino e Edinho levantaram o estadual de 75 e no ano seguinte o bi campeonato. Mas uma indisposição com o mandatário tricolor o fizeram vestir o alvinegro ainda em 76. Pelo Botafogo que tinha formado um senhor time “problemático”, mas bom de bola, com Dé, Renê e Paulo Cesar, esse escrete da estrela solitária foi apelidado de “Time Camburão” pelo jornalista Roberto Porto, que além de escriba também era um botafoguense dos bons.

Mário Sérgio chega para vestir  vermelho no sul do país, a pedido de ninguém menos do que de Falcão. No Internacional foi fundamental na conquista do nacional de 79 de forma invicta. Suas jogadas espetaculares faziam a festa de Bira e realmente o time sobrou em campo de forma absoluta naquele ano. Em 80 chegou a disputar a final da Libertadores, o título não veio, mas com a saída de Falcão para ser o Rei em Roma, tornou-se o principal jogador da equipe que ainda levou o gauchão de 81.

Sua idolatria conquistada por méritos próprios no Internacional não o impediram de vestir as cores do Grêmio, sua habilidade singular o fizeram ditar o ritmo do jogo mais importante da historia do time do olímpico,  O Vesgo, deixava os marcadores alemães extremamente confusos com seus passes, olhar para um lado e lançar para o outro, melhor jogador da partida foi Renato, mas pelos gols, claro o mais importante , mas Mário Sérgio foi sem duvida alguma o responsável central pelas jogadas que pintaram o mundo de tricolor em 83, foi apenas um jogo que trouxe a maior conquista do Grêmio de Futebol Porto Alegrense.

No “Grenal” da entrega das faixas, já em 84 vestindo vermelho novamente recebeu a faixa azul do mundial e foi aplaudido e ovacionado pelas duas torcidas, fato que mostrou toda sua idolatria no sul, ídolo marcante tanto de Colorados e Tricolores.

No Verdão, foi pego no doping depois de um jogo contra o São Paulo, onde vários jornalistas viram um certo Doutor Marco Aurélio Cunha, médico do São Paulo oferecendo uma famigerada “Soda Limonada” ao jogador, resultado positivo para cocaína lhe rendera um gancho de 6 meses. Mário ainda voltaria a mostrar seu bom futebol ao alviverde, mas o clima não estava mais como no começo e depois de uma passagem pelo Botafogo de São Paulo, o craque foi para a Suíça.

Depois do clima gelado dos alpes, o sol da boa terra novamente, agora vestindo as cores do Tricolor de Aço. Pelo Bahia, Mário já não conseguia acompanhar o ritmo dos outros jogadores, contusões e a idade já cobravam o preço e vestindo a 10, pediu para sair depois de um primeiro tempo na quinta rodada do brasileirão de 87, despediu-se dos jogadores, da comissão técnica e encerrou assim sua notável carreira de jogador profissional.

Mário Sergio, foi um dos melhores canhotos que o futebol brasileiro produziu, jogador diferenciado que por seu temperamento não jogou a copa de 82, substituído por Éder na convocação final, que deu tiros ao alto para assustar a torcida do São José, quando atuava pelo São Paulo, um dos primeiros casos de afastamento por doping no futebol nacional, mas nenhuma dessas manchas chega perto de suas conquistas dentro de campo.

O Vesgo foi sem dúvida um dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos.

Mário Sérgio Pontes de Paiva se foi desse mundo no dia 28 de novembro de 2016 no acidente aéreo  que vitimou a delegação da Chapecoense a caminho da final da Copa Sul-americana.
       
*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia, além de vascaíno.

Na minha volta ao Zerão sai como campeão – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Noite de segunda-feira agradável, temperatura boa, nenhum sinal de chuva, tudo ocorre bem para um excelente espetáculo futebolístico.

Neste contexto, saio às 19h. O jogo marcado para as 20 e poucos, dá tempo de sobra para chegar, uma atmosfera vencedora toma conta de mim, dessa vez vai dar certo.

No cardápio, final do campeonato amapaense, Trem e Independente prometiam um bom jogo, digno de uma final, sem surpresas os dois melhores escretes da competição, nada mais justo que chegassem bem para realizar a segunda e derradeira partida, promessa de muitos tentos, jogadas inesquecíveis e muita festa.

Entro no estádio, minha relação com Zerão vem de longe, fui no jogo inaugural, Zico tabelou com Collor, então presidente em um jogo festivo da seleção de másters. Mas meu afastamento daquele singular templo do futebol é grande, acredito que a última vez que tinha entrado lá para ver um jogo fora em 2005, um Remo x São José.

Meu afastamento do estádio tem dia, ano e responsável, o campeonato de 92. Aquele sim foi um senhor campeonato, lembro como se fosse hoje o timaço do Ypiranga com Edgar (craque do ano) Jorginho Macapá, Tiago, Rodolfo, Miranda treinados pelo folclórico tri campeão mundial Dadá Maravilha, sou torcedor do Trem, mas reconheço que aquele time era bom.

Foram 4 partidas seguidas, a final do segundo turno o time do Trem ciceroneado por nomes como Jorge Periquito, Mario Sergio (fenomenal), Jorge Silva, Edmilson Borçal, Roberto Foguete e um endiabrado Edilson Bala derrotou o todo poderoso negro anil por 4 a 2 e forçou as finais, ate aquele jogo, o Ypiranga não tinha perdido um jogo, e seus únicos pontos perdidos tinha sido justamente para o Trem em um 0x0 no Glicério Marques.

Três partidas, 1×1, 0x0 e terceira, um sonoro 3×0 com direito a gol do Fantástico e tudo. Naquele dia eu saí triste.

Trinta anos depois eu estou no mesmo local, mais uma final com o Trem. Não que meu clube não tenha ganho nada, pelo contrário estava defendendo um título. A dívida era minha, eu tinha que ver, sentir, testemunhar a conquista, ver a história ser escrita.

Começa o jogo, lembro do meu Pai que sempre dizia “O Trem tem que começar atacando a favor do vento”, meu pai é um cara que sabe das coisas. Reparei que o campo escolhido para iniciar foi o certo.

Bola rolando, os dois times apresentando um bom futebol, vistoso, aguerrido, com muita vontade não a toa chegaram a final.

Falta para o Trem, cobrança de Tharcio, o vento ajuda a bola no fundo da rede. Vibrei como não vibrava a muito tempo, estava dando certo.

Chuva cai, não chuva um dilúvio que se Noé estivesse presente diria “eu tenho a arca” um verdadeiro toró, raios pra todo lado nesta hora eu torci para os mesmo ficarem longe de nossos transformadores. Volta o jogo, fim do primeiro tempo.

Segundo tempo o Independente começa melhor, bem melhor o carcará tem qualidade e time pra isso, a locomotiva equilibra, mas em jogada trabalhada Joilson empata, lance que gera reclamação dos atletas rubro negros , mas não tem VAR, bola ao centro. Os jogadores sentem o momento, um gol acaba tudo, mas o tempo não para como já dizia Agenor e fim de papo. Pênaltis.

Pênalti no futebol é quase um resumo da própria vida, tiro livre, um homem contra o outro, a bola. Um apito dá o sinal, dali só irá surgir heróis e vilões.

Confesso que não sou muito de ganhar nos pênaltis, na boa ganhei uma Copa, a de 94, mas perdi um mundial em 2000 e realmente meus medos vieram a tona, não pode acontecer.

Cinco cobranças, 4 no fundo da rede. Cobranças Alternadas. Ai sim, a emoção vem a tona e surge o herói. Dida, nome de craque, semblante serio um senhor arqueiro, converteu o seu e defendeu o outro cobrado pelo outro arqueiro.

Festa garantida, Dida o herói da conquista e finalmente depois de 30 anos eu pude comemorar o Zerão. Fiz as pazes com o estádio, olhei para o gramado, vi a festa. Liguei pro meu pai, que não estava lá. Agradeci por me ensinar a amar o clube e que aquele título era nosso, estava guardado, já estava escrito.

Este foi o quinto título do Trem no campeonato profissional, o mais importante, porque eu estava lá.

Menção mais que honrosa para a torcida verde e branca do Independente, vocês são fodas, para que a turma do Trem tomem cuidado com essa taça.

Com chuva, raios e trovões o TREM É CAMPEÃO.

Dida é o melhor goleiro do mundo.

*Errata: no texto do primeiro jogo, por erro de digitação coloquei o placar de 1×1 o correto é 2×2.
**Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Ganso o ultimo 10 clássico do futebol brasileiro – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Não é de hoje que o futebol inspirado de Paulo Henrique Ganso chama a atenção dos amantes do futebol.

Desde quando apareceu no Santos, ao lado de Neymar a mais ou menos uns 10 anos atrás ou mais, Ganso tem sempre demonstrado uma categoria acima da média nos gramados.

Já foi apontado como solução para o meio campo da seleção, quase disputou uma Copa, a da África, mas por motivos sabe se lá quais não foi chamado. Talvez o mandatário achavam que Felipe Melo jogasse mais.

O tempo passou, camisas foram vestidas, teve Europa e a chegada ao Fluminense.

Ganso, passou por maus bocados, chegou cogitar se uma aposentadoria, disseram que o meia já estava cansado. Mero engano, os negacionistas terraplanistas da bola não esperavam que como um belo samba de Beth Carvalho, Ganso levantasse a poeira e desse a volta por cima.

Com a 10 do tricolor do Rio, suas partições em campo são divinas, seus passes e lances individuais levam a loucura a massa tricolor e enche os olhos dos que são amantes do jogo.

Ganso é sempre objetivo em suas jogadas, e não economiza em talento nas disputas de bola, coisa rara no competitivo futebol de hoje.

Como um meia ofensivo clássico, daqueles da estirpe de Didi, Gerson, Dom Romeo e Conca, Ganso vai escrevendo com linhas e boas atuações sua historia no Tricolor das Laranjeiras.

É sem duvida alguma um dos melhores em atividade no futebol brasileiro hoje em dia, coloca no bolso qualquer concorrente na sua posição.

Dribles curtos, passes rápidos e certeiros, não a toa o camisa 14 do Fluminense, um certo Cano é artilheiro do Brasil, e nisso o Fluminense de Diniz vai galgando espaços cada vez maiores na tabela.

Hoje tem Fluminense X Bragantino e se Ganso estiver inspirado como costumas é bom os marcadores do “massa bruta” estarem de olhos abertos, pois o bom futebol geralmente esta do lado vencedor.

2022 é ano de copa, caso não aja um hecatombe nuclear é mais que provável que Ganso esteja fora da lista mais uma vez, só posso dizer azar da Copa.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

PRAÇA FLORIANO DO AMOR NONATO – Por Fernando Canto

o lugar onde está a praça Floriano já fez parte do grande lago que existia no atual centro de Macapá, desde a época da construção da Fortaleza de São José. Mas como o tempo muda tudo, mudam-se as feições, as formas e o jeito de ser da nossa cidade. Os costumes se modificam e a vida segue seu curso em constante transformação.

No caminhar pelos passeios da Floriano, cada passo faz brotar uma flor tingida de emoção pela presença musical do violão encantado do mestre Raimundo Nonato de Barros Leal. Leal mesmo, pois a vida toda ele abriu a janela dos seus olhos para abraçar e amar esta praça, e fez dela sua musa. Mas para amar este lugar é preciso exercitar o olhar por meio dos seus olhos d’água borbulhantes do fundo do lago, aprender a ouvir o trinado do instrumento do velho violonista e saber que cada nota pousa e voa, voa e pousa sobre as folhas do aningal que precedeu a praça. É um trabalho árduo para os que se aventuram no amor.

Memoráveis os dois – o lugar e o homem – as vezes nutrem-se de silêncio só para escutar a música da vida da cidade. Olha, que para ser memorável, um lugar precisa ter a admiração de quem o visita ou o circunda. E isso aqui é inevitável, pois a praça é bela desde a luz da manhã equatorial aos mistérios do brilho da noite. E sobre ela, a praça, ecoa, como o som da chuva, a magia das notas plangentes do violão do Nonato, assim como uma marca identitária do bairro do Trem.

Agora que os tapumes caíram e o olhar desoprimiu a paisagem, chove sobre todos o compromisso de reverenciar o trabalho e o lazer dos que amam este lugar, porque um lugar sem cuidado morre, sem lembranças não se identifica e sem amor sua existência não teria sentido. E o amor faz perdurar a riqueza de nossa memória coletiva, da nossa alma macapaense onde se integram, por ele, a música do Nonato e a beleza da praça.

*Este texto foi escrito para a reinauguração da Praça Floriano Peixoto no dia 04 de fevereiro de 2017 e está impresso em um dos três totens do lugar, no da rua Jovino Dinoá. Continua, então, a homenagem ao querido Nonato Leal, que daqui a alguns dias fará 90 anos de idade, sendo que 80 deles dedicados ao violão. VIDA LONGA AO MESTRE E ÍCONE MUSICAL DO AMAPÁ! (F.C.).

**Fotos encontradas nos blogs da Alcilene, Porta Retrato e Vanguarda Cultural e uma do fotógrafo Floriano Lima.

Discos que formaram meu Caráter (Parte 52) – Replicantes … “O Futuro é Vortex”  (1986) – Por Marcelo Guido

Salve moçadas esperta, amantes do rock and roll e afins, o viajante dos discos, notas solos e riffs está de volta como prometido trazendo mais uma belo disco,  mais um singular artefato sonoro que de certo mudou vidas e ao menos colocou pra poguear e dançar uma única vez.

Falo sem mais nem menos de “O Futuro é Vortex”, álbum de estreia dos caras do Replicantes, palmas muitas palmas pra ele.

Na ativa desde 1983 a gauchada do Replicantes já estava dando o que falar lá pelas bandas do sul do país, a cena de Porto Alegre é realmente um verdadeiro celeiro de bandas boas e nessa época estava em verdadeira ebulição.

Os caras já botavam pra arregaçar no lendário bar Ocidente, já tinham gravado o clipe da maravilhosa “Nicotina” e estavam estouradíssimos na Ipanema FM e começavam a  chamar a atenção do restante do Brasil. Em 1985 os caras participaram da excelente coletânea “O Princípio do Nada”, quando mostraram um excelente e bem apimentado punk rock nacional, ou seja, já se fazia punk de qualidade no Brasil fora de São Paulo.

Chega o ano de 1986, o Rock estava com tudo nas rádios e nas cabeças libertárias da juventude nacional, Rock in Rio tinha rolado um ano atrás , o país era governado pelo vice Sarney, o Tancredo tinha remado pra beira, um gosto de mudou mas nem tanto já pairava no ar, mas rock ainda encontrava um celeiro farto para continuar na crista da onda e dominar as paradas.

Neste contexto, os caras da banda conseguem um contrato com a RCA e se mandam para São Paulo, a Meca do Punk no Brasil e entram em estúdio para registrar pela primeira vez um disco e assim se deu o nascimento de “O Futuro é Vortex”.

Sem mais delongas vamos dissecar a bolacha:

O disco começa com nada mais nada menos que “Boy do Subterrâneo”, o encontro com a mudança na vida de todo jovem. “Surfista Calhorda”, a vil e estruturada farsa da juventude bem nascida, foi barrada pela banda no disco de covers do Lobão, ponto pra eles. “Hippie Punk Rajneesh”, uma crítica ao status quo que a sociedade impõe para todo mundo. “One Player”, opinião que se tem, você faz suas escolhas. “ A Verdadeira Corrida Espacial”, a dúvidas das incertezas que se colocam presentes na vida, pra onde vai o mundo. “O Futuro é Vortex”, imponente não a toa dá título ao disco. “Choque”, a desilusão com tudo que acontece na vida, nada mais punk que um choque de realidade. “ Ele quer ser Punk”, a vontade de destruir e reconstruir tudo. “ Motel de Esquina”, uma história de amor. “ Mulher Enrustida”, os desafios e as decepções da noite “ Hardcore”, bem explicativa, o mundo que morra. “ O Banco”, o assalto que sofremos. “ Censor”, a busca por justiça contra quem nos amordaçava. “Porque  Não”, uma crítica coesa a música brasileira.

Puta que pariu, um pouco mais de meia hora de uma verdadeira aula de rebeldia que todo mundo precisa, letras coesas e instrumental mais que bem trabalhado (contém demais ironia). Medalha de ouro para esta puta míssil sonoro. Eleito pela Rolling Stone o oitavo melhor disco de punk rock Tupiniquim. Se tu não conheces, tua medalha de foda corre um sério risco.

Wander Wildner, Claudio e Heron Heinz e Carlos Gerbase simplesmente conceberam uma verdadeira obra prima que deveria ser exibida nas escolas. Visceral, humano e cru como um verdadeiro disco punk.

Conheci essa bolacha ali por 94 ou 95, tinha lá meus quatorze pra quinze anos e realmente foi um estouro na minha cabeça de moleque, que na época recém saído das asas já estava nas ruas sendo um punk. Realmente foi uma época de muito aprendizado nas  universidades da vida.

Ainda hoje quando  vejo o pessoal da Stereo Vitrola (excelente banda) fazendo um cover contundente de “Surfista Calhorda”, ou vejo o Renato Punk um Wander Wildner Tucujú ( com uma personalidade estética similar mas diferente, os fodas vão entender) eu lembro dessa época.

O “Futuro é Vortex” é um disco essencial para quem se mete a entender o Rock Nacional, atemporal soa como se Ramones tomassem chimarrão e tomassem cerveja polar.

Vida longa ao Punk Rock.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Ah, o Futebol – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

Catarse imensa da vida, 90 minutos que decidem quem é herói ou vilão. A cada partida uma história de glória, tristeza ou as duas. Rivalidade imersa em um amor desigual por bandeiras, cores e símbolos, o futebol é a mágica essência da humanidade.

Os deuses da bola brincam com sentimentos humanos, que são os mais obtusos, a raiva se limita ao fulgor do alívio exacerbado de gol. Uma virada heroica no campo adversário.

Levantar um troféu e aplaudir um lance que desafia física. A perfeição de um passe que rasga o gramado verde e encontram atacantes ávidos por fazer sorrir quem torce a favor.

Desavisados, mal amados dizem ser “só um jogo”, se esquecem de que se trata do “Jogo”, não é esporte. Futebol não é exato, não é previsível, futebol é jogado.

Onze contra onze, levando nas costas a responsabilidade de fazer milhões sonharem, de construir um caminho rumo a vitórias, títulos e ao coração do torcedor, futebol é vida.

Um guarda metas que assegura com a própria existência  que a pelota não vai balançar suas redes, zagueiros duros como pedra, meio campo habilidoso, laterais corredores e atacantes com faro, a receita ideal para se seguir sorrindo.

A bola, a senhora de tudo, a donzela a ser disputada, que esteja sempre a nosso favor e que não se atreva nunca a entrar na baliza errada, que os ventos sempre a levem a área adversária e que nunca seja contra a gente.

O gol, o momento sublime de todas as realizações, não se tem registro maior de uma carga de adrenalina do que tal momento a ser gritado, aplaudido, comemorado ou sonhado.

O futebol une pessoas, para guerras, transforma vidas. Desafia a lógica e desmente os fatos.

Não tem favorito, dá crédito científico a superstição e banha em fé quem está presente.

Quatro linhas que delimitam o espaço, dois tempos de 45 e uma infinidade  de emoções postas a prova a cada ano, a cada rodada. Seja peleja, seja pelada seja o que for, nada é mais emocionante que uma partida de futebol.

19 de Julho é o dia nacional do Futebol.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Raí: o genial 10 do Morumbi – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

A lógica imponente que dois raios não caem no mesmo lugar não é respeitada pelos deuses da bola, seguindo esse preceito os ditos senhores celestiais do futebol concederam para outro membro da família Vieira de Ribeirão Preto o dom quase místico de jogar futebol.

E foi assim que Raí Souza Vieira de Oliveira, o irmão do Sócrates veio ao mundo, recheado de talento futebolístico e simplesmente predestinado a grandes conquistas.

Escreveu com muito talento uma história incrível com as camisas do Botafogo de Ribeirão, Ponte Preta e PSG da França, mas escalou o olimpo com o manto listrado tricolor do São Paulo Futebol Clube.

Alçado muito cedo aos profissionais do glorioso de Ribeirão, com apenas 15 anos já demonstrava o talento diferenciado no meio campo. Sua visão de jogo e domínio de bola o faziam se destacar perante seus companheiros, passes precisos que faziam com que a torcida não poupassem comparações com seu já famoso irmão, suas atuações chamaram a atenção dos dirigentes da Ponte Preta e já em 86 ele estreou no Brasileirão. Na volta para Botafogo durante o Paulistão de 87 marcou 3 gols contra Corinthians , tal atuação quase o fizeram a vestir a camisa alvinegra, o destino quis que o São Paulo o contratasse para o campeonato nacional de 87.

Sua chegada ao Morumbi foi cercada de expectativas, pois tratava-se de um jogador que já tinha mostrado seu talento, inclusive com uma convocação para a disputa da Copa América pela seleção Brasileira em 86, quando ainda atuava pela “Macaca”.

Em 89, veio o primeiro título com o São Paulo o campeonato paulista e uma campanha contundente no brasileirão, onde Raí era um dos destaques do time que foi vice-campeão do torneio, em 90 já consolidado como craque, Raí comandou o meio campo do tricolor que mais uma vez disputou a final do nacional. O título mais uma vez escapou, mas a chegada de Telê Santana já mostrava a nova colocação do jogador.

Se até a chegada do mestre Raí tinha marcado apenas 26 gols, atuando mais avançado marcou 28 apenas em 91, sendo 20 e no paulista os que lhe rendeu a artilharia da competição e o Titulo com direito a três gols na final contra o Timão, e após 2 anos consecutivos de derrotas em finais do nacional, o São Paulo com Raí como capitão levantou o troféu do Brasileirão.

Em 1992 um ano mágico tanto para o time como para o jogador, o gol que levou o São Paulo para a disputa de pênaltis na final da Libertadores da América foi marcado por ele, que ainda marcou o seu gol nas cobranças finais, resultado, mais de 120 mil tricolores que estiveram presentes ao Cícero Pompeu de Toledo, comemoram até o dia raiar.

Na final do Intercontinental, uma atuação de gala, como se estivesse jogando de terno, Raí garantiu o título mundial para o São Paulo, com dois gols, um de barriga , outro uma verdadeira pintura, de falta deixou boquiabertos os catalães do Barcelona. Melhor jogador da partida, capitão, o mundo era tricolor. Na volta para o Brasil, mais um troféu, o Raí e o São Paulo levantam pela segunda vez o paulistão, neste campeonato Raí marcou 5 só de uma vez contra o Norusca de Bauru (Noroeste).

Em 93, fez um dos gols na final da Libertadores o que lhe fez levantar mais uma vez o maior troféu das américas o São Paulo era bicampeão, vendido ao PSG ganhou o campeonato francês no seu ano de estreia, além de 2 vezes a copa da liga, 2 vezes a copa da França , 1 vez a supercopa e 1 vez a recopa europeia, 7 títulos, no período de 7 anos no solo francês, em 2020 foi coroado como o melhor jogador da história do Clube.

Pela seleção nacional, foi 10 da amarelinha na seleção tetracampeã, mas perdeu espaço e atuou como titular nas 3 primeiras partidas da campanha do tetra de 94, era o capitão até passar a braçadeira para Dunga.

Em 98, na sua volta para o Brasil, o caminho natural era Morumbi, ai um fato que só os maiores conseguem, Raí fez um gol e ganhou o paulista novamente contra o Corinthians , no dia que desembarcou em solo paulista, só os maiores fazem isso.

Seu faro de gol, sua excelente colocação na área o fizeram ser colocado na galeria dos maiores do futebol, é sem dúvida alguma no panteão maior de heróis tricolores ao lado com certeza de Ceni, Careca e Chulapa.

Foram 17 títulos em 16 anos de carreira, mas sem dúvida alguma foi o rosto que cunhou a história vencedora do São Paulo.

Raí é sem contradições um dos maiores jogadores que vi jogar.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

Sempre houve Rock And Roll… – Por @RicardoMacapa #DiaMundialDoRock

Não sou músico, mas adoro música, sobretudo a boa música, além da minha preferência pelo rock and roll. Então hoje falarei sobre música clássica… Bom, daí você perguntaria – O que tem isso a ver com o Rock ?? Tudo, eu respondo!

Na verdade, há muito de música erudita em várias canções do pop/rock. Isso muitos de vocês já sabiam ou perceberam, pois com certeza já ouviram arranjos sinfônicos clássicos orquestrados, ou não, em várias canções e apresentações de bandas maneiras como Pink Floyd, The Who, Queen, U2, Radiohead, Metallica e Coldplay… Só pra citar algumas.

Muitos dos meus amigos não curtem ou não conhecem música clássica. Acham o estilo enfadonho, repetitivo, e que só gente boçal, fresca e metida à inteligente é quem escuta este tipo de música (risos).

O que eu gostaria de propor aqui é um outro prisma nesta leitura/audição. Procurando perceber que há muito de rock and roll na “velha” música clássica… Quero iniciar a conversa, analisando algumas obras primas deste estilo enviesada no que conhecemos hoje como Rock ´n Roll (no que tange a quebras/rupturas, rebeldia e força).

Muitos compositores eruditos também tinham uma veia revolucionária, no contexto de seus tempos, seja nas questões política, social, filosófica ou mesmo em se tratando da própria música à época. Composições como “Cavalgada das Valquírias” de Richard Wagner, a Sinfonia Nº 9 de Ludwig Van Beethoven e “As Quatro Estações “ de Antônio Vivald são exemplos de quebra de paradigmas e propostas de mudanças nas composições clássicas (lembrando que naqueles tempos a mínima quebra já era considerada uma grande afronta) e que trazem consigo esse viés revolucionário do Rock (mesmo de forma inconsciente e atemporal) .

A “Cavalgada das Valquírias” é por si só uma apologia à força do Rock, tendo sido tema no Filme Apocalipse Now, na famosa cena da chegada dos helicópteros à praia, observem:

A 9ª Sinfônia de Beethoven (o qual concluiu esta magnífica obra quando já estava completamente surdo) por sua genialidade, grandiosidade e força para mim está equiparada a shows de rock como o Pulse do Pink Floyd…

“O Inverno” em “As Quatro Estações” de Vivald, que era conhecido pelo apelido de Padre Ruivo (por ser clérigo e de cabelos avermelhados) é o maior exemplo desta minha análise… Em seus 1º e 3º movimentos, mostra a força vibrante dos violinos equiparando-se a magistrais solos e distorções de guitarras de grandes nomes do Rock. Esta é minha estação do ano favorita quando o tema é “As Quatro Estações”…

Sei que o assunto é um tanto complexo para ser tratado apenas em linhas gerais neste texto. Quis aqui provocar um pouco o debate… E sei que este merece uma boa reflexão acerca, acompanhado de saborosas pizzas e cervejas estupidamente geladas no Bar do Francês (bons tempos com o Eltão, no Bar do Francês).

Para os amigos (as) que ainda não curtem música clássica, indico sempre começar por “As Quatro Estações” de Vivald. É como indicar Pink Floyd para um jovem que quer aprender a gostar de Rock (risos) !! E também indico as músicas elencadas aqui neste post… Espero que possam apreciar a música clássica por um novo olhar/audição daqui para frente…

Um abraço a todos, até a próxima e viva o Rock !!

Ricardo Ribeiro, amigo apaixonado por Rock’n’roll.